A
cebola contém 87,5% de água e apresenta a seguinte
composição por 100 gramas de material fresco:
49 calorias, 1,4 mg de proteína, 32 mg de cálcio,
20 U.l. de vitamina A, 12 mg de ácido ascórbico,
0,12 mg de vitamina G, 0,03 mg de vitamina Bi e 0,1 mg de
niacina.
Sementes
Para
esse fim, as cebolas são colhidas bem maduras, e, depois
da cura, rigorosamente selecionadas, isto é, são
colhidos bulbos arredondados e não perfilhados. Apenas
bulbos perfeitos, firmes e com as características da
variedade, serão reservados. Aqueles de segunda, cujo
diâmetro transversal varia de 40 a 55 mm, quando bem
escolhidos, dão ótimos resultados.
O trabalho de restiar é o comum, sendo as tranças
amarradas em grupos de quatro e dependuradas em travessas
de madeira roliça, distanciadas em 1 m, até
a cobertura do galpão, ficando cada série á
distância de 1 m, da seguinte.
Nesses varais, elas se mantêm relativamente perfeitas
até meados de abril ou princípios de maio, época
de plantio. As podres vão sendo retiradas, através
de inspeções freqüentes. Os galpões
precisam ser amplos, secos e bem ventilados.
Pode-se também dispensar o restiamento, sendo os bulbos
armazenados em estrados ou tabuleiros, em galpões bem
ventilados, com duas camadas de bulbos, no máximo,
a fim de favorecer sua conservação.
A gleba de terra escolhida para plantio dos bulbos deve ser
bem isolada de outras culturas de cebola, porque essa planta
se cruza com facilidade. Uma distância mínima
de 2 Km assegura o isolamento do campo.
Não será exagero recomendar que o campo de produção
de semente seja distanciada do campo de produção
de muda, porque neles sempre aparece certa porcentagem de
hastes florais prematuras que iriam comprometer o valor das
sementes colhidas.
As baixadas férteis e enxutas, em geral, não
dão boa produção de sementes, apresentando,
ainda, a desvantagem de serem muito sujeitas a ataque de moléstias.
Por isso, terras de meia encosta com possibilidade de irrigação
por infiltração, são as mais recomendáveis.
O preparo da terra é idêntico ao usado na obtenção
de bulbos, variando só a distância de plantação.
O espaçamento a ser empregado deverá ser o seguinte:
para duas linhas distanciadas de 0,80 m, deixar um caminho
de 1,50 m, afim de facilitar os tratos culturais, principalmente
as pulverizações. O espaçamento entre
as plantas será 0,10 m.
Para terra de mediana fertilidade, dependendo de sua análise,
a adubação poderá ser a seguinte, por
metro de sulco:
-
Esterco curtido de curral 5 quilos
- Superfosfato (20% P2O5) 100 gramas
- Cloreto de potássio (60% K2O) 20 gramas
- Nitrocálcio (20% N)40 gramas
Tais adubos serão aplicados nos sulcos, 8 a 10 dias
antes do plantio dos bulbos, á exceção
do Nitrocálcio, que será aplicado em cobertura
aos 30 e 45 dias após o plantio, metade da dose em
cada aplicação.
O Nitrocálcio poderá ser substituído
por sulfato de amônio (20% N) ou por salitre do Chile
(15,5% N), levando-se em conta o teor em N.
Três meses após, quando já estão
desprovidas de folhas, convêm chegar terra às
plantas, a fim de aumentar-lhes a estabilidade, pois as hastes
florais chegam a alcançar mais de 1 m de altura.
O plantio dos bulbos deverá ser efetuado de fins de
abril a princípios de maio. Cerca de 6 meses depois
do plantio dos bulbos, dá-se o início das colheitas,
que se prolongam por 40 ou 50 dias.
A média de produção é de quatro
a cinco inflorescência por pé, chamadas cachopa,
no Rio Grande do Sul, e em S.Paulo, sendo umbela o nome certo.
Numa cultura normal, considera-se boa uma produção
de sementes equivalente a 10% do peso dos bulbos plantados.
Efetua-se a colheita quando cerca de 40% dos bulbos estão
se abrindo. Nesse ponto, a umbela de desprende com facilidade,
bastando puxá-la com a mão. São, então,
colhidas em sacos e depois espalhadas em galpões ventilados,
em camadas de 7 a 8 cm, devendo ser revolvidas uma vez por
dia.
No caso de pequenas quantidades, estando secas, são
postas em sacos e cuidadosamente batidas com pau roliço.
Para facilitar um revolvimento perfeito e evitar que se rompam,
os sacos não devem levar mais de um terço da
sua capacidade.
As sementes que caírem dos frutos durante a secagem
das umbelas, serão peneiradas, assim como as que foram
batidas no saco.
Para grandes quantidades de sementes, existem máquinas
que efetuam o beneficiamento completo.
Germinação-índice.
É imprescindível conhecer o valor germinativo
das sementes, tanto colhidas como compradas. Para tanto, faz-se
o seguinte:
- Em um recipiente ou caixa de madeira com altura máxima
de 5cm, coloca-se areia bem limpa, até a metade;
- Sobre a areia coloca-se um pedaço de mata-borrão,
com cem sementes tiradas ao acaso do saco em que estavam guardadas;
convém desinfetá-las, para evitar o desenvolvimento
de bolores, que inutilizariam a experiência;
- Encharca-se o conjunto com água limpa, mas de modo
que não fique água acumulada no fundo do recipiente;
- Cobre-se o recipiente com um pedaço de vidro, deixando-se
pequena abertura para entrada de ar, ou com um pano esticado;
- Toda manhã, efetua-se nova irrigação,
tendo o cuidado de não tocar ou movimentar as sementes.
Quatro ou cinco dias após, começa a germinação.
Vai-se, então, diariamente, retirando e contando as
sementes germinadas, até o décimo dia. Pela
contagem total das germinações fica-se conhecendo
a porcentagem de germinação das sementes; considera-se
boa uma germinação acima de 70 %.
Plantio
A
cebola, para produzir bem, durante seu crescimento prefere
temperaturas amenas e, por ocasião da formação
dos bulbos, temperatura mais elevada. Chuvas bem distribuídas,
durante toda a fase de desenvolvimento, e um período
seco, depois que os bulbos já estão formados.
Essa é a razão de a cultura, no início,
ter-se concentrado na zona sul do Estado, onde chove mais
no inverno e menos no verão, como no Rio Grande do
Sul.
Além disso, na primavera e no verão, no Estado
gaúcho, os dias são longos e quentes, formando
um conjunto de fatores favoráveis à boa formação
dos bulbos.
Pelo exposto, fácil é deduzir que a cebola só
pode ser cultivada, economicamente, em São Paulo, num
período restrito, que vai de março a meados
de outubro. As semeações de fevereiro, época
chuvosa e muito quente, são perigosas, sendo comum
à perda das sementes, pelo excesso de umidade, ou a
inutilização das plantinhas, logo após
o nascimento, pela manifestação de moléstias.
As plantas originárias da semeação desse
mês apresentam hastes muito grossas, que não
tombam com o amadurecimento do bulbo, dificultando, assim,
não só a colheita como, também, a operação
de restiamento. Há, ainda, duas outras desvantagens:
os bulbos mostram-se recobertos por películas muito
espessas, que lhes dão um mau aspecto externo, e as
plantas ficam com acentuada tendência de emitir pendão
floral, comprometendo o aspecto interno dos bulbos.
A experimentação tem demonstrado que, tanto
no Planalto Paulista como em regiões mais altas, a
produção decresce nas semeações
de abril, sendo muito reduzida em maio.
Semeando tarde, a planta se desenvolve pouco, apresentando
bulbos pequenos, além dos chamados charutos - cebolas
compridas, como o alho-porro. Quanto mais tarde a cebola for
semeada, mais curto será o ciclo. Com a semeação
em princípios de março, a planta terá
desenvolvimento normal, evitando-se o perigo das chuvas de
verão, porque a colheita será nos dias da primavera.
Se a fase de máximo desenvolvimento dos bulbos coincidir
com forte calor e chuvas demoradas, o prejuízo é
certo, pois a planta entrará, desde logo, no segundo
ciclo, emitindo folhas e raízes novas. Dessa forma,
as cebolas não amadurecem porque, para tanto, são
indispensáveis a morte das raízes, e o murchamento
da parte aérea.
Se forçarmos a colheita, prejudicaremos a qualidade
do produto, pela falta de uma cura perfeita, com perda das
características das cebolas amadurecidas em condições
normais: cor brilhante e aspecto quebradiço das películas
exteriores. Nesse caso, todavia, a fim de evitar danos totais,
é aconselhável apressar a colheita, mesmo com
a queda do valor comercial do produto, que deve ser de consumo
imediato.
Como as plantas colhidas assim possuem hastes muito grossas,
o trabalho de restiamento é facilitado com o destalo:
corte longitudinal das hastes, com um canivete, e retirada
da parte central. Com um pau roliço, dá-se uma
pancada na haste, colocada sobre um tronco de madeira: as
folhas centrais se destacam com facilidade, dando bons resultados.
São recursos de emergência, empregados por muitos
cultivadores, visando evitar prejuízo maior. Colhem
bulbos ainda verdes, para chegar mais cedo ao mercado, no
intuito de alcançar preços mais altos para o
produto.
Canteiro de Semeação.
A escolha do local e o preparo dos canteiros de semeação
são essenciais: nesse ponto, qualquer negligência
aparentemente sem importância poderá concorrer
para malogro do empreendimento, logo no início dos
trabalhos da cultura. O canteiro de semeação
precisa situar-se o mais próximo possível do
local escolhido para a plantação definitiva,
e não distante de fonte de água, para facilitar
as irrigações. O lugar deve ser pouco íngreme,
bem batido de sol e longe de árvores frondosas. Evitar
as terras encharcadas, ou mesmo úmidas, para fugir
à manifestação da mela, moléstia
comum em canteiros mal cuidados. No seu preparo, toda precaução
é pouca, visto que ele irá receber sementes
pequenas e delicadas.
O terreno escolhido será todo revirado a enxadão
e destorroado à enxada, para, em seguida, serem construídos
os canteiros, seguindo as linhas de nível do terreno.
Se a área for grande, haverá vantagem no emprego
do arado e da grade.
Quando o terreno apresentar certa declividade, é conveniente
a construção de uma valeta na parte superior
da série de canteiros, no intuito de evitar as enxurradas.
Os canteiros muito largos têm a desvantagem de obrigar
o operário a demasiado esforço para atingir-lhes
o centro, sem pisá-los. O ideal é 1,20 m, com
a largura útil de um metro, sobrando 10 cm de cada
lado, para os bordos.
Convém que sejam pouco mais altos do que o terreno,
para evitar enxurradas e facilitar o escoamento do excesso
de umidade, não além de 10 cm, porém,
nos terrenos comuns; caso contrário, ficaria sujeitos
a ressecamento. Só é recomendável maior
altura, nos terrenos úmidos ou em época chuvosa,
quando convém incliná-los, ligeiramente, para
evitar empoçamento de água da chuva.
O comprimento do canteiro pode variar muito; os muito longos,
contudo, dificultam a passagem de uma série para outra.
Um bom comprimento é 10m. A direção deve
ser sempre perpendicular ao declive do terreno.
Os canteiros serão separados por caminhos de 50 cm
de largura. A separação de duas séries
de canteiros precisa ter a largura mínima de um metro,
para facilitar a passagem de pessoas e de veículos
pequenos. Preparada a terra, espalham-se, por metro quadrado
de canteiro e pela superfície, 15 quilos de esterco
de curral fino e bem curtido, 150 gramas de superfosfato simples
e 30 gramas de cloreto de potássio, incorporando-os
à terra por meio de uma enxada. Com um ancinho, nivela-se
perfeitamente a superfície.
Os canteiros devem ter a superfície horizontal com
o objetivo de impedir o escoamento rápido da água
de chuva ou de irrigação do canteiro, irrigando-o
fortemente, a seguir. Não semear logo depois do preparo
do canteiro, a fim de dar tempo a que a terra se assente e
os adubos fiquem bem incorporados a ela. Decorridos oito dias
efetuam-se a semeação, quando se deve tratar
as sementes com um desinfetante.
Um método prático para realizar esse tratamento
consiste em colocar um pouco de desinfetante junto com as
sementes em um saco de papel, agitando fortemente e peneirando
sobre um papel: o excesso de desinfetante é guardado.
Semear o mais uniforme possível, em pequenos sulcos
transversais ao comprimento dos canteiros, com 1 a 1,5cm de
profundidade e distanciados de 10 cm. É conveniente
misturar um pouco de areia às sementes, para auxiliar
a semeadura. Sendo a areia clara e as sementes pretas, o operário
sabe, com precisão, onde elas caem. Se for bastante
prático, pode dispensar a areia. Cada metro quadrado
de canteiro levará mais de cinco gramas de sementes,
evitando-se, assim, que as mudas nasçam amontoadas
e raquíticas.
As vantagens que a semeação em linha apresenta,
sobre o sistema a lanço, também recomendável,
são estas: germinação mais uniforme,
insolação mais perfeita e arejamento mais adequado,
possibilitando, ainda, as capinas e escarificações,
o que seria quase impossível no sistema a lanço.
Haverá, em conseqüência, produção
de mudas mais fortes, com menor perigo de manifestação
de pragas e moléstias.
Um sistema prático para a semeação consiste
em colocar, sobre o canteiro de semeação, um
marcador de linhas confeccionado da seguinte maneira: tomam-se
três tábuas de 1,50m de comprimento, unidas por
sarrafos do lado de cima, no sentido transversal ao comprimento
delas. Na parte das tábuas que irá assentar
sobre os canteiros, serão colocados, distantes entre
si de 10 cm, sarrafinhos de seção trapezoidal,
com estas dimensões: base maior (que será colocada
junto às tábuas) = 2 cm; base menor (que formará
o sulco de semeação em profundidade) = 0,5cm,
e altura (que dará a profundidade do sulco) = 1cm.
O marcador é colocado na cabeceira de um dos canteiros
e calcado com o peso de um homem. Para facilitar-lhe o manejo,
pode-se colocar, em sua parte superior, duas alças,
uma de cada lado no sentido do comprimento das tábuas.
Ficarão, portanto, demarcadas, quinze linhas para semeação,
distantes entre si de 10 cm. A seguir, o marcador é
mudado para frente, e outras linhas ficarão demarcadas.
Assim, a operação de marcação
das linhas torna-se simples, perfeita e rápida. As
sementes são, então, cobertas, com terra do
próprio canteiro, e a superfície deste, com
uma leve camada de capim seco sem sementes ou palha de arroz.
Irrigar, de manhã e à tarde, até alguns
dias após a germinação, e, daí
em diante, só à tarde. Retirar a cobertura,
de uma só vez, a qualquer hora, se o dia estiver nublado,
ou à tarde, se houver sol, logo que a germinação
tenha início, o que se dará entre 5 e 7 dias
após a semeação.
Não abusar das irrigações nas vésperas
da transplantação, convindo mesmo suspendê-la
dias antes, para que as plantinhas se acostumem à vida
que terão no campo. Entretanto, deve-se irrigar copiosamente,
pouco antes do arrancamento das mudas, visando facilitá-lo.
Se, por quaisquer circunstâncias, as mudas não
apresentarem um aspecto muito satisfatório, haverá
vantagem no emprego de uma solução nutritiva,
que poderá ser obtida com a dissolução
de um grama de Salitre do Chile e um grama de Superfosfato,
por litro de água. Irrigam-se os canteiros com cinco
litros por metro quadrado dessa solução, e,
em seguida, com água, a fim de lavar bem as folhas.
Um grama de sementes de cebola possui cerca de trezentas sementes.
Para plantar um hectare, são necessários 900g
de sementes, com 80% de germinação. Não
será demais, no entanto, o emprego de um quilo de sementes
por hectare, a fim de possibilitar boa seleção
das mudas, por ocasião do transplante.
Em condições normais, elas estarão prontas
para serem transplantadas de 40 até 80 dias depois
da semeação. Antes dos 40 dias, terão
hastes muito finas, não suportando a transplantação.
Depois dos 80, já um tanto engrossado, em início
de formação de bulbos, sofrerá maior
choque com o transplante, o que acarretará queda de
produção por área.
As mudas de 40 dias somente poderão ser empregadas
nas pequenas culturas, onde os cuidados dispensados às
plantas podem ser maiores, pois com essa idade, as hastes
são muito finas, não passando em geral, de 3mm,
sendo, também, reduzido o número de raízes,
que não vão além de dez.
Dos 50 aos 80 dias, as mudas poderão ser utilizadas
nas culturas extensivas, pelo fato de serem mais fortes e
mais desenvolvidas, facilitando o manuseio.
A idade das mudas, dentro dos limites citados, não
tem grande influência na produção. À
medida que vão sendo plantadas com mais idades, as
colheitas vão se tornando mais tardias, o que tem grande
importância econômica - as cebolas enviadas mais
cedo ao mercado alcançam sempre preços melhores.
É fácil compreender que nem todas as mudas da
mesma idade apresentam hastes com diâmetro igual. São
consideradas mudas de primeira as de hastes com diâmetro
superior a 5mm; de segunda, entre 4 e 5mm; e, de terceira,
entre 3 e 4mm. São tidas como refugo aquelas cujas
hastes apresenta menor diâmetro. Por ocasião
do plantio, não se devem cortar as pontas das folhas
e nem as raízes, deixando-as, como é costume,
com 3 a 5 cm, apenas.
Tal operação, além do consumo de mão-de-obra,
prejudica a produção.
As mudas arrancadas dos canteiros não oferecem dificuldades
de plantio, mesmo com raízes não cortadas.
Transplantação
A
passagem das mudas de cebola, dos canteiros de semeação
para o lugar definitivo, constitui ponto de suma importância
na sua cultura. O lavrador não deve ter pressa na transplantação
das mudas, porém esperar, calmamente, uma boa chuva,
já que a operação deve ser efetuada com
terra úmida, no intuito de evitar falhas. Como se disse,
a experimentação tem demonstrado que a produção
de bulbos mantém-se praticamente a mesma, quando são
empregadas mudas de 50 até 80 dias de idade. De modo
geral, entre cinqüenta e sessenta dias, elas atingem
o melhor tamanho para transplante.
Os canteiros de semeadura devem ser copiosamente irrigados
por ocasião do arrancamento das mudas, o que muito
facilitará o trabalho.
São três os métodos na transplantação
das mudas:
- sulcos abertos e cobertos à enxada;
- sulcos abertos com sulcador e cobertos à enxada;
- sulcos abertos e cobertos com sulcador.
Em qualquer dos casos, os sulcos não devem ter mais
de 6 cm de profundidade, para que as mudas não fiquem
muito enterradas. No primeiro método, um operário
vai abrindo o sulco, enquanto outro vai colocando as mudas,
em distância e posição certas, o que se
consegue com algumas horas de prática. Ao mesmo
tempo em que um operário abre um sulco, outro vai atirando
terra no sulco aberto ao lado, já com as mudas.
No sistema misto, um operário abre os sulcos com o
sulcador, outros distribuem as mudas nos sulcos abertos, as
quais são enterradas por outra turma, à enxada.
Convém, que o sulcador não se distancie muito
dos plantadores, para a terra não secar. É esse
o método mais usado entre nós. Em geral, 8 homens
plantam um alqueire de linhas durante o dia, necessitando,
cada homem, de dois distribuidores de mudas.
No último sistema, tanto o trabalho de abertura dos
sulcos como o de cobertura das mudas colocadas no seu interior,
são feitos com o emprego de sulcador. Para tanto, o
sulcador abre um sulco onde são dispostas as mudas;
na volta, o sulcador atira terra nos sulcos, já com
as mudas. O novo sulco aberto não é usado. Efetua-se
novo sulcamento, cobrindo-se ao mesmo tempo o anterior, não
utilizado; nova distribuição de mudas no último
sulco, e assim sucessivamente.
Como é fácil compreender, as mudas não
ficam em posição vertical, como se verifica
ao serem plantadas à mão, e sim inclinadas,
porém, dentro de poucos dias, erguem-se.
Espaçamento
Em
geral, é de 40cm a distância das linhas de plantação,
quando as capinas e escarificações são
feitas à enxada. Essa distância é elevada
para 50cm quando os tratos culturais são efetuados
com o uso do Planet.
Quanto ao espaçamento dentro da linha, pode variar
de 10 a 30 cm. Experiências têm mostrado que a
produção para uma mesma área aumenta
com a diminuição de espaçamento. Por
outro lado, o tamanho do bulbo também é atingido,
de forma marcante, pela distância de plantação:
menor distância, bulbo menor.
Além de as plantações demasiadamente
apertadas darem origem a bulbos reduzidos, de baixo valor
comercial, ainda apresentam a desvantagem de dificultar a
capina entre as plantas e facilitar a disseminação
do fungo causador da moléstia conhecida por queima
das folhas, que se caracteriza pelo secamento das extremidades
das folhas das plantas. Com um espaçamento médio
de 15 a 20cm, a produção será satisfatória
e, os bulbos, de bom tamanho, alcançam preço
compensador no mercado.
Em São Paulo, já é comum o aparecimento,
em maio, junho e julho, de réstias de cebola recém-colhida,
embora a época normal da colheita seja setembro-outubro.
São bulbos resultantes da plantação de
bulbinhos colhidos no ano anterior. O interesse dos lavradores
por esse método de plantio de cebola vem aumentado
de ano para ano, concorrendo, conseqüentemente, para
diminuir a necessidade de o mercado paulista importar bulbos,
no período de entressafra de outras regiões.
Dentre as variedades que se prestam para a formação
de bulbinhos, destacam-se Baia Bojuda e Periforme. Entretanto,
algumas linhagens dessas variedades produzem bulbinhos que,
na formação dos bulbos, dão grande porcentagem
de charutos, produtos sem valor comercial.
Para conseguir bulbos fora de época, é necessário
cuidar primeiramente da obtenção de bulbinhos.
Tal semeação é realizada em canteiros
comuns, de 1,20 m de largura, convenientemente adubados e
em sulcos transversais distanciados de 15 cm.
Dependendo do poder germinativo das sementes, usa-se de 0,3
a 0,6 grama por metro de sulco. Existem máquinas manuais
que, bem reguladas, efetuam o serviço de semeação
com rapidez e segurança. No caso de empregá-las,
o sulco de semeação será no sentido do
comprimento do canteiro.
A melhor época de semeação é a
que vai de princípios de junho a meados de julho, com
a colheita dos bulbinhos em outubro-novembro, quando as chuvas,
menos freqüentes, permitem sua cura perfeita. Uma vez
colhidos e submetidos cura ao sol, mas protegidos pelas folhas
e depois em galpões arejados, armazenam-se em depósitos
bem ventilados até a época do plantio.
Para o armazenamento, colocam-se os bulbinhos em estrados
ou tabuleiros, que são empilhados uns sobre os outros.
A camada de bulbinhos em cada tabuleiro não deve exceder
de 6 a 8 cm, para obter maior aeração e evitar
o seu apodrecimento.
Bulbinhos com diâmetro transversal entre 15 e 25mm são
os melhores; entretanto, podem-se empregá-los com menor
diâmetro, pois estes apodrecem menos no período
de armazenamento, porém, apresentam mais falhas no
campo de plantação e dão origem a bulbos
de tamanho um tanto reduzido. Os de maior diâmetro,
ou seja, acima de 35 mm, são comerciáveis, têm
peso mais elevado, pelo que não se recomenda seu plantio,
e apresentam o inconveniente de originar bulbos perfilhados
e defeituosos.
Os bulbinhos que forem apodrecendo durante o armazenamento
deverão ser eliminados. Na véspera da plantação,
corta-se a haste rente ao bulbinho. A distância de plantio
é igual à adotada rio sistema de mudas originárias
de sementes: 40x15 cm, e os tratos culturais também
são os mesmos, subindo de importância, porém,
nesse caso, as irrigações periódicas.
A melhor época de plantação de bulbinhos
coincide com aquela recomendada na semeação
de cebola para cultura normal: fins de fevereiro e meados
de março. O ciclo será muito curto, as plantas
terão bom tombamento e o produto obtido, boa apresentação.
Para ser plantado, não é necessário que
o bulbinho esteja com início de brotação.
O plantio de março será colhido em junho, quando
o produto alcança ótimo preço no mercado.
Além de produzirem bulbos, os bulbinhos também
se prestam para conserva.
Tratos
Os
tratos culturais, muito limitados, resumem-se a duas ou, no
máximo, três capinas, quando o terreno é
muito praguejado, e a escarificações quando
necessárias. As enxadas empregadas devem ser estreitas
e não muito afiadas, podendo-se utilizar aquelas já
bastante gastas.
Quando o terreno é bem solto, poderá ser usado
o sistema dos espanhóis que consiste num arco de barril,
cujas extremidades são solidamente amarradas-na ponta
de um cabo de enxada. Fica o aparelho com o tamanho e o formato
aproximados de uma enxadinha, com a grande vantagem de não
ferir os bulbos nem romper as raízes situadas mais
à flor da terra.
Em terra leve e bem trabalhada, o emprego do cultivador manual
Planet Júnior é bem econômico para capinar
e escarificar a terra entre linhas, não deixar crescer
muito o mato, pois, a máquina funcionará mal.
Nas grandes culturas, pode-se mesmo usar cultivador maior,
tipo Planet, puxado por um só animal: nesse caso, as
linhas de plantação devem ser espaçadas
de 50 cm.
As escarificações são efetuadas quando
a superfície da terra se torna dura, depois de algumas
irrigações ou de dias de chuva. A capina entre
as plantas tem que ser feita à enxada, cuidadosamente,
a fim de não estragar as folhas e as hastes, ou ferir
os bulbos em formação. Pode se usar herbicidas
para eliminar o mato.
As plantas que emitem hastes florais não formam bulbos,
e, se o fazem, são de má qualidade, não
resistindo ao armazenamento; em conseqüência, não
são aceitos nos mercados, ou alcançam preço
bastante reduzido.
Diversos fatores determinam o maior ou menor aparecimento
de hastes florais, predominando, sem dúvida, o fator
genético. Existem variedades que apresentam esse defeito
em maior escala.
O desenvolvimento da planta também tem bastante influência,
pois aquelas muito desenvolvidas têm mais tendência
a apresentar essa anomalia do que as menores. Quanto à
temperatura, nota-se que mais alta porcentagem de hastes florais
ocorre após temperatura elevada, no outono, e baixa,
na primavera. Um outono quente concorre para grande desenvolvimento
da planta, e a combinação de planta bem desenvolvida
e primavera fria fornece condições propícias
à emissão das hastes florais.
Essas hastes têm maior probabilidade de surgir em solos
pesados do que em leves, e em baixadas úmidas do que
em encostas. Evita-se, em parte, esse mal, cortando as hastes
à unha, logo que surgem.
Irrigação
Como
a cebola, no Estado de São Paulo, é cultura
de inverno, época em que as chuvas são escassas,
será vantajoso, para suprir a falta de água,
o uso de irrigações, seja por infiltração,
seja por aspersão.
O gasto de água, na irrigação por infiltração,
que é a mais eficiente, é de 15 a 20 litros
por metro quadrado, ao passo que, na irrigação
por aspersão, não vai além de 4 a 5 litros,
dependendo da quantidade e da freqüência das irrigações,
como é natural, do tipo de solo e da sua porcentagem
de umidade. Será de toda conveniência manter
teor de umidade no solo durante todo o crescimento da planta,
até o bulbo atingir o máximo desenvolvimento,
quando devem ser suspensas as irrigações.
Tanto a deficiência de umidade como a umidade excessiva
traz prejuízos às plantas, denunciados pelo
amarelecimento das folhas. A carência de água
concorre para o decréscimo de produção
e retarda o amarelecimento do bulbo. A umidade excessiva favorece
o engrossamento das hastes, o que dificulta o restiamento,
tornando ainda os bulbos aquosos e de pouca duração.
Na irrigação por infiltração,
a água é levada para a parte superior da cultura,
com o emprego de bomba ou por um canal adutor, de onde partem
os canais distribuidores de primeira ordem, a pleno declive,
e dos quais saem os canais de irrigação, entre
as linhas de plantação.
Para construção das linhas de plantação,
pode-se empregar um nível sobre um trapézio
de madeira, o nível de borracha ou, então, a
própria água. Para isso, faz-se um sulco com
uma enxada, partindo do canal a pleno declive, e com a inclinação
bem próxima à linha de nível do terreno,
o que se consegue observando o deslocamento da água
no trecho do sulco já construído.
Em seguida, constroem-se linhas de plantação
paralelas ao sulco cujo declive foi determinado pela água,
até certo limite. Depois, rasga-se novo sulco, com
auxilio da própria água, como o primeiro, construindo
as novas linhas de plantação paralelas ao novo
sulco, e assim por diante.
Os canais de irrigação devem ter um declive
suave, não além de 0,25%; Maior inclinação
provoca erosão, isto é, o arrastamento de partículas
terrosas, prejudicando ainda a própria irrigação,
devido à má distribuição de água
ao longo das linhas de plantação.
Esses canais não devem passar de 8 a 10 m de comprimento,
isto porque, quando muito extensos, exigem aplainamento perfeito
e bastante dispendioso. Outro sistema de irrigação
por infiltração, muito usado pelos lavradores
paulistas, com ótimo resultado, consiste em construir
canais, com pouco declive, partindo do canal a pleno declive.
Deles, saem os canais de irrigação propriamente
ditos, entre as linhas de plantação, voltando
em direção ao canal a pleno declive, com queda
mínima, aproximada, tanto quanto possível, da
horizontal; irão, pois, formar ângulo agudo com
o canal de onde partem.
As linhas de plantação, nesse caso, não
devem passar de 4 a 5 m de comprimento. A fim de evitar arrastamento
de partículas terrosas do interior do canal distribuidor
a pleno declive, formando valetas, convém colocar capim
seco ou palha de arroz, transversalmente ao comprimento do
canal, prendendo as pontas com terra e colocando leve camada,
na terra no centro, visando assentar o capim.
Para interceptar a água no canal em declive, dirigindo-a
para os canais entre as linhas de plantio, pode-se usar um
saco com areia. Esses canais podem ser construídos
com a aiveca do próprio cultivador. Pode-se economizar
50% do trabalho, sem grandes desvantagens, alternando as linhas
de irrigação.
Para irrigação por aspersão, constroem-se,
dentro da cultura, pequenos regos em declive, espaçados
de 15 cm, com os percursos interrompidos por pequenos tanques,
de onde será atirada água às plantas.
Para as culturas maiores, há vantagem no emprego de
bombas especiais, canos leves providos de junções
rápidas e aspersores giratórios.
Colheita
Uma
vez completo o primeiro ciclo de plantio, o bulbo atinge o
máximo desenvolvimento, as raízes morrem, as
folhas murcham e a haste tomba. Em certos casos, tais como
terreno úmido ou muito rico em nitrogênio, a
planta não tomba, pelo fato de a haste, também
conhecida por pescoço, tornar-se demasiadamente grossa.
Com um pouco de prática, o operário fica logo
conhecendo a planta madura, pelo empalidecimento da coloração
das folhas, ou, então, batendo com a mão na
planta, que cai para o lado.
A colheita, em geral, é efetuada em três vezes,
pois nem todas as plantas completam o primeiro ciclo de uma
vez. As plantas colhidas são colocadas lado a lado,
para secar, ficando os bulbos resguardados, pelas folhas,
dos raios diretos do sol.
Se o tempo estiver firme, não se deve apressar o recolhimento
das plantas arrancadas, mas deixá-las no campo até
à tarde do dia seguinte. Se não houver ameaça
de chuva, convém mantê-las aí por mais
um dia. A permanência exagerada das plantas no campo,
depois de colhidas, traz desvantagens: pode acarretar a queima
ou o murchamento dos bulbos, comprometendo, assim, tanto o
valor comercial do produto como o seu armazenamento.
No Rio Grande do Sul, toda a cure se processa no campo, onde
as cebolas ficam cerca de 5 dias, protegidas pelas folhas,
No Estado de São Paulo, seria abuso o emprego desse
processo, já que as chuvas aqui são constantes
no período de colheita - de meados de setembro a princípios
de novembro -intensificando-se o trabalho em outubro.
Em condições normais, um hectare de terra produz
de 10.000 a 12.000 quilos de cebola vendáveis.
Um homem colhe e transporta mais ou menos 750 quilos de bulbos
por dia. A colheita, o amontoamento das plantas no campo e
o transporte para os galpões devem ser feitos com todo
o cuidado, porque os bulbos feridos ou amassados são
de fácil conservação. A cura se completa,
em ranchos espaçosos e bem ventilados. Com mais dois
ou três dias em tais ranchos as folhas tornam-se secas,
os talos murchos, e os bulbos, enxutos, ficando a planta em
condições de ser restiada.
Depois de convenientemente curadas, as cebolas são
reunidas em réstias. É costume corrente começar
cada réstia com os bulbos maiores, decrescendo de tamanho
em direção à ponta, prática essa
que não é das melhores. Seria conveniente que
cada réstia tivesse bulbos de um só tamanho,
o que viria a facilitar, em muito, a comercialização
do produto.
De conformidade com lei federal em vigor, e segundo o diâmetro
transversal, a cebola é assim classificada:
- de primeira: acima de 55 mm;
- de segunda: entre 40.55 mm;
- de terceira: entre 25.40 mm.
É
chamado "tipo conserva" aquelas com diâmetro
inferior a 25 mm. G claro que réstias com maiores bulbos
terão menor número, para não ficarem
muito compridas. Esse critério vem sendo adotado, há
muitos anos, com ótimos resultados, no Rio Grande do
Sul. O restiamento é operação das mais
simples: fazem-me as réstias com tábua seca
e umidecida por ocasião do emprego. Para cada réstia,
são usadas doze tábuas. Um homem faz, mais ou
menos, cem réstias por dia.
No restiamento, além da seleção por tipo,
o operário vai pondo de lado as plantas com bulbos
feridos, destalados, murchos ou imaturos, que são de
pouca duração e mais sujeitos ao ataque dos
agentes causadores de podridão e que iriam comprometer
os demais bulbos.
Armazenamento
A
questão do armazenamento cresce de importância,
sabendo-se que o preço da cebola cai logo após
a colheita, para elevar-se novamente depois, à medida
que os meses vão passando, até ao início
da nova safra. Colheita de bulbos bem maduros cura perfeita
e restiamento cuidadoso: eis a base de um bom armazenamento.
É de suma importância assegurar um arejamento
perfeito nos depósitos, que devem ser amplo, fresco
e seco. A umidade, relativa ideal para um bom armazenamento
deve variar entre 70. 75ºC.
As réstias são amarradas aos pares e dependuradas
em travessas de madeira roliça ou bambu, distanciadas
de um metro, até a cobertura do galpão, ficando
cada série um metro da seguinte.
Por meio de inspeções freqüentes, retiram-se
as cebolas estragadas e brotadas, à medida que surgirem.
Depois de cada inspeção, varrer muito bem o
piso do depósito, não deixando restos apodrecidos
de cebola, fonte de multiplicação de fungos
e bactérias produtores de podridão.
As cebolas de ciclo longo duram mais que as de ciclo curto;
as brancas, menos que as coloridas. As câmaras frigoríficas
com temperatura regulada de 2 a 4ºC, os bulbos permanecem
em boas condições, por longo tempo.
Embalagem
e Transporte
Para
os transportes comuns, dentro do Estado, as réstias
de cebola são cuidadosamente colocadas em cammhões,
formando diversas camadas. Os lavradores mais caprichosos
entregam as cebolas, para o mercado, em sacos de aniagem de
malha larga, cuja propriedade é de quarenta e cinco
quilos. Tais sacos fornecem bom arejamento para o produto,
além de torná-lo mais atrativo. Para transporte
a longa distância, são empregadas caixas de madeira,
de diversos formatos.
Pragas
e Moléstias
As
pragas mais importantes são a tripse e a lagarta-rosca,
a primeira é um inseto muito pequeno, de 1 mm de comprimento,
corpo delgado e longo, de cor amarelo-pardo, muito ágil,
conhecido pelo tripse - Thrips tabaci Liderman. Vive nas partes
invaginastes da base das folhas e se alimenta da seiva e dos
grãos de clorofila.
As plantas atacadas apresentam, nas folhas, manchas acinzentadas
que tomam, mais tarde, uma tonalidade prateada. Um exame dessas
manchas revela a destruição dos tecidos externos.
É comum, também, o aparecimento, na superfície
das folhas, de pontos negros, produzidos pelo excremento dos
insetos.
Quando a população de insetos é muita
elevada, o que ocorre, comumente, nos períodos quentes
e secos, os bulbos não se desenvolvem normalmente,
as folhas se tornam amareladas e com pontas secas e retorcidas.
A Lagarta-rosca (Agrotis ypsiíon) é a larva
de uma mariposa, e assim chamada por se enrolar quando tocada.
É cor de terra, mede cerca de 3 cm de comprimento e
0,5 cm de diâmetro, e corta as plantas rente ao colo.
Denunciam sua presença pelo aparecimento de pés
caídos, pela manhã, podados junto ao chão.
Entre nós felizmente, poucas moléstias atacam
a cebola, citaremos as principais:
Mela - Conhecida assim no Brasil, nos Estados Unidos
como damping off, é bastante comum nos canteiros
de semeação. Seu sintoma principal é
o apodrecimento da base da planta, rente à superfície,
bem como das raízes, tendo como conseqüência
o tombamento da planta, desprendendo-se do solo a parte aérea.
Essa moléstia não é causada por um único
fungo, mas por um grupo de fungos, que se aproveitam do estado
de fraqueza das plantas nascidas em canteiros mal localizados,
ou com semeação muito densa.
Não há um tratamento específico para
o seu controle. Com o objetivo de evitar, em parte, a manifestação
do mal, deve-se seguir a orientação dada para
a construção dos canteiros de semeação.
Convém frisar, entretanto, que local úmido e
mal ensolarado, assim como aglomeração de mudas'
nos canteiros, concorre para manifestação da
mela.
Seu aparecimento se manifesta sob a forma de reboleiras, neste
caso, deve-se suspender as regas diárias, a fim de
que o fungo encontre condições adversas ao seu
desenvolvimento, pois a falta de umidade interrompe sua proliferação.
É conveniente efetuar uma rega com fungicidas indicados
por técnico
Podridão branca - Manifesta-se em qualquer fase
da vida da planta, ficando os próprios bulbos, depois
de colhidos, sujeitos ao seu ataque.
Como a cultura da cebola atravessa a estação
fria do ano, essa moléstia sobe de importância,
porque o fungo causador - Sclierotium cepivorum Berk encontra,
entre 18 e 24ºC, a temperatura ideal para seu desenvolvimento.
As plantas atacadas apresentam folhas amareladas e murchas,
as raízes apodrecem e se destacam do bulbo, ao ser
a planta arrancada, ficando na terra a coroa de raízes.
De início, as partes afetadas se recobrem de um bolor
branco, com aspecto de algodão, de onde surgiu o nome
podridão branca. Esse revestimento constitui o micélio
do parasita, formando, depois, corpúsculos brancos,
quando novos e, mais tarde, pretos e arredondados, com um
quarto a meio milímetro de diâmetro, assemelhando-se
à semente de agrião, o que justifica o nome
podridão preta, que alguns lavradores lhe dão.
Esses corpúsculos, chamados escleródios, são
os órgãos de resistência do fungo, e podem
permanecer na terra por vários anos, voltando à
atividade logo que as condições do meio lhes
sejam propícias.
É moléstia de difícil controle, sendo
todas as recomendações de ordem preventiva:
escolha de terra não contaminada; uso de mudas livres
da doença; rotação de cultura; destruição
das plantas atacadas e eliminação dos restos
da cultura.
Queima das folhas - Muito comum nos cebolais de São
Paulo, é causada por um fungo denominado Alternaria
porri.
As folhas atacadas apresentam manchas pequenas, deprimidas,
irregulares, esbranquiçadas e de centro arroxeado.
Decorridas duas a três semanas do aparecimento dos primeiros
sintomas que são manchas escuras formadas pelos esporos,
aparecem sobre a lesão órgãos de multiplicação
dos fungos. As partes atacadas absorvem umidade, apodrecendo
aos poucos. As folhas murcham, tombam e se tornam secas nas
pontas.
É comum, nas sementeiras, encontrarem-se mudas com
as pontas das folhas queimadas pala moléstia. Os bulbos
também podem ser atacados pelo fungo, que lhes causa
apodrecimento, a começar pelo pescoço. As plantas
enfraquecidas sejam pelas más condições
do meio, seja pelo ataque da praga tripse, são as mais
sujeitas à contaminação.
O controle dessa moléstia é efetuado por meio
de pulverizações preventivas com fungicidas,
dissolvido à razão de 200 gramas por 100 litros
de água ou conforme orientação técnica.
Como é comum o aparecimento de tripse nas partes invaginantes
(talos/hastes) das folhas, convém misturar o fungicida
com um dos inseticidas recomendados para o controle dessa
praga, de tal forma que obtém-se uma calda de
ação dupla: fungicida e inseticida.
O fungo ataca as flores, as folhas e, especialmente, as hastes
florais, ocasionando lesões claras que, depois, tomam
uma tonalidade róseo-arroxeada. Com as lesões,
bastante graves, as hastes florais ficam enfraquecidas, tombando.
A manifestação da moléstia, na inflorescência,
se manifesta pela morte das flores e chochamento dos frutos
em formação, ocasionando o que os gaúchos
chamam de careca da cebola. O controle é feito com
pulverizações preventivas, recomendando-se a
eliminação das partas atacadas, antes da pulverização.
Obs: O fungo Alternaria
porri, muitas vezes, é confundido com o míldio
- Peronospora destructor, de características semelhantes
às suas.
Convém notar que o mais importante, para o controle
dessa moléstia, é o emprego de bulbos sadios
e de terra nova de meia encosta, porque as baixadas são
muito sujeito ao ataque do fungo.
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