Não
foram muitos os criatórios importantes da eqüinocultura
nacional que sobreviveram ao fim dos anos dourados da atividade,
registrado no pós meados dos anos 90. Mas os que se
mantiveram de pé estão hoje com tropa fabulosa,
um verdadeiro celeiro genético de qualidade, permitindo
uma diversidade muito grande de caminhos. É o caso
do Haras da Matta, de João Carlos Matta, selecionador
de Mangalarga há quase 30 anos, que criou um cavalo
à sua imagem e semelhança.
João Matta chegou a ser o maior criador da raça
em volume de animais: mais de mil cabeças, nos anos
90. A idéia era manter de pé uma empresa de
comercialização de cavalos para atendimento
em escala. Mas a era Collor colocou fim na idéia. Para
o selecionador, artigos de luxo, do iate ao cavalo, sofreram
grande desvalorização na época. Então
desfez-se do número e passou a perseguir qualidade.
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A
tropa da Matta começou a se formar em 1978 quando adquiriu
quatro cabeças de Roberto Sampaio de Almeida Prado
(sufixo Porangaba). Eram animais bastante funcionais e de
bom andamento, inclusive premiados em pista, rendendo muito
sucesso ao criatório. Depois chegaram animais de afixos
JO, 53, Mangalarga, RN, SP, CJ, Boa Vista e São José,
entre outros. Desde então, João Matta sempre
se posicionou no mercado como comprador e vendedor de cavalos.
Segundo o criador, pela morfologia e pedigree se identifica
os animais com andamento e funcionalidade. Morfologicamente,
pela conformação de paleta, pulmões,
tronco, garupa e aprumos. Ouro FSI, um reprodutor de sua criação,
grande campeão nacional de 1997, é um exemplo
do Mangalarga perseguido pelo Haras da Matta.
João quer um cavalo bonito, bom de sela e ótimo
no trabalho ou esporte. Para ele, é isto que lhe confere
atrativo de mercado. Por isso, a tropa é treinada no
próprio Haras, que fica em Olímpia, Nororeste
do Estado de São Paulo. Animais que não sejam
funcionais são eliminados do plantel da Matta, assim
como aqueles com problemas de aprumo, que não andam
como manda a marca do Mangalarga, ou que não apresentam
a beleza característica. Em resumo, quer animais bem
dentro da herança de Orlândia, celeiro do Mangalarga
moderno.
O grande trunfo do criatório da Matta, o garanhão
Ouro FSI, cuja propriedade é dividida meio a meio com
a sobrinha Josiane Matta Vidotti, tem elenco de grandes animais
na tropa. Ele é pai, por exemplo de Pantera da Matta,
considerada a 5a Melhor Matriz da Raça. Ouro, mesmo
foi considerado o 2o Melhor Reprodutor Mangalarga. Entre seus
bons filhos, hoje no Haras, estão: Poderosa da Matta,
Grande Campeã Nacional 2006, Nebraska da Matta, Reservada
Campeã Potra Mirim e irmã própria de
Poderosa da Matta; Pamonha da Matta, várias vezes campeã
potra; Namorada da Matta, Campeã Potra Maior em 2006;
Surpresa da Matta, 2a Reservada Campeã Nacional Égua
Jovem; Pratância da Matta, que foi Reservada Campeã
em Lins e várias vezes campeã em andamento;
e Pontal da Natta, um filho de Ouro com Etiqueta RP, que também
é mãe de Cigana.
Reprodutores como Comanche da São Joaquim, Atlas RN,
Guerreiro da Matta, Gargalo da Matta, Lançador da Matta
e Dervicha Dam, também deixaram grande contribuição.
Trança da Matta, uma filha de Derviche Dam (que é
Atlas RN) com Pintura da Camada é um bom exemplo desta
contribuição. Como resultado de todo este relicário
de cavalos, em 2006 João Carlos Matta Sagrou-se Melhor
Criador do Ranking Mangalarga, com quase o dobro de pontos
do segundo colocado. Foram 17 exposições que
ainda lhe renderam o segundo posto de Melhor Expositor.
Para João Carlos Matta, a criação de
cavalos é uma paixão de vida que vence os anos
e outras atividades. Em especial, o cavalo Mangalarga é
um companheiro que explica muito bem esse eterno vínculo
do homem com a espécie. Hoje a raça que contribui
para formação de outras no País, é
belo, bom de sela e ótimo no trabalho e no esporte.
As porteiras do Haras da Matta estão abertas a quem
quiser conferir.
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