alimentação humana e animal, também para
produção de etanol, novidade que vem afetando
rapidamente oferta e demanda, provocando impactos na formação
de preços.
Com relação ao dólar, projeções
indicam que a moeda deve encerrar 2007 perto de R$ 2,2. Como
o plantio da atual safra de verão foi feito com o dólar
na casa dos R$ 2,15, a tendência é que nesta
temporada não haja descompasso nas cotações
no período de comercialização. A estabilização
do câmbio também fez o preço dos adubos
cair cerca de 20% e dos defensivos recuar aproximadamente
30%.
Além disso, o produtor a cada dia aprimora a gestão
da sua atividade, com estratégias de redução
de custos, maior eficiência operacional e nas negociações.
Exemplos são os pools para compra de insumos,
onde se consegue barganhar melhores condições
de pagamento, bem como o aumento das operações
no mercado futuro, o que contribui para melhor proteção
de preços.
Melhorar
gastos
Entretanto,
na avaliação do presidente da Sociedade Rural,
Cesário Ramalho, uma retomada sólida da agricultura,
que coloque o setor na rota de um crescimento mais perene
e sustentável, exige uma atuação mais
rápida e assertiva também por parte do governo
federal, especialmente, com relação ao destino
dos recursos orçamentários.
Na verdade, diz Ramalho, muito dos principais limitadores
da competitividade agrícola estão fora do segmento,
embora tenham relação direta com seu desempenho,
como é o caso dos fundamentos macroeconômicos
relacionados à taxa de juros, câmbio e tributação.
"Porém, pregar mudanças nesta tríade
é, por hora, cair no lugar-comum", ressalta.
O mesmo não se pode dizer, por exemplo, da infra-estrutura
logística, defesa sanitária e pesquisa rural,
áreas cruciais para o êxito do setor, mas que
se encontram em situação extremamente aquém
do mínimo considerado satisfatório. Segundo
Ramalho, são segmentos que com um direcionamento de
verbas públicas mais cuidadoso e adequado poderiam
apresentar melhores resultados, fortalecendo a competitividade
e diminuindo vulnerabilidades da agricultura.
No caso da infra-estrutura, os investimentos governamentais
somam apenas 0,15% do PIB, enquanto países como China
e Índia investem de 3% a 4% na área. Já
no que diz respeito à defesa sanitária, o Brasil
gastou em 2005 US$ 44 milhões, enquanto que Austrália,
Nova Zelândia e França, por exemplo, desembolsaram
US$ 140, US$ 47 e US$ 90 milhões, respectivamente,
aponta o estudo Repensando as Políticas Agrícola
e Agrária do Brasil.
Além disso, os recursos originalmente dirigidos à
defesa sanitária sofreram um corte médio anual
de 12% entre 2000 e 2005. Por sua vez, o mesmo relatório
diz que o orçamento da Embrapa diminuiu em 30% caindo
de R$ 1,4 bilhão para R$ 1 bilhão de 1996 a
2005.
Em contrapartida ao arrocho imposto a setores-chave da agricultura,
programas sem acompanhamento de resultados, como Pronaf e
assentamentos de reforma agrária tiveram aumento de
verbas. Para se ter idéia da diferença de tratamento,
segundo levantamento feito pelo jornal Valor,
a partir de dados do Siafi (Sistema de Acompanhamento de Gastos
Federais), o Ministério do Desenvolvimento Agrário
(MDA) contou com R$ 3,6 bilhões em 2006 frente a R$
828 milhões destinados ao Ministério da Agricultura.
O Pronaf, que fica sob a tutela do MDA, recebeu mais de R$
11 bilhões entre 2000 e 2005.
"O setor produtivo rural é obviamente favorável
a políticas de inserção às cadeias
produtivas agrícolas, mas desde que haja acompanhamento
dos gastos, que viabilizem a medição do retorno
do dinheiro público aplicado", destaca Ramalho.
De acordo com o presidente da SRB, com a análise destes
dados é possível constatar que o governo tem
sim boa parcela de responsabilidade no tocante à crise
que se abateu sobre importantes setores agrícolas.
"Ao cortar recursos de áreas que formam o alicerce
do setor, ao demorar na liberação de verbas
para auxiliar na comercialização e ao não
compreender que somente tendo condições para
produzir é que o agricultor saldará suas dívidas,
o governo minou a competitividade da agricultura".
Para Ramalho, é imperativo que o governo reveja seu
planejamento de gastos priorizando agora investimentos para
as áreas citadas acima, bem como o seguro rural, que
beneficiem a agricultura como um todo, ela sim o agente multiplicador
de oportunidades, renda e desenvolvimento para o País.
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