O
resultado de 2,9% do PIB brasileiro ficou muito aquém do crescimento da
economia mundial, estimado em 5,1% pelo FMI, bem como muito inferior à
média de 4,9% de 18 países selecionados da América Latina
e a média de 5,5% de 34 países emergentes selecionados.
Os
destaques positivos do PIB de 2006 foram: i)
o consumo das famílias, que cresceu 3,8% em 2006 e já acumula 11,4%
no triênio 2004-2006, portanto, recuperando-se do tombo sofrido em 2003:
-1,5%; ii)
os investimentos (FBKF) que cresceram 6,3% em 2006 e acumulam alta de 19,8% no
triênio 2004-2006, recuperando-se do tombo sofrido em 2003: 5,1%.
Os
destaques negativos, por sua vez, ficaram por conta do consumo do governo, que
cresceu 2,1% e acumula apenas 3,8% no triênio 2004-2006, bem como a demanda
externa, que revelou forte queda no ritmo de crescimento das exportações,
que passou de 11,6% em 2005 para 5% em 2006, e a forte aceleração
do ritmo de crescimento das importações, que passou de 9,5% em 2005
para 18,1% em 2006, praticamente anulando os dividendos gerados pelas exportações
no quadriênio 2003-2006 (X = +50,7% e M = +45,2%). BRASIL
NUMA COMPARAÇÃO INTERNACIONAL DEIXA A DESEJAR... Numa
comparação entre o desempenho da economia brasileira e grupos de
países selecionados, como Emergentes, Desenvolvidos e países da
América Latina, o resultado é desapontador, visto que o país
fica entre as últimas colocações nos rankings comparativos.
Isso mesmo o país devendo permanecer entre as dez principais economias
do mundo e a principal da América Latina nesse ano de 2006, em termos de
volume financeiro em dólares.
Na
América Latina, repetindo o que ocorreu em 2005, o Brasil só deve
superar o Haiti, que mesmo em guerra civil tem uma expectativa de crescimento
de 2,3%, segundo estimativas do FMI. A média de crescimento do PIB da região
esperada para este ano é de 4,9%, ou dois pontos percentuais acima da registrada
pelo Brasil.
Na
comparação com 34 países emergentes selecionados, o Brasil
deve amargar a última colocação, sendo superado pelo Paraguai.
Enquanto o Brasil registrou crescimento de 2,9%, a média dos emergentes
selecionados deverá ficar em 5,5% em 2006, segundo dados estimados pelo
FMI.
Numa comparação um pouco mais "equilibrada",
porém não justa, o PIB brasileiro só conseguiu superar, e
ainda de forma moderada, a média de crescimento de 2,8% de 21 países
desenvolvidos selecionados, sendo que 9 desses países devem apresentar
taxa de crescimento superior aos 2,9% do Brasil (vide quadro anexo). OS
PROBLEMAS SÃO CRÍTICOS E O CRESCIMENTO PERMANECE PÍFIO... O
pífio crescimento do PIB brasileiro em relação aos demais
países, em um momento de ambiente internacional favorável, com ausência
de crises externas e a economia mundial crescendo de forma muito vigorosa (5,1%),
confirma inequivocamente que o problema é de gestão doméstica.
Nos
últimos anos, o Brasil não tem sofrido interferências externas
como ocorreu em 1997, 1998 e 2001, no entanto, continua registrando baixos níveis
de crescimento econômico. Esse comportamento do PIB brasileiro, em um contexto
extremamente benigno, evidencia ainda mais a falta de planejamento da administração
pública, bem como reflete a frágil e conturbada política
econômica, com prática de elevados gastos fiscais e baixos níveis
de investimentos, além de uma política monetária extremamente
restritiva ao investimento privado no setor produtivo, em decorrência da
redução da taxa de juros a conta-gotas que preserva a taxa de juro
real em níveis ainda muito elevados (8% ao ano, contra média mundial
em torno de 4%). APESAR
DOS FATOS, NEM TUDO ESTÁ PERDIDO... Mesmo
o país tendo, recorrentemente, registrado resultados decepcionantes de
crescimento econômico, ainda é possível vislumbrar dias melhores.
O país praticamente quebrou a espinha dorsal da inflação
e tem preservado o poder de compra do trabalhador brasileiro, fato que alimenta
o combustível do motor do crescimento econômico: o consumo das famílias,
que representa aproximadamente 60% da composição do PIB pela ótica
da demanda.
Aliada
à recuperação da renda e do emprego nos últimos dois
anos está a forte evolução do mercado de crédito.
Na medida em que a taxa de juros cai, reduzindo a atratividade dos investimentos
em títulos públicos, mais as instituições financeiras
serão forçadas a avançar no mercado de crédito, entrando
em níveis de tomadores de crédito não contemplados nos planejamentos
financeiros, em decorrência aos altos riscos de inadimplência.
Ou
seja, a forte evolução observada no mercado de crédito nos
últimos anos deve não só permanecer nos anos entrantes, bem
como deverá ter seu fôlego revigorado em algum momento do tempo,
estimulando, portanto, os setores relacionados diretamente aos bens de consumo
duráveis e semiduráveis, que geralmente sua aquisição
é realizada através de financiamento.
A divulgação
do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento, não é
a solução dos problemas, porém ao menos reascende a discussão
do crescimento econômico, que estava esquecida pela ansiedade na obtenção
do controle inflacionário que dominou acadêmicos e especialistas
nas últimas décadas, mas que já não é mais
uma preocupação primordial.
As
expectativas para os próximos três e cinco anos são boas.
Contando com mais um pouco de sorte, no que diz respeito ao cenário internacional
ainda benigno, há grande possibilidade do Brasil apresentar taxas de crescimento
superiores a 4% ao ano. Isso porque, mesmo que de forma duvidosa, a tendência
para a taxa de juros é de queda para os próximos anos, incorrendo
em maior competitividade entre as opções de investimentos no mercado
financeiro e as opções no setor produtivo. Ademais, o quadro prospectivo,
tanto para taxa de inflação quanto para investimentos e consumo,
é otimista, impondo, portanto, maior dinâmica ao crescimento econômico.
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