Além
de representar elevados índices nos custos de produção,
os herbicidas nem sempre produziam os efeitos desejados. Depois
de quase trinta anos, as plantas daninhas não deixaram
de ser um problema para o sistema, mas podem ser controladas,
desde que bem manejadas até mesmo na cultura da soja
transgênica.
O pesquisador da Embrapa Soja, Dionísio Gazziero, lembra
que é preciso alertar os produtores, que decidiram
plantar a soja transgênica, para que nunca se esqueçam
dos manejos necessários na hora do plantio. Para ele,
o manejo da RR tem que seguir os mesmo realizados com o plantio
de soja convencional. Algumas mudanças no trato, é
claro, poderá ocorrer. Mas, o cultivo da soja RR muda,
principalmente com o manejo com as plantas daninhas.
"A modificação começa porque temos
agora uma semente geneticamente modificada, para tolerância
ao herbicida glifosato, que até o momento era utilizado
em forma ampla em áreas sem cultura para dessecar as
ervas daninhas. Na realidade, a mudança começa
pela soja que já resiste ao herbicida", lembra
o pesquisador.
No entanto, o produtor precisa de um pouco mais de atenção
na hora do manejo. "Uma vez tendo a soja modificada,
ao herbicida glifosato, o produtor utiliza este na cultura.
No passado, com a soja convencional era possível conseguir
40 alternativas para que o sojicultor pudesse fazer as combinações
de herbicidas em função de cada problema que
aparecesse na propriedade. Agora, existe um produto (o transgênico)
que na realidade tem grande ação no campo",
argumenta.
Com a soja transgênica, o que muda é que o sojicultor
não precisa combinar os produtos. Na realidade, o produtor
tem facilidades na hora do manejo de plantas daninhas. "Quando
me refiro ao manejo, falo de gerenciamento do problema com
ervas daninha. Não é simplesmente a aplicação",
diz. "É muito importante que o produtor perceba
isto, porque pode até eventualmente se cria a 'falsa
impressão' de que com a nova tecnologia, se pode tudo.
O que na realidade, os conceitos básicos da área
de plantio é que tem que continuar nos mesmos moldes,
como era feito antes".
Para atender às necessidades básicas da cultura,
os cuidados com o plantio da soja deve incluir a rotação
de cultura, o manejo de cultura de inverno, entre outras ações.
"No campo, é preciso que o produtor esteja em
alerta no que pode aparecer, como o problema é o que
chamamos de banco de sementes de erva daninhas, ele pode surgir
no período de inverno, principalmente nas regiões
que chove ou aonde tem milho safrinha. Em geral, os produtores
não se preocupam com o controle das ervas daninhas,
neste época, e diante destas condições
podem surgir um aumento das plantas daninhas. E preciso administrar
as pragas, dentro da cultura".
Entre uma cultura e outra, o produtor não deve abandonar
a área, em termo de controle das daninhas. "O
que temos hoje são plantas que se reproduzem em pouco
espaço de tempo. Ou seja, na realidade se reproduzem,
e quando a infestação é grande a dificuldade
para eliminá-las, sem dúvida, também
será", diz Gazziero.
Na soja RR, do glyphosate pode ser usado como pós-emergente
no controle tanto de espécies de folha larga com folha
estreita. Conforme registro do produto Ministério da
Agricultura, a dose pode variar de 0,5 a 2,5 litros. De acordo
com o pesquisador Dionísio Gazziero, da Embrapa Soja,
os produtores podem fazer uma aplicação única
20 a 30 dias após a emergência - ou aplicação
seqüencial - sendo a primeira cerca de 15 dias após
a emergência da soja e a segunda de 10 a 15 dias depois
da primeira.
De acordo com o pesquisador, a opção por uma
dessas duas possibilidades depende das condições
específicas de cada área e deve ser feita análise
individualizada. O ideal é que o agrônomo responsável
pela área avalie a situação da lavoura,
como nível de infestação e das espécies
de plantas daninhas presentes na lavoura, antes de fazer a
recomendação.
Apesar da soja RR ser opção para lavouras com
alta infestação de plantas daninhas, existem
relatos, no Rio Grande do Sul, de azevém resistente
ao Glyphosate. Além disso, a trapoeraba, a corda da
viola, a erva de toro e a erva de Santa Luzia são consideradas
tolerantes ao produto. "Para evitar esses problemas,
é importante que se faça rotação
de mecanismos de ação de herbicidas, e até
a rotação de herbicidas".
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