Para
o diretor executivo da Associação Brasileira dos Exportadores de
Carne ABIEC, Antonio Jorge Camardelli, além de flexibilização
dos embargos, o Brasil tem aproveitado o bom momento do mercado externo da carne
e continua sendo o maior exportador mundial. O País mantém
sua presteza e oferta no mercado internacional, condições que nenhuma
outra nação dispõe. Assim, por exemplo, o Brasil acaba
tendo condições de atender demandas pontuais como a do Irã,
que de repente precisa estocar carne temendo um embargo econômico imposto
pela ONU.
Esse expressivo aumento das exportações somente
foi possível graças aos ajustes internos no processamento da carne
produzida no País, que contornaram o problema e praticamente normalizaram
as vendas externas de carne bovina. As indústrias deslocaram a produção
de exportação para outras plantas, localizadas nas regiões
não afetadas pela febre aftosa, como é o caso de Goiás. O
processo de erradicação da febre aftosa já está em
fase de conclusão nos estados do Mato Grosso do Sul e Paraná e o
Brasil aguarda a aprovação da Organização Mundial
de Saúde Animal (OIE).
Camardelli entende que o saldo positivo
da incidência dos focos de aftosa foi a oportunidade da comunidade internacional
perceber que somos transparentes em relação aos nossos problemas
e limitações, e também pontuais com medidas que busquem encontrar
soluções. Porém, ele entende que ainda é preciso
muito diálogo para resolver questões como premiações
por qualidade e até mesmo uma maior responsabilidade do setor privado nas
questões sanitárias e de prospecção de mercados, bem
como seu atendimento.
Mas, apesar dos bons resultados do comércio
internacional de carne, o ano não começou bem para os pecuaristas
brasileiros. Com os custos de produção em alta e os preços
da arroba do boi praticamente estáveis, os produtores continuam perdendo
renda desde o ano passado. Pelo menos é o que alega o Fórum Nacional
Permanente da Pecuária de Corte da Confederação Nacional
da Agricultura e Pecuária do Brasil, na figura de seu coordenador geral
Antenor Nogueira.
Os Custos Operacionais Totais (COT) aumentaram 0,59%
somente em janeiro, enquanto o preço da arroba caiu 1% no período.
As máquinas e implementos agrícolas foi o principal item responsável
por este aumento nos custos dos pecuaristas, de 1,27% em janeiro. Desde janeiro
de 2006, as perdas acumuladas já chegam a 5,38%, enquanto o preço
da arroba praticamente estagnou nos 13 meses.
Traduzindo os números,
significa que a atividade perdeu 5,38% de margem bruta. Neste período,
o real valorizou cerca de 6% em relação ao dólar. Os custos,
em dólar, tiveram um aumento de 11,88%, enquanto os custos operacionais
efetivos (COE) da atividade pecuária cresceram 12,62%. O resultado
é uma redução na competitividade brasileira no mercado internacional,
conclui o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de
Corte da CNA. Argentina
registra queda As
exportações de carne bovina da Argentina registraram queda de 24,7%
no mês de fevereiro, no comparativo com o mesmo mês de 2006. Os números
foram divulgados hoje pela agência de inspeção de animais
e alimentos, a Senasa. As vendas de carne fresca, cortes da Cota Hilton e processados
somaram 26,53 mil toneladas no período e renderam US$ 81 milhões
a exportadores. O valor é semelhante ao apurado em fevereiro de 2006, para
o que contribuiu a elevação média de 23,3% nos preços
da carne.
Segundo a Senasa, a queda nas vendas reflete os limites impostos
pelo governo em sua política de contenção de preços
no mercado interno. Em 2006, as exportações de carne caíram
21,6%. A queda nas vendas externas também derrubou a produção
e os investimentos no setor. Só em 2006, os produtores argentinos reduziram
em mais de US$ 300 milhões, ou 33%, os investimentos em infra-estrutura,
pastagens, genética e fertilizantes, de acordo com a Sociedade Rural Argentina
(SRA).
Ainda segundo a SRA, a produção caiu a 3,13 milhões
de toneladas, 3% a menos do que 2005. As informações são
da Dow Jones. A Rússia liderou as importações, com 10,88
mil toneladas, no primeiro bimestre. Chile, com 7,38 mil, e Israel, com 5,80 mil,
vieram na seqüência. Tendência
de expansão De
acordo com levantamento do setor produtor de carne, em 2030 os países emergentes
vão consumir 350 milhões de toneladas de carne bovina contra 100
milhões dos países desenvolvidos. O Brasil, que já é
o maior exportador do segmento, deve ocupar um papel essencial neste mercado.
O mundo precisa do Brasil para comer, diz o presidente da ABIEC, Marcus
Vinícius Pratini de Moraes. A tendência, segundo o dirigente é
que as exportações aos árabes continuem a aumentar.
Os países em desenvolvimento vão ser os grandes consumidores
de carne bovina nos próximos anos. Em 2030, enquanto os países desenvolvidos
estarão consumindo um pouco mais de 100 milhões de toneladas de
carne bovina por ano, os em desenvolvimento vão demandar cerca de 350 milhões
de toneladas. Os dados foram apresentados em março pelo presidente da Associação
Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Marcus Vinícius
Pratini de Moraes, em encontro promovido pela Câmara de Comércio
e Indústria Japonesa no Brasil, em São Paulo.
Segundo Pratini,
"cada vez mais o Brasil vende carne em mercados não tradicionais".
Os países árabes fazem parte desta lista e têm aumentado sistematicamente
as suas compras. O presidente da ABIEC apresentou no encontro também os
números das exportações de carne do mês de fevereiro.
As exportações de carne in natura cresceram 84,43% em valor, para
US$ 280,5 milhões, e 62% em volume, para 115,3 mil toneladas. Já
as vendas de carne industrializada ficaram em US$ 55,5 milhões, crescimento
de 23,2% sobre o mesmo mês de 2006, com volume de 16,1 mil toneladas e alta
de 20,7%.
O Egito foi o segundo maior importador de carne bovina brasileira
in natura e o sexto em carne industrializada. "A nossa tendência é
continuar e ampliar as exportações para os países árabes",
afirmou Pratini em entrevista à ANBA após o encontro. A Argélia
foi o décimo maior importador da carne bovina in natura brasileira e a
Arábia Saudita o décimo segundo. Em carne industrializada, os sauditas
foram o décimo terceiro. "Até 2030 vai crescer pouco o consumo
de carne na Europa, Japão, Estados Unidos, e vai crescer muito nos países
emergentes", afirmou o presidente da ABIEC.
Em função
desta demanda do mundo emergente, os frigoríficos brasileiros estão
correndo atrás de desbravar mercados nestas regiões. Nos Emirados,
por exemplo, a Abiec participou em fevereiro de uma feira, a Gulf Food, em Dubai,
e promoveu também um churrasco para autoridades locais e importadores.
Pratini vem reforçando, nos eventos que participa, a importância
do Brasil como fornecedor mundial de alimentos. "O mundo precisa do Brasil
para comer", afirma o presidente da Abiec. "Nós temos terra,
tecnologia, água e capacidade empresarial".
A carne brasileira
está presente em todos os mercados do Golfo. Em Dubai está em todos
os restaurantes e hotéis. Há inclusive cozinheiros brasileiros fazendo
churrasco em Dubai. Há chefs brasileiros em dois dos grandes hotéis.
E o churrasco brasileiro também está se disseminando bastante naquela
região. Pratini acredita que a relação que o Brasil tem hoje
com os países árabes, em particular a região do Golfo, é
uma relação muito construtiva, muito positiva. Nós
temos recebido a visita deles aqui com freqüência. Nós temos
um programa de absoluto respeito aos princípios halal de abate, que é
periodicamente auditado. É um bom mercado, avalia. |