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CARNE - AUMENTO DE CUSTOS PREJUDICA A PECUÁRIA DE CORTE
rev 79 - agosto 2004

Ao sancionar o projeto, o Presidente da República vetou o inciso que isentava rações e suplementos minerais desses dois tributos, conforme estabelecia texto aprovado pelo Congresso Nacional. "Isso vai encarecer em 9,25% esses insumos. O resultado final é um aumento de 1,3% sobre o custo de produção de carne bovina, reduzindo a competitividade do setor, justamente em momento de crescimento das exportações.", afirma o presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira.

A pecuária de corte é atingida principalmente pela exclusão dos complementos minerais da lista de insumos isentos de PIS e Cofins. Isso ocorre porque o sal mineral representa 15% do custo de produção do setor, conforme pesquisa da CNA e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). Trata-se, portanto, de um dos itens que mais pesam na formação do custo de produção do setor, perdendo apenas para os gastos com mão-de-obra, explica Nogueira. O aumento de preço do sal mineral, portanto, atinge diretamente a formação de renda do setor e, conseqüentemente, a competitividade da pecuária de corte brasileira.

Mesmo sem a taxação de 9,25% de PIS e Cofins, o insumo já acumulava fortes altas desde o início do ano. O "Indicadores Pecuários", estudo da CNA e Cepea, indica alta de 7,25% no preço do sal mineral durante o primeiro semestre. Os custos operacionais totais do setor subiram 3,75% no período. De janeiro a junho, entretanto, o preço pago pelo boi gordo ao pecuarista caiu 1,54%. "Isso significa perda de renda para o produtor, o que desestimula investimentos no setor", diz Nogueira. O estudo considera variações de preços em nove Estados (GO, MG, MT, MS, PA, PR, RS, RO e SP), onde estão 78% do rebanho nacional, de 190 milhões de cabeças.

Apesar da queda de renda no setor, a CNA mantém a projeção de que o Brasil vai bater novo recorde de exportações em 2004, com remessas de 1,5 milhão de toneladas (pelo conceito "equivalente-carcaça"), gerando receitas de pelo menos US$ 2 bilhões. Os dados consolidados do primeiro semestre reforçam a estimativa da CNA. Entre janeiro e junho, as exportações de carne bovina somaram 801,9 mil toneladas, 28,6% a mais que em igual período do ano passado. Em valores, as remessas do setor representaram receita de US$ 1,08 bilhão, número 69% maior que os US$ 643,7 milhões registrados no primeiro semestre do ano passado.

Somente em junho, o Brasil remeteu 159,3 mil toneladas de carne ao Exterior, 57% a mais que as 101,5 mil toneladas, em junho do ano passado. Essas exportações somaram US$ 222,3 milhões; 560 a mais que os US$ 110,8 milhões de junho de 2003. "Os dados confirmam a nossa expectativa de que os embargos da Rússia e da Argentina não prejudicariam as exportações", diz Nogueira. O valor médio de venda de carne in natura destinada à exportação, que era de US$ 1,738 por tonelada em junho do ano passado; subiu 28%, atingindo US$ 2.222 por tonelada, em junho deste ano. O preço médio de venda de carne bovina industrializada subiu 12%, saltando de US$ 1.938 por tonelada, em junho de 2003; para US$ 2.175 por tonelada, no mês passado.


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