Por:
Paulo Roberto Soeiro*
A cana de açúcar é largamente utilizada
por criadores como volumoso durante a seca, já que
a cultura apresenta sua maturidade durante o período
mais crítico para alimentação do gado.
Com a possibilidade de ser ensilada, a cana de açúcar
agora se torna disponível para utlização
durante todo o ano. Diversos aspectos tem motivado a ensilagem
de cana de açúcar, proporcionando um volumoso
de custo muito baixo, além de uma qualidade nutricional
surpreendente, quando comparado à própria cana
fresca. Os principais fatores para a ensilagem estão
relacionados aos aspectos de baixo custo do volumoso para
ser utilizado durante todo o ano, à melhoria do manejo
do gado, dentro da propriedade e, por fim, ao próprio
manejo do canavial, que passa a ter uma produtividade muito
maior.
Para se ter uma idéia de custos, a tonelada de matéria
seca, por exemplo, em uma cultura de milho para ensilar, fica
em torno de R$ 176,00/Ton MS enquanto a tonelada de matéria
seca da cana de açúcar com corte manual fica
em torno de R$ 120,00/Ton MS (30% mais barato). Se considerarmos
a colheita com corte mecanizado, a tonelada de matéria
seca cai para R$ 87,00 (na prática a metade do preço).
O resultado final dessa comparação significa
que, apesar de termos que corrigir a diferença nutricional,
quando utilizamos silagem de cana, ainda fica muito mais barato
do que quando comparamos com os custos em uma dieta com silagem
de milho. Estudos finalizados em dezembro de 2004 demonstraram
que o custo do litro de leite produzido em sistemas que utilizaram
silagem de cana como volumoso mostrou ser o menor, dentre
os sistemas avaliados (cana fresca e silagem de milho).
Outro ponto favorável na adoção de silagem
de cana refere-se a um menor manejo necessário no arraçoamento
dos animais no dia a dia, sendo muito mais fácil concentrar
todo o trabalho em um período curto, ensilando próximo
aos animais do que ter que efetuar o corte diário da
cana no campo, além de se precaver de riscos como quebra
de máquinas, tombamento, fogo ou geada que podem acometer
o canavial, perdendo-se toda a cultura.
Um fator que merece grande importância na análise
da decisão de ensilagem da cana está relacionado
ao manejo do canavial. Quando o corte da cana é realizado
de uma única vez, o manejo de aplicação
de herbicidas, adubos e controle de pragas é extremamente
facilitado, e isto acaba resultando em uma maior produtividade
do canavial, assim como sua longevidade. Relatos de aumento
de produtividade em torno de 25% à 30% por corte, além
de dois cortes adicionais no ciclo do canavial, têm
sido frequentes, fazendo com que os custos de matéria
seca se reduzam mais ainda, quando comparados à outras
culturas. Com a ensilagem, também é possível
o armazenamento de sobras de cana que não foram totalmente
utilizados durante o período da seca.
A possibilidade de se conseguir uma silagem de cana de boa
qualidade iniciou-se com trabalhos desenvolvidos na ESALQ/USP
durante o ano de 2003, se tornando realidade a partir da descoberta
da ação de um microrganismo, o Lactobacillus
buchneri (LALSIL CANA), que tem uma eficácia surpreendente
quando aplicado em silagens de cana. Tentativas anteriores
de se ensilar cana resultavam em um material com altas quantidades
de alcool, perdas muito grandes e diminuição
da ingestão pelos animais, o que desencadeava um resultado
de produção de carne e leite abaixo do desejado.
Nos trabalhos de pesquisa desenvolvidos pela ESALQ/USP, em
conjunto com a Lallemand Animal Nutrition, foi possível
avaliar a ação de diferentes produtos para a
conservação da cana de açúcar,
sendo que o Lactobacillus buchneri (LALSIL CANA) foi o único
microrganismo capaz de proporcionar uma boa conservação
da forragem, aliado a um ótimo consumo pelos animais.
Um outro aspecto é que o produto é aprovado
para agricultura orgânica, não é tóxico
nem corrosivo, podendo ser manuseado com muita segurança
para o animal e o aplicador.
(*) Médico veterinário e Gerente Brasil da Lallemand
Animal Nutrition.
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