A
Embrapa coordenará a pesquisa Validação
do potencial antimicrobiano de proteínas de defesa
vegetal contra fungos patogênicos de soja e algodoeiro.
O projeto foi aprovado no Macroprograma 3 do Sistema Embrapa
de Gestão, sob a liderança da pesquisadora Marilia
Santos Silva. As outras unidades da Embrapa participantes
do projeto são Embrapa Soja e Embrapa Recursos Genéticos
e Biotecnologia.
A pesquisa abrirá perspectivas para o controle de fungos
em soja e algodoeiro. Dentre as doenças de plantas,
as fúngicas são as que causam maiores perdas
agronômicas e econômicas no Brasil e no mundo.
No algodoeiro, destacam-se as grandes perdas de produção
resultantes de infecção pelos fungos causadores
da ramulose (Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides)
e ramulária (Ramularia areola). Na soja, grandes perdas
são provocadas pela ferrugem asiática (Phakopsora
pachyrhizi), podridão branca da haste da soja (Sclerotinia
sclerotiorum) e podridão vermelha da raiz ou síndrome
da morte súbita da soja (Fusarium solani f. sp. glycines
ou Fusarium tucumaniae).
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Como
ainda não existem variedades de elevado potencial agronômico
com resistência durável a essas doenças,
elas se tornam limitantes na maioria das regiões produtoras
do Brasil. Dada a importância econômica e a dificuldade
de controle satisfatório pela aplicação
de fungicidas, os fungos que provocam essas doenças
foram selecionados para a pesquisa.
A pesquisadora Marilia Silva explica que para defender-se
de ataques de patógenos, as plantas produzem proteínas
antimicrobianas de defesa denominadas defensinas e osmotinas.
São justamente essas duas classes de proteínas
antifúngicas que terão suas atividades antimicrobianas
testadas contra os referidos fungos. Os genes de defensinas
e osmotinas vegetais já estão isolados e seqüenciados.
Estão disponíveis oito genes de defensinas provenientes
de girassol, ervilha e café e 14 genes de osmotinas
da invasora maria pretinha, de jiló e café.
Esses genes serão clonados e expressos em vetor de
levedura. As proteínas expressas em levedura serão
purificadas e usadas em bioensaios contra os fungos que provocam
as doenças em soja e algodoeiro.
A expectativa da pesquisadora da Embrapa Cerrados é
selecionar pelo menos dois genes de defensinas e dois de osmotinas
testadas contra os cinco fungos. Estes genes poderão
ser eventualmente usados em transgenia de algodoeiro e soja,
para geração de resistência genética
a essas doenças fúngicas. Isto poderá
levar a uma diminuição do uso de fungicidas
químicos e conseqüentemente contribuirá
para a maior sustentabilidade econômica e ambiental
da produção de soja e algodoeiro e menores riscos
a saúde de trabalhadores rurais.
Os genes antifúngicos identificados durante a execução
do projeto, que tem duração de dois anos, ainda
poderão ser eventualmente testados contra patógenos
relevantes de cana, milho, maracujá, feijão,
dentre outras culturas agronomicamente importantes para as
quais já existam técnicas estabelecidas de transgenia.
Marilia Silva ressalta que o fato das defensinas e osmotinas
usadas serem de origem vegetal representa uma vantagem de
biossegurança na transgenia. Os clones em levedura
de defensinas e osmotinas são também um legado
instrumental importante deste projeto, pois poderão
ser usados em pesquisa básica para desvendar os mecanismos
de ação ainda obscuros destas proteínas
antifúngicas.
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