Quilombolas
de Caçandoca recebem equipamentos para produção de açaí.
Medida visa auxiliar na conservação do palmito Jussara nativo na
região. Equipamentos para a produção do açaí
com a polpa do fruto da palmeira Jussara já foram comprados para implantar
o programa de aproveitamento e conservação do palmital no território
concedido à Associação dos Remanescentes da Comunidade do
Quilombo Caçandoca, em Ubatuba, SP. Agora é só esperar o
tempo da colheita, previsto para abril. O convênio, firmado em novembro,
é uma parceria entre a Superintendência Regional do Incra em São
Paulo e a Associação. |
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Com
isso, os moradores terão como alternativa de renda a produção
agroecológica da polpa do fruto da palmeira Jussara, que permitirá
ao mesmo tempo recuperar as áreas degradadas. Dez pessoas da comunidade
trabalharão desde a colheita até a comercialização.
Dona Aldacir Leonor Rosa Gaspar, de 50 anos, ficará na despolpadeira. Atualmente,
é faxineira numa casa de família no centro. Se tudo der certo,
vou dedicar mais tempo à comunidade, diz ela, que vai acumular mais
uma função.
O palmital não foi plantado, é
nativo da região e cresceu nestes 40 anos na disputa do terreno. Numa área
de 60 hectares, com 30 mil pés, a colheita será realizada uma em
cada quatro cachos produzido anualmente por pé adulto. Um pé produz
até cinco cachos na safra. Os cachos não colhidos servirão
para alimentação de pássaros e animais da mata. Cada cacho
pesa em média 8 quilos e dá cerca de cinco litros de polpa e ser
vendido a R$ 8 o litro. A previsão é produzir 40 mil litros de polpa.
O fruto, antes desperdiçado, tem grande aceitação
nas regiões sul e sudeste do Brasil, por seu valor nutritivo e por sua
função antioxidante. Cada cacho tem mais ou menos 700 sementes,
que serão plantadas no viveiro de mudas já implantado pelo convênio.
Se 30% das mudas vingarem, em cinco meses terão mais de 1 milhão
de mudas. O viveiro já tem mudas de abricó, caju, rosa e plantas
medicinais a serem usadas para sustento e comercialização.
Como as famílias ainda não contam com veículos adaptados
para subir e descer os morros, onde está o palmital, compraram dois jegues
para puxar a zorra (carreta) que serve de transporte para a matéria-prima.
O trabalho de despolpar, ensacar e congelar será realizado no centro comunitário,
onde estão localizadas a despolpadeira e a seladora.
O presidente
da associação, Antonio dos Santos, acredita que o local só
não se transformou em um condomínio fechado graças à
resistência das famílias quilombolas. Os quilombos ainda estão
na luta fazendo as coisas corretas, enquanto outros querem destruir, avalia.
Quanto ao convênio acrescentou que precisam de investimento e apoio dos
órgãos competentes. O projeto vai melhorar a vida das famílias,
completa. |