O
complexo sucroalcooleiro teve o melhor desempenho, com incremento
de 243% nas vendas externas. As carnes ficaram em segundo
lugar, com expansão de 170%. Em terceiro, aparece o
café, com crescimento de 143%; em quarto, cereais e
preparações, com 123%; e em quinto, frutas,
com 91%.
Tivemos esse desempenho extremamente positivo apesar
das adversidades enfrentadas nas últimas duas safras,
como a seca, a valorização do real frente ao
dólar, os problemas sanitários e a queda das
cotações internacionais dos grãos no
mercado mundial, diz o ministro da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, Luís Carlos Guedes Pinto. Ele atribui
o crescimento à competência dos produtores brasileiros,
à maior agressividade nas ações promocionais
no mercado externo e à tecnologia desenvolvida no País.
Nossos agricultores são competitivos demais e,
ao mesmo tempo, somos detentores da mais avançada tecnologia
de agricultura tropical do mundo. A expectativa de Guedes
é de que neste ano as exportações do
agronegócio pelo menos repitam o desempenho de 2006.
Após um ano de condições desfavoráveis
à comercialização, os produtores brasileiros
deverão encontrar um quadro melhor na temporada 2006/07.
Os estoques mundiais das principais commodities produzidas
no Brasil têm sinalização de queda. Com
o aperto no quadro de oferta e demanda, a tendência
é de recuperação gradual dos preços.
Soja, milho, trigo, arroz, café e algodão, em
menor ou maior escala, apresentarão estoques em queda.
Em alguns casos, como o do milho e do trigo, a redução
é bem significativa e o impacto deverá ser grande
na composição dos preços. Em outros,
o corte é mais leve, como para o complexo soja, arroz
e algodão. Já o café encontra um quadro
consolidado de aperto na oferta e demanda, responsável
pela recuperação das cotações
nas últimas duas temporadas e que deve continuar sustentando
o mercado.
Complexo
oleaginoso
Depois
de uma temporada de forte crescimento, desta vez o ano comercial
2006/07 deverá ser marcado pelo recuo geral nos estoques
finais do complexo oleaginoso. É bem verdade que não
chegará perto dos recuos verificados na temporada 2003/04,
quando das graves perdas combinadas de safra nos Estados Unidos,
no Brasil e Argentina.
"Mesmo assim parece ser um importante indicativo para
o comportamento futuro dos preços, na medida em que
esse aperto nos estoques acontece sem problemas mais graves
na oferta, ou seja, ancorado na seqüência de firme
expansão da demanda nesses últimos anos",
destaca o analista Flávio França Júnior,
da Safras & Mercado.
O analista lembra que até o ano anterior o ritmo de
avanço da oferta vinha ficando acima da taxa de crescimento
do consumo, o que resultou em acúmulo considerável
na posição de estoques finais. "Tanto isso
é verdade que nas últimas dez temporadas, incluindo
a projeção para este novo ano, houve queda nos
estoques em apenas duas", completa.
De acordo com o levantamento do Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos (USDA), depois dos estoques finais das
principais oleaginosas no mundo terem crescido 9,4% na temporada
passada, a previsão atual aponta para queda de 0,6%,
passando de 61,72 mls para 61,33 mls de toneladas.
"Mais do que a queda em si, o relevante nos parece ser
a inversão de tendência, uma vez que acreditamos
em novo aperto também para 2007/08 caso a hipótese
de menor área de soja nos EUA se confirme", acrescenta
França Júnior. Nos farelos protéicos,
os estoques devem cair 14,5%, passando de 7,57 mls para 6,47
mls de t, após já ter caído 9,8% na temporada
passada. Apesar da gripe aviária, o consumo para a
produção de ração segue crescendo
em ritmo acelerado em todo o mundo. Nos óleos vegetais,
a indicação de estoques é de 8,17 mls
de t, caindo 11,8% sobre os 9,26 mls de t do ano anterior,
depois de ter avançado 0,4% neste último ano.
"Além do aumento natural do consumo para alimentação
humana e indústria química, temos agora forte
demanda adicional para a produção de biodiesel,
o que aparentemente ainda está subestimado nesses números
dos USDA", alerta.
Em relação à oferta, o analista destaca
o fato de que a sinalização inicial é
para aumento na produção mundial de oleaginosas
de apenas 1%, passando de 388,30 mls para 392,53 mls de t.
Esse avanço está ancorado basicamente em cima
da soja, que tem crescimento avaliado em 3%. E também
no caroço de algodão, com safra avaliada em
43,89 mls de t, com 3% de aumento sobre os 42,51 mls de t
anteriores.
No entanto esse volume total está limitado pelas perdas
sinalizadas para outras importantes culturas, como é
o caso do amendoim e da colza/canola. Tanto que o total da
produção das oleaginosas excluindo a soja está
avaliado em 167,56 mls de t, 2% abaixo dos 170,26 mls de t
da última safra. No amendoim, a expectativa é
de retração em 7%, passando a produção
de 33,78 mls para 31,51 mls de t. No girassol, há um
leve aumento de 2%, passando de 29,77 mls para 30,41 mls de
t. E na colza/canola, o USDA indica recuo avaliado em 5% na
produção, passando de 48,55 mls para 46,16 mls
de t.
Consumo
cresce a taxa maior
Esse
recuo nos estoques do complexo oleaginoso está ligado
à combinação de pequena taxa de crescimento
da produção, com ritmo de expansão superior
pelo lado do consumo. Nas oleaginosas, o consumo está
estimado em 392,92 mls de t, 3% superior aos 382,90 mls de
t do ano que passou. Nos farelos, o consumo está avaliado
em 223,84 mls de t, 4% a mais que os 215,06 mls de t do ano
anterior. E nos óleos vegetais temos o consumo total
avaliado em 121,21 mls de t, 5% acima do que os 115,31 mls
de t de 2005/06.
Esta inversão de tendência, com a ampliação
gradual do consumo, tem como base o sentimento positivo em
relação ao crescimento da economia mundial.
A recente revisão nas projeções para
a economia mundial em 2006 e 2007, realizadas em setembro
pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), apesar de
alertar para os riscos trazidos pela inflação
e pela alta dos preços do petróleo, elevou suas
previsões de crescimento para o mundo desde o relatório
anterior, passando a taxa para 2006 de 4,9% para 5,1%, enquanto
a taxa de 2007 subiu de 4,7% para 4,9%.
O Fundo elevou suas previsões de crescimento mundial
refletindo o momento de bonança na economia do planeta,
apesar da desaceleração prevista para os EUA,
em razão da queda no mercado imobiliário. Se
tais previsões forem confirmadas, a economia mundial
poderá registrar seu maior período de expansão
desde o início dos anos 1970, com quatros consecutivos
de forte crescimento. Segundo essas projeções,
o crescimento dos EUA deverá ser de 3,4% este ano e
de 2,9% em 2007, enquanto a Zona do Euro e o Japão
manterão avanço firme, com taxas respectivas
de 2,4% e 2,7%, e de 2,0% e 2,1%. Já a América
Latina deverá crescer 4,8% este ano e 4,2% em 2007,
graças às altas cotações das matérias-primas
e da demanda interna. Ainda segundo essas projeções,
a China manterá seu impressionante ritmo anual de crescimento
na casa dos 10%.
Soja
Apesar
de algumas diferenças, parte desse cenário para
o complexo oleaginoso deve ser também a tônica
para o complexo soja. A produção de soja está
avaliada em 224,97 mls de t para 2006/07, 3% superior aos
218,04 mls de t do ano passado. Neste caso a taxa vai ficando
acima do 1% de crescimento no ano anterior (inverso do total
das oleaginosas). Destaque para os aumentos de quase 5% na
safra dos EUA e para a projeção de mais 4% também
para a América do Sul.
O consumo também deve crescer a uma taxa levemente
superior a da produção. A previsão é
de 221,06 mls de t, 3,4% acima dos 213,77 mls de t do ano
passado. Destaques para os crescimentos esperados de 5% para
a Argentina, de 7% no Brasil e dos 8% para a China. Depois
de ter subido 8% em 2005/06, o estoque final de soja cresceria
apenas 6%, passando de 52,15 mls para 55,22 mls de t, confirmando
novo recorde histórico.
No farelo de soja, a produção tem projeção
de avanço em 4,6%, passando de 144,88 mls para 151,53
mls de t. E o consumo tem previsão de melhoria em 4,4%,
subindo de 145,55 mls para 151,99 mls de t. Destaques para
os crescimentos de 3% na Argentina, de 4% no Brasil e de 9%
na China. Com isso, os estoques finais desta vez cairiam 12%,
passando de 5,83 mls para 5,13 mls de t;
No óleo de soja, a produção tem taxa
estimada de melhora em 3%, subindo de 34,32 mls para 35,31
mls de t. E o consumo tem previsão de avanço
em 6,5%, passando de 33,44 mls para 35,62 mls de t. Como destaques
temos a expectativa de crescimento em 7% nos EUA, de 8% na
China, de 11% na União Européia, de 23% na Argentina
e de 27% no Brasil. Com isso os estoques finais deverão
cair fortemente, na mesma direção dos óleos
vegetais. A projeção atual aponta para 2,97
mls de t, 16% inferior aos 3,55 mls de t da temporada que
passou.
Milho
Se
para o complexo oleaginoso e para a soja, as alterações
nos estoques são sutis, no milho o impacto do aperto
na oferta e demanda é flagrante. O estoque mundial
de 90 milhões de toneladas, projetado pelo USDA para
2006/07, é o mais baixo dos últimos trinta anos,
com uma relação estoque/consumo inédita
de 12%. "Este quadro mundial exige dos países
produtores e exportadores uma elevação de área
e produção em 2007 sob o risco de nova retração
para 2007/08", avalia o analista Paulo Molinari.
A expectativa é de estoques ajustados em função
da forte demanda por etanol nos Estados Unidos. "O mercado
mundial dependerá de uma ótima área plantada
nos EUA em 2007 para tentar inibir uma maior queda nos estoques
e uma nova alta de preços. Uma elevação
de área no milho representa uma queda de área
na soja, o que é bom para os preços da soja
no mercado internacional também", acrescenta Molinari,
lembrando da elevação acentuada dos preços
futuros de milho, soja e trigo nos últimos dois meses,
por conta, em grande parte, desta complicada situação
do cereal.
Este desequilíbrio na relação de oferta
e demanda do milho é reflexo do consumo em elevação.
A demanda mundial está projetada em 724,14 milhões
de toneladas, 3,45% superior ao ano passado, que ficou em
699,97 milhões de toneladas. O principal fator para
esta elevação é o aumento considerável
no consumo de milho para a produção de etanol
nos Estados Unidos. A demanda americana está estimada
em 243,60 milhões de toneladas, com aumento de 5,2%
sobre o consumo de 2005/06, de 231,58 milhões de toneladas.
Completando este quadro, a produção mundial
deve recuar de 693,29 milhões para 688,73 milhões
de toneladas. Os norte-americanos deverão colher 272,93
milhões de toneladas, contra 282,26 mls da temporada
passada. "A alta de preços internacionais, com
o risco de queda exagerada dos estoques nos EUA, traz a necessidade
de novos exportadores mundiais com capacidade de venda de
bons volumes", destaca Molinari, apontando assim o principal
efeito que este corte nos estoques pode trazer ao mercado
brasileiro.
Caso os EUA necessitem reduzir as suas exportações
para atender a sua demanda interna, Brasil e Argentina terão
espaço para grande volume de exportações
de milho ao longo de 2007 e 2008. Para 2007, o Brasil dependerá
de uma safrinha recorde para marcar presença no mercado
internacional, já que a safra de verão está
registrando uma queda de área de 8,1%. "Esta safrinha
determinará o caminho para o Brasil nas importações
ou nas exportações", indica.
Segundo o analista, a princípio, com uma safrinha recorde
(12 a 13 milhões de toneladas), o Brasil poderá
exportar entre 2 e 3 milhões de toneladas em 2007.
Com uma safrinha menor, este perfil de exportações
poderá perder espaço. "As importações
somente ocorrerão do Paraguai e também em caso
de quebra forte da safrinha/07. As importações
de milho transgênico estão proibidas por enquanto",
completa.
Trigo
No
caso do trigo, a situação é bastante
semelhante a do milho e os reflexos também deverão
ser parecidos. Segundo o último relatório do
USDA, os estoques globais de trigo na safra 2006/07 serão
de 118,83 milhões de toneladas, uma retração
de 21% em relação ao ano comercial anterior.
Este é o menor montante de estoques de passagem desde
1997. Naquele ano, no entanto, as 114,3 milhões de
toneladas dos estoques finais, eram suficientes para atender
20% da demanda mundial. Na atual safra, o consumo global será
de 615 milhões de toneladas, contra 567 milhões
de 1997. Assim, a relação estoque/consumo neste
ano será de 16%, o menor patamar da história
da oferta e demanda de trigo.
"É muito evidente a situação de
aperto na oferta mundial de trigo neste ano comercial. Para
se ter uma idéia, a produção neste ano
comercial deve ficar em 586,81 milhões de toneladas,
o que corresponde a um déficit de 28,24 milhões
de toneladas frente ao consumo (615,05 milhões de toneladas)",
aponta Elcio Bento, da Safras & Mercado.
Este cenário reflete diretamente no comportamento dos
preços internacionais do cereal, que estão nos
maiores níveis desde o recorde histórico de
1996. "A tendência segue sendo de alta e a análise
dos números deste ano em relação aos
de 1996, nos permite estimar que alcançaremos um novo
recorde de alta. Naquele ano a produção mundial
foi de 536 milhões de toneladas, para um consumo de
550 milhões de toneladas (um déficit de 14 milhões,
abaixo dos 28 estimados para este ano). Os estoques finais
eram de 103 milhões de toneladas, menor que os 118
milhões deste ano, porém, atendiam a 19% da
demanda, contra apenas 16% deste ano. Fica claro que estamos
num ano de alto ajuste no quadro de oferta e demanda",
completa.
Segundo ele, a tendência para os preços ainda
é de elevação até o final do ano
comercial 2006/07. A colheita de trigo no Hemisfério
Sul encerra neste mês de novembro. "A partir daí
teremos um período de entressafra até meados
de maio, quando se inicia a colheita no Hemisfério
Norte. A análise sazonal do comportamento dos preços
nas Bolsas norte-americanas, principal referencial para o
mercado mundial, mostra que a partir de dezembro temos uma
escalada de recuperação de preços até
maio. Assim, a tendência é de preços em
alta nos primeiros meses de 2007, podendo ultrapassar o recorde
de 1996", aposta Bento.
Bento frisa que os estoques finais são determinados
pelo comportamento da oferta e da demanda. A média
da produção mundial nos últimos 10 anos
foi de 586 milhões de toneladas, enquanto que a do
consumo foi de 595 milhões de toneladas, uma diferença
de 9 milhões de toneladas. Observa-se que a produção
atual é igual à média dos últimos
10 anos. Já do lado da demanda, o total estimado para
o consumo neste ano comercial (615 milhões de toneladas)
é 21 milhões de toneladas superior à
média dos últimos 10 anos.
"Com isso podemos perceber que há uma inconstância
do lado da oferta, enquanto a demanda apresenta uma tendência
clara de elevação, puxada por fatores demográficos
e econômicos. Em relação aos estoques
finais, a média dos últimos 10 anos é
de 141 milhões de toneladas, 23 milhões de toneladas
superior ao montante deste ano. Também por este ângulo
de análise fica claro o ajuste no quadro de oferta
e demanda".
O mercado brasileiro já vem sentindo os reflexos da
escassez de oferta. Claro que o reflexo é potencializado
pela frustração na produção interna,
que recuará de 4,4 milhões de toneladas para
apenas 2 milhões de toneladas. O reflexo desta escassez
de oferta mundial chega ao Brasil via Argentina. "Nosso
vizinho comercial é o grande responsável pelo
nosso abastecimento e é tomador de preços no
mercado mundial. Ou seja, os preços do trigo argentino
são influenciados pelo comportamento das bolsas norte-americanas
(balizadoras do mercado mundial). Então, a escassez
de oferta mundial eleva os preços internacionais, a
Argentina segue este mesmo comportamento e os reflexos chegam
ao Brasil", explica.
Dependendo de mais de 70% de cereal estrangeiro para atender
a sua demanda, o Brasil trabalha num regime de paridade de
importação. Assim, os preços internos,
tanto em nível de produtor como de indústria,
depende do comportamento dos preços internacionais.
Neste ano o mercado brasileiro está ainda mais sensível
porque a Argentina não terá trigo suficiente
para atender a demanda brasileira por importação,
tendo que buscar entre 1,5 e 2 milhões de toneladas
na América do Norte. Assim, os reflexos da escassez
de trigo no âmbito mundial, serão sentidos de
forma mais acentuada no Brasil.
A necessidade de importação do Brasil deve ser
a maior da história. Até agora a maior necessidade
de compras estrangeiras foi de 7,5 milhões de toneladas
no ano 2.000. Para o atual ano comercial, com uma queda de
54% na produção interna, de 4,4 para cerca de
2 milhões de toneladas, o Brasil terá que importar
cerca de 8 milhões de toneladas para fechar nosso quadro
de oferta e demanda.
A indústria está preocupada, pois esta maior
necessidade de importação ocorre justamente
neste ano em que o quadro de oferta e demanda mundial será
muito ajustado e os preços internacionais estão
elevados. "Para piorar, o governo argentino vem tomando
várias medidas para garantir o abastecimento interno
sem reflexos inflacionários, o que traz incertezas
ao mercado e pode prejudicar a dinâmica da cadeia tritícola
brasileira", ressalta o analista.
A indústria também vem pleiteando a retirada
da TEC (Tarifa Externa Comum) para trigo de outras origens
além do Mercosul. Esta medida encontra resistência
do lado dos representantes dos triticultores brasileiros,
que depois de vários anos acumulando prejuízos,
finalmente podem vender seu produto a um valor atrativo.
Arroz
Depois
de sofrer redução por quatro anos seguidos,
o estoque final de arroz no mundo apresentou uma pequena recuperação
(3,3%) em 2005/06, atingindo, segundo o USDA, 80,58 milhões
de toneladas de arroz beneficiado. Atualmente, aproximadamente
46% deste estoque encontra-se na China, maior produtor e também
o maior consumidor de arroz no mundo.
A projeção para o ano 2006/2007 é de
que os estoques finais de arroz no mundo voltem a apresentar
redução, em conseqüência de um aumento
de produção de apenas 0,4%, volume insuficiente
para suprir o aumento do consumo mundial de arroz de 1,1%.
A projeção do USDA é de que o estoque
mundial de arroz tenha uma redução de 2,2%,
ficando em 78,8 milhões de toneladas de arroz beneficiado.
O comportamento dos estoques mundiais de arroz tem influência
direta no comportamento dos preços do cereal no mercado
internacional. "Essa relação ocorre de
forma ainda mais intensa quando as variações
de estoque se concentram entre os principais importadores
(Oriente Médio, Filipinas e Nigéria, entre outros)
ou principais exportadores (Tailândia, Vietnã
e Índia)", aponta o consultor Tiago Sarmento Barata.
O Brasil, em função da sua ainda pequena participação
no mercado internacional de arroz, sofre pouca influência
das variações no comportamento dos estoques
finais e conseqüentemente variações nos
preços internacionais. A influência é
pequena, mas existe. O Brasil, nos últimos dois anos,
vem aumentando a sua participação no mercado
internacional como exportador e a recuperação
do preço do cereal aumenta a competitividade do país
nesse mercado. "O grande empecilho nesse momento é
a política de manutenção da baixa relação
cambial", indica.
O maior impacto dos preços internacionais no mercado
doméstico ocorre com relação às
importações. Quando os preços do arroz
no mercado internacional estão baixos e existe um déficit
no abastecimento doméstico, ocorre uma diversificação
das origens do produto importado. Além das tradicionais
importações do cereal uruguaio e argentino,
ocorre também a entrada de arroz americano, vietnamita
e tailandês.
Para o ano comercial 2007/2008, a projeção é
de um significativo aumento das importações
e redução das exportações de arroz
no Brasil. "Isso porque a produção (2006/2007)
deve ser mais uma vez inferior à demanda doméstica
e os estoques iniciarão o ano comercial com um volume
41,5% menor. Além da necessidade física de adquirir
arroz para abastecer o mercado interno, existirá também
um forte interesse em buscar fontes mais baratas, já
que no Brasil o arroz deverá estar bastante valorizado",
antecipa Barata.
Algodão
Para
o algodão, o quadro de oferta e demanda é bem
mais folgado do que para as outras commodities, resultado
em estoques tecnicamente altos. O estoques de passagem da
safra 05/06 para 06/07 são de 53,81 milhões
de fardos (217,7 kg cada), representando cerca de 46,4 % da
demanda, o que é um número considerado elevado
pelo mercado.
Mas a tendência para 2007 é de uma redução
dos estoques para cerca de 51,05 milhões de fardos,
frente a um consumo de 120,88 milhões de fardos, o
equivalente a 42,2% da demanda, que se aproxima do patamar
"psicológico" de 40% de estoques em relação
ao consumo. "A queda dos estoques para a temporada 06/07,
espera-se, será via aumento do consumo da China, que
vem apresentando taxas impressionantes de incremento na demanda.
O consumo chinês para 06/07 é estimado em 50
milhões de fardos, o que significa 41%,3 da demanda
mundial", informa o analista Miguel Biegai Júnior.
Os preços do algodão no mercado interno têm
estreita relação com as flutuações
dos preços internacionais. A redução
dos estoques mundiais para 06/07 deve trazer suporte para
as cotações, tanto no mercado externo, como
no Brasil. No entanto, caso venha a ocorrer uma produção
muito grande no Brasil (em relação à
demanda e exportações), os preços podem
acabar sendo balizados por paridade de exportação,
o que tende a significar cotações mais baixas
que as praticadas na temporada 05/06.
As exportações do Brasil na temporada 06/07
tendem a ser maiores do que em 05/06. Estimativas indicam
exportações de 500 mil toneladas ou mais a serem
destinadas para embarque ao mercado externo, frente às
cerca de 380 mil toneladas da atual temporada. "No entanto,
as importações podem recuar em função
da maior disponibilidade interna", conclui Biegai.
Cana
A safra
de cana-de-açúcar na região Centro-Sul
do Brasil apresentou um crescimento em produto (açúcares
totais) de 13,9%, sendo 10,14% na moagem de cana, 17% na de
açúcar e 11,2% na produção de
álcool. Isso resultou numa produção de
371 milhões de t de cana contra 336,9 da safra anterior,
25,8 milhões de t de açúcar contra os
22,0 milhões do último período e 15,9
bilhões de litros de álcool, superando os 14,3
bilhões de litros da última safra. O mix de
produção entre os produtos foi de 50,4% para
álcool e 49,6% para açúcar, compatíveis
com os números apresentados na previsão inicial
de maio de 06, revisada em setembro de 06.
Para o presidente da Única, União da Indústria
de Cana-de-Açúcar, Eduardo Pereira de Carvalho,
os números confirmam a confiabilidade das previsões
da entidade e se devem à metodologia empregada, com
imagens de satélite e pesquisa de campo, cuja concretização
é fruto de parcerias da Unica com o CTC Centro
de Tecnologia Canavieira; Inpe Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais e Cepea/Esalq-USP. O crescimento de 1
bilhão de litros no consumo de álcool hidratado
foi anulado pela redução de 1 bilhão
de litros no de anidro, resultado da redução
da mistura de álcool na gasolina de 25% para 20% em
março de 2006, teor que foi aumentado para 23% em novembro.
Para a safra 07/08, a expectativa é de que grande parte
da produção de cana seja destinada à
produção de álcool, resultando, portanto,
numa safra mais alcooleira que a atual. A participação
do álcool aumentou na safra 06/07 de cana-de-açúcar
na região Centro-Sul do Brasil para 50,12%, devido
às condições climáticas favoráveis
ao processamento. Já a participação do
açúcar ficou em 49,88%, de acordo com levantamento
da Unica. A moagem de cana da região Centro-Sul da
safra 06/07 atingiu 365,4 milhões de toneladas, volume
10,19% acima dos 331,6 milhões de toneladas do mesmo
período da safra anterior. A produção
de açúcar somou 25,6 milhões de toneladas
17,13% a mais que os 21,8 milhões de toneladas
de igual período da safra 05/06.
Foram produzidos 15,6 bilhões de litros de álcool,
11,01% a mais que os 14,1 bilhões de litros da safra
anterior. A produção do hidratado ficou em 8,4
bilhões de litros 21,39% acima dos 6,9 bilhões
da safra anterior, enquanto a de anidro ficou em 7,3 bilhões
de litros, 1,06% amais que os 7,2 bilhões de litros
do mesmo período da safra 05/06.
O Açúcar Total Recuperável (ATR) por
tonelada de cana ficou em 147,20, o que representa aumento
de 3,34% em comparação com 142,45 do mesmo período
da safra passada.
Somos o maior produtor e exportador mundial de açúcar
e álcool, observa o ministro da Agricultura Luiz
Carlos Guedes Pinto. Hoje, acrescenta, esse é um dos
setores que mais atraem investimentos para o agronegócio
nacional. Em 2006, foram instaladas 12 novas destilarias no
País e outras 16 devem entrar em funcionamento neste
ano. As novas agroindústrias se concentram na região
Centro-Sul, principalmente em São Paulo. Isso
representa mais emprego e renda para o setor sucroalcooleiro.
O Brasil tem 360 unidades produtoras de açúcar
e álcool, que tem uma renda anual de R$ 40 bilhões
e empregam diretamente cerca de um milhão de trabalhadores.
Café
Após
a crise e o desequilíbrio estrutural que marcou o início
do novo século, os últimos anos foram de reajustes,
com produção ficando abaixo do consumo e, por
isso, de estoques em queda. Para esse ano, espera-se uma recuperação
na produção, que deve gerar excedente, após
anos de déficit na produção.
A Organização Internacional de Café (OIC)
aponta produção de 120 a 122 milhões
de sacas, com consumo projetado em 2006 em 116 milhões
de sacas. Uma sobra de 4 a 6 milhões de sacas, segundo
a OIC. Esse excedente deve ser utilizado para recompor os
baixos estoques de passagem na temporada anterior. A OIC projeta,
atualmente, estoques de 18,89 milhões de sacas entre
os exportadores e ao redor de 20 milhões junto aos
importadores. No total seriam, 38,89 milhões de sacas
estocadas.
"O próximo ano deve ser de carência na oferta,
diante da projeção de uma safra pequena no Brasil.
Ano de carga baixa e problemas na florada antecipam uma menor
produção brasileira em 2007, que, dada a importância
do Brasil no quadro mundial da oferta, deve repercutir sobre
a produção global. Antecipa-se, então,
um ano de produção abaixo da necessidade outra
vez, o que deve levar a nova recuo nos estoques", projeta
Gil Barabach.
A evolução da produção mundial
depende principalmente dos movimentos de oferta do Brasil,
cuja safra alterna anos de produção em alta
com outro de produção em baixa. O consumo, apesar
da melhora nos últimos dois anos, ainda evoluiu de
forma quase estagnada. Com isso, os períodos de excedente
ou de carência são determinados pela oscilação
da produção, com especial destaque ao tamanho
da produção brasileira. "O consumo, nesse
sentido, tem pequena participação no contexto
geral dos estoques, pelo menos tem sido assim nas últimas
décadas", completa.
A menor produção e a queda nos estoques no próximo
ano já vêm oferecendo suporte às cotações
do café no mercado mundial, com tendência positiva
devendo se estender ao longo dos próximos meses, pelo
menos até junho de 2007, quando do avanço da
safra nova. A menor safra brasileira deve reduzir as exportações
do país e mundiais ao longo da temporada 2007/08, que
tem inicio em julho e termina em junho de 2008.
O secretário de Produção e Agroenergia
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
Linneu Costa Lima, fez um balanço do mercado do café
no Brasil nos últimos quatro anos. Entre 2003 e 2006,
o Brasil produziu 143,6 milhões de sacas do produto,
dos quais 103,1 milhões foram exportados, gerando uma
receita de US$ 9,4 bilhões no período. O consumo
interno em quatro anos foi de 60,6 milhões de sacas.
De acordo com o secretário, o orçamento do Fundo
de Desenvolvimento da Economia Cafeeira (Funcafé) foi
de R$ 4,155 bilhões entre 2003 e 2006, dos quais R$
16,4 milhões aplicados em publicidade e R$ 33,3 milhões
em pesquisa. Os recursos do Funcafé investidos em pesquisa
incluem o trabalho desenvolvido pela Embrapa no seqüenciamento
de genomas. O sequenciamento permitirá à
Embrapa detectar, por exemplo, as virtudes de uma variedade
de café quanto à resistência a seca, pragas
e doenças, sabor, aroma e produtividade, explicou
Costa Lima.
Com relação aos preços, o secretário
informou que nos últimos quatro anos a política
anticíclica do governo federal permitiu um crescimento
gradual, contínuo e estável nas cotações
do produto. Em 2003, o preço da saca de café
era de R$ 173,00 e em 2006 chegou a R$ 246,00. O preço
médio foi de R$ 229,00. Cerca de 80% desta estabilidade
se deve ao trabalho sério desenvolvido pela Conab no
levantamento da safra de café, que deu credibilidade
às informações e reduziu os movimentos
especulativos, enfatizou Linneu Costa Lima.
O diretor de Departamento do Café, Vilmondes Olegário,
disse que foram transferidos nesta sexta-feira para os agentes
financeiros R$ 167 milhões liberados para custeio da
safra no final de novembro pelo Conselho Monetário
Nacional (CMN). O valor é parte de um total de R$ 350
milhões aprovados pelo conselho.
Ao comentar sobre a variação dos financiamentos
para o setor, o diretor informou que, além dos R$ 167
milhões para o custeio, foram destinados R$ 337 milhões
para a colheita, R$ 778 milhões para estocagem, R$
239 milhões para financiar aquisição
de café pela indústria, num total de R$ 1,522
bilhão repassados para os bancos. Desse montante, R$
1,350 bilhão poderão ser utilizados para estocar
8 milhões sacas. Cerca de 50% do volume deverão
ser comercializados em 2008, comentou Olegário.
Linneu e Vilmondes informaram ainda que o Conselho de Desenvolvimento
da Política do Café (CDPC) deverá avaliar
se o Brasil deve investir na promoção do café
brasileiro no Japão a partir do próximo ano.
A proposta foi feita ao secretário e ao diretor durante
encontro com representantes da cadeia produtiva japonesa de
café esta semana em Tóquio.
Segundo o secretário, a proposta é de que a
partir da promoção do café brasileiro,
haja um crescimento gradual de 2% ao ano nas vendas do produto
para o Japão durante cinco anos. Atualmente, o Brasil
exporta 2 milhões de sacas para o país asiático
por ano.
Os empresários querem iniciar a campanha em 2007,
com repercussão maior em 2008, para dar ênfase
às comemorações do centenário
da migração japonesa no Brasil, que ocorreu
em função da cafeicultura, acrescentou
Vilmondes Olegário. A idéia é de que
a promoção do café brasileiro no Japão
seja financiado pela iniciativa privada, tanto brasileira
quanto japonesa, complementada, se for necessário,
com recursos do Funcafé.
Fruticultura
A
fruticultura foi outro setor que expandiu as exportações
nesse período. Os embarques de frutas, incluindo nozes
e castanhas, passaram de US$ 400 milhões em 2002 para
US$ 702 milhões em 2006. O crescimento dessa
cadeia produtiva no mercado mundial foi impulsionado pelo
programa de Produção Integrada de Frutas (PIF),
coordenado pelo ministério. Com o PIF, reduzimos os
índices de aplicação de substâncias
agroquímicas nos pomares, oferecendo aos consumidores
frutas mais saudáveis e seguras, além de contribuirmos
para preservação ambiental e para a saúde
do trabalhador, comenta o Ministro da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, Luiz Carlos Guedes Pinto.
Carne
Apesar
da febre aftosa e do temor da gripe aviária chegar
ao Brasil, as exportações brasileiras de carne
apresentaram em 2006 um crescimento de 5,5%. De acordo com
dados da balança do agronegócio divulgados hoje
pelo Ministério da Agricultura, as vendas externas
de carnes passaram de US$ 8,2 bilhões em 2005 para
US$ 8,6 bilhões em 2006. Enquanto cresceram as exportações
de carne bovina, diminuíram as vendas de carne de frango
e suína.
As exportações de carne bovina "in natura"
aumentaram, no período, 29,6% - de US$ 2,4 bilhões
para US$ 2,4 bilhões. "Esse aumento ocorreu apesar
dos efeitos dos focos de febre aftosa identificados em outubro
de 2005 no Mato Grosso do Sul e Paraná", ressaltou
o ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto.
Pelos cálculos do Ministério da Agricultura,
a expansão das vendas externas de carne bovina "in
natura" é decorrente do aumento de 12,9% da quantidade
exportada e de 14,8% nos preços.
Frango
Dados
recém-divulgados pela UBA revelam que o alojamento
brasileiro de matrizes de corte encerrou 2006 registrando
um novo recorde, já que no mês foram alojadas
3.584.812 matrizes de corte, volume 4,66% e 2,71% superior
aos registrados, respectivamente, em dezembro de 2005 e em
novembro de 2006. Bastante significativo, o volume de dezembro
significou acréscimo de quase um milhão de cabeças
sobre o alojamento de abril (2,635 milhões de matrizes),
os dois números ilustrando a grande variação
de alojamento ocorrida no ano.
Em função desse resultado, 2006 foi encerrado
com um alojamento total de 38,398 milhões de matrizes
de corte, volume que corresponde a um incremento de 4,73%
sobre os 36,664 milhões de cabeças alojados
em 2005.
Note-se, aqui, que o alojamento médio de 2006 (3,200
milhões de cabeças/mês) correspondeu,
aproximadamente, ao alojamento médio do segundo semestre
de 2005 (3,206 milhões de cabeças/mês,
19,237 milhões no semestre). Mantida a mesma escrita
em 2007, o alojamento do ano pode chegar aos 40 milhões
de cabeças (4,4% de aumento sobre 2006), já
que o alojamento do segundo semestre do ano passado totalizou
20,039 milhões de cabeças.
Nada impede, porém, que em 2007 se chegue aos 42 milhões
de matrizes de corte, quase 9,5% a mais do que em 2006. Para
isso basta, apenas, manter (sem qualquer aumento) o mesmo
volume do último trimestre de 2006, período
em que o Brasil alojou pouco mais de 10,5 milhões de
matrizes de corte, média de 3,506 milhões/mês.
Já as exportações de carne de frango
"in natura" caíram 12,1%, refletindo o impacto
da gripe aviária nas vendas.
Suínos
Balanço
divulgado hoje pela Associação Brasileira da
Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína
(Abipecs) mostra que a receita obtida pelo Brasil com a exportação
de carne suína no ano de 2006 registrou uma queda de
11,19% em comparação com o ano anterior.
De janeiro a dezembro, a receita acumulada foi de US$ 1,04
bilhão frente aos US$ 1,17 bilhão em 2005. O
volume embarcado de carne suína teve uma retração
similar. Foram exportadas 528.195 toneladas em 2006, contra
625.075 em 2005.
A Rússia continua sendo o principal destino da carne
suína brasileira, respondendo por 51% do mercado no
acumulado do ano. Na comparação com o ano anterior,
a queda nos volumes embarcados para a Rússia foi de
33,86% (267.689 toneladas em 2006 contra 404.738 em 2005).
E a retração da receita das exportações
para a Rússia foi de 22,74% (US$ 622,3 milhões
em 2006 ante US$ 805,4 milhões no ano anterior). Contudo,
o valor médio por tonelada embarcada para a Rússia
apresentou um aumento de 5,10% na comparação
dos dois anos. Se por um lado a Rússia importou menos
carne suína brasileira no ano de 2006, todos os outros
principais compradores aumentaram suas aquisições
de forma expressiva. As exportações para Hong
Kong aumentaram 21%, para a Ucrânia o aumento foi de
130%, Cingapura 52% e para a Argentina 11%. Esses países
somados à Rússia compraram 83% do total de carne
suína exportada pelo Brasil em 2006 e responderam por
85% da receita gerada com essas exportações.
É preciso fazer a lição de casa na questão
sanitária para ganhar novos mercados e reduzir a concentração
nas exportações de carne suína.
O setor não tem grandes expectativas para 2007. O custo
de produção deve-se manter alto neste ano devido
à grande demanda mundial dos dois principais componentes
da ração, o milho e o farelo de soja, o que
pode elevar os preços desses insumos, apesar da previsão
do aumento da safra para este ano.
Com isso, a única alternativa para que os produtores
voltem a ter resultados positivos é o aumento dos preços
recebidos pelo animal. Para tanto é preciso crescimento
da demanda e/ou controle de produção. Neste
início de ano, o mercado suinícola segue lento.
Couro
As
exportações brasileiras de couros cresceram
33% em relação a 2005, aumentando de US$ 1,26
bilhão para US$ 1,69 bilhão, segundo dados elaborados
pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).
O valor já supera o total de US$ 1,5 bilhão
exportado o ano passado. Em volume, os embarques cresceram
25%. Nos 12 meses de 2006, as vendas externas de couros acabados
foram 34% superiores em volume e 40% em receita, quando comparadas
ao mesmo período do ano anterior.
Os principais destinos do couro brasileiro foram a Itália
(participação de 26,43% e crescimento de 51%
ante 2005), China (participação de 20,11% e
aumento de 48%) e Hong Kong (15,39% e elevação
de 23% sobre o período anterior). Outros mercados importantes
para o produto nacional foram os Estados Unidos, Coréia
do Sul, Indonésia, Países Baixos, Portugal,Taiwan
e Vietnã. O maior aumento percentual foi registrado
pela Indonésia, cujas importações cresceram
444%, saindo de US$ 5,9 bilhões para US$ 32,6 bilhões.
Outro país que manteve forte e contínua elevação
das importações do couro brasileiro foi o Vietnã,
com aumento de 234%, de US$ 9,6 bilhões para US$ 32,2
bilhões.
Leite
Como
costuma dizer o economista Eduardo Giannetti da Fonseca, ao
se referir aos impulsos de crescimento do país, tivemos,
no biênio 2005/2006, um típico "voo de galinha"
no setor leiteiro. As exportações, sobre as
quais no início do ano tinha-se expectativas de até
US$ 300 milhões, ficaram na metade disso e, considerando
o comportamento do câmbio, até que o resultado
não foi de todo mal. O resultado na balança
comercial foi de praticamente equilíbrio, pelo terceiro
ano consecutivo, comprovando que, atualmente, o estágio
do país é de auto-suficiência no consumo
de leite, ora importando, ora exportando, mas sem que se alcance,
pelo menos ainda, o status de exportador estrutural, como
na Argentina e outros países.
Também no efeito cambial reside parte da explicação
sobre o porquê dos preços de leite terem estacionado
no patamar médio de R$ 0,50/litro, ainda que com uma
oferta em baixa, resultando, até novembro, com preços
médios nominais cerca de 9,6% mais baixos do que em
2005. Com o dólar valendo R$ 2,15-2,20, o preço
do leite no Brasil, em dólar, ficou em valores relativamente
altos do meio do ano para frente, na casa dos US$ 0,23-0,24/litro,
representando um limite natural para maiores elevações,
sob o risco de aumento das importações.
O ambiente macroeconômico também jogou um balde
de água fria nas expectativas de crescimento de vários
setores. De uma projeção de 5% no início
do ano, devemos terminar 2006 com um modesto crescimento de
menos de 3%, ainda que parte da renda tenha sido melhor distribuída,
em função principalmente dos programas de transferência
de renda.
Chegou-se, enfim, ao final de 2006, com um cenário
mais. Apesar de um ensaio de queda de preços de leite
no mês de dezembro, fruto de um leve aumento de oferta
no Sudeste e Centro-oeste, que vem ocasionando queda acumulada
de cerca de R$ 0,06/litro no leite "spot" desde
a segunda quinzena de novembro, vários fatores levam
a crer que 2007 será melhor.
O primeiro aspecto é a constatação de
que o aumento de oferta tem sido muito tímido e os
preços praticamente se mantiveram, sendo a possível
variação de 2-3 centavos para baixo bem menor
do que os dados históricos para essa época do
ano. Sem dúvida, 2007 iniciará em um patamar
de preços significativamente superior ao início
de 2006. A tendência é de elevação
nos preços; afinal, essa safra praticamente não
aconteceu e já está do meio para o seu fim.
O outro aspecto que sinaliza, para o produtor, preços
melhores em 2007 é a situação do mercado
internacional, que vive um momento de preços bastante
elevados, a ponto de ressuscitar o interesse nas exportações
de leite em pó pelas empresas - e isso com um dólar
de R$ 2,15, algo que seria impensável há um
ano. A brutal elevação dos preços externos
acaba trazendo novamente a competitividade ao setor exportador,
de certa forma compensando o câmbio. Embora possa haver
alguma desaceleração da economia mundial no
primeiro semestre, nada indica que esse cenário de
preços será muito alterado, isto é, deverá
continuar sendo um fator propulsor do mercado e dos preços
internos.
As empresas de laticínios estão trabalhando,
em suas projeções, com preços significativamente
maiores em 2007 do que em 2005, o que, para o produtor, é
uma boa notícia. Porém, do lado dos custos,
a expectativa é de elevação, principalmente
pelo lado das commodities agrícolas.Percebe-se que
a relação de troca, que foi a salvação
da lavoura para o produtor de leite em 2006, não dará
o ar de sua graça em 2007, pois milho e soja devem
ter preços mais altos em 2007.
Saúde
Animal
O
bom desempenho das exportações de carne de frangos,
bovina e até suína e o sucesso das campanhas
oficiais de vacinação contra febre aftosa e
raiva dos herbívoros, coordenadas pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), estão
entre os fatores determinantes para o crescimento da indústria
veterinária em 2006. De acordo com estimativas do Sindicato
Nacional da Indústria de Produtos para Saúde
Animal (SINDAN), o setor encerra o ano com faturamento estimado
em R$ 2,4 bilhões, elevação de 7% em
relação a 2005 (R$ 2,2 bilhões).
Segundo Emilio Salani, presidente do Sindan, esse resultado
positivo também decorre da maior preocupação
dos produtores em relação à saúde
animal. O desempenho da indústria veterinária
resulta de conscientização gradual dos criadores,
cada vez mais conscientes da necessidade dos investimentos
em sanidade para melhorar a produtividade e reduzir os riscos
de enfermidades. Outro fator a ser considerado é a
modernização do parque industrial veterinário
brasileiro, atualmente entre os mais avançados do mundo,
capaz de atender não só às demandas sanitárias
do Brasil como também de outros países,
analisa Salani.
Os produtos veterinários destinados à bovinocultura
foram responsáveis por cerca de 57% das vendas do setor,
ou R$ 1,3 bilhão de reais, ante R$ 1,2 bilhão
no ano passado. O segmento de produtos para saúde animal
da avicultura permanece como o segundo maior, com participação
de 17% ou R$ 408 milhões. Em seguida, vem o segmento
de produtos para animais de companhia, com 11,2% do faturamento
total, o equivalente a R$ 268 milhões.
O crescimento nas vendas de produtos para suínos foi
uma das surpresas positivas em 2006. As vendas do segmento
passaram de R$ 181 milhões (2005) para R$ 220 milhões,
representando agora 9,2% do movimento da indústria
veterinária, contra 8,2% no ano anterior. Esse resultado
reflete recuperação frente à instabilidade
vivida desde 2002. As vendas de produtos para saúde
de eqüinos também registraram crescimento. O faturamento
do segmento totalizou R$ 72 milhões, ou 3% do total.
O mercado de produtos para ovinos e caprinos movimentou R$
62,4 milhões, ou 2,6% do total do setor.
Campanhas
de vacinação
De
acordo com o presidente do Sindan, outro fator importante
para o desempenho positivo da indústria veterinária
em 2006 foi o sucesso campanhas oficiais de vacinação.
Este ano, a venda de vacinas contra febre aftosa deve encerrar
o ano com 373 milhões de doses vendidas, marcando novo
recorde. A venda de vacinas contra raiva dos herbívoros
também apresenta resultado expressivo: a previsão
da indústria é encerrar o ano com cerca de 130
milhões de doses comercializadas, ante 108 milhões
de doses vendidas em 2005.
Em 2006, a indústria veterinária mais
uma vez cumpriu o papel que lhe cabe no combate à febre
aftosa e à raiva dos herbívoros, garantindo
o sucesso das campanhas com a oferta de vacinas em todo o
território nacional, comenta Salani.
Para 2007, o Sindan estima crescimento menor do que o verificado
este ano, atingindo algo em torno de 3% a 4%. Com a
mudança de governo e a indefinição quanto
aos Ministérios, especialmente os ligados ao agronegócio
e à economia, é prematuro estabelecer expectativa
otimista ou pessimista. Somente após conhecer os programas
relacionados à área do agronegócio, será
possível fazer previsões, ressalta o presidente
do Sindan.
Rações
A
indústria de alimentação animal, que
compreende fabricantes de rações balanceadas,
alimentos para animais de estimação (pet food),
premix, suplemento mineral e suprimentos, fechará o
ano de 2006 com um crescimento de 2,5%. Segundo dados do SINDIRAÇÕES,
Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação
Animal, a produção do setor chegará a
48,4 milhões de toneladas.
O crescimento do setor só não foi maior devido
a dois fatores adversos ocorridos no começo do ano.
O primeiro foi o surto de febre aftosa registrado em plantéis
de bovinos no Mato Grosso do Sul e Paraná, que abalou
o preço do boi vivo. As dificuldades enfrentadas pelos
pecuaristas foram sentidas pelos fabricantes de insumos e
de suplementos minerais para a pecuária de corte.
Além disso, o surgimento da gripe aviária em
alguns países da Europa e da Ásia abalou a confiança
do consumidor nestes locais, provocando uma grande redução
no consumo de carnes de aves. O Brasil, que participa com
mais de 40% nas exportações deste segmento,
foi prejudicado pela queda.
Ainda com relação ao mercado internacional,
o setor de alimentação animal deixou a posição
secundária dependendo apenas do crescimento
nas exportações de carnes, leite e ovos, para
crescer no mercado interno e passou a exportar também
produtos para alimentação animal. Em 2006, as
exportações devem representar cerca de US$ 130
milhões, ou 1,4% da produção brasileira.
Em 2005, exportou US$ 120,4 milhões.
Para o próximo ano, as projeções são
de um crescimento maior. As dificuldades enfrentadas
pela agropecuária no início do ano foram superadas
e esperamos crescer entre 6% e 7% bem 2007, conta Mario
Sergio Cutait, presidente do SINDIRAÇÕES.
O grande destaque da indústria de alimentação
animal foi o segmento de pet food, que cresceu 7,58% em relação
mesmo período de 2005. A suinocultura também
teve um desempenho expressivo, com crescimento de 6%. Para
2007, a expectativa é que a avicultura de corte e a
bovinocultura de leite superem as dificuldades deste ano e
cresçam 7% cada uma, seguidas pela avicultura de postura,
que deve aumentar seus negócios em 6%. Já a
projeção para a suinocultura é que ela
registre uma expansão de 5%, enquanto a bovinocultura
de corte deve crescer 3,5%.
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