Para os especialistas as razões desta retomada deve-se
à grande capacidade de produção agrícola
do estado, aliada ao desenvolvimento técnico e a conscientização
de pessoas envolvidas, no intuito de organizarem-se em prol
do progresso do setor.
Tal
interesse em relação à manutenção
e ao aprimoramento do segmento no estado, foi demonstrado
com o I Fórum de Agricultura e Agronegócio do
Rio Grande do Sul. O evento realizado entre os dias 15 e 18
de junho neste ano, foi coordenado pela Embrapa Clima Temperado,
Câmara de Dirigentes Lojistas, Prefeitura de Pelotas
(RS) e Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento.
O evento contou com a participação de cerca
de 600 pessoas, declararam os organizadores, no auditório
onde discutiram assuntos das cadeias produtivas do leite,
fruticultura de clima temperado e arroz irrigado. Segundo
eles o objetivo geral do fórum era proporcionar amplas
e abrangentes discussões sobre o agronegócio
e o mercado internacional, ressaltando a importância
destes para o desenvolvimento socioeconômico do Estado,
bem como da inserção de avanços tecnológicos
nos diferentes segmentos das cadeias produtivas enfocadas,
traduzíveis em qualidade, produtividade e agregação
de valores.
De acordo com os dados divulgados pela FEE (Fundação
de Economia e Estatística) do Rio Grande do Sul o Produto
Interno Bruto (PIB)gaúcho apresentou, em 2003, um crescimento
nominal de 20,5% e uma taxa real de 4,7%, atingindo o valor
de R$ 130,7 bilhões. A Agropecuária, com uma
participação de 14% no Valor Adicionado Bruto
(VAB), foi o setor de destaque do ano, com uma taxa de crescimento
de 18,5%. Esse desempenho expressivo, segundo a fundação,
foi resultado, principalmente, dos crescimentos nas produções
de milho (39,1%), soja (70,7%) e trigo (83,8%), cujos aumentos
em suas produtividades foram de 43,8%, 57,2% e 39,8%, respectivamente,
no último ano.
Para Jorge Rodrigues, Diretor Financeiro da FARSUL (Federação
de Agricultura do estado do Rio Grande do Sul) e Presidente
da Comissão de grãos da entidade, a perspectiva
para a próxima safra desses produtos é otimista.
Em relação ao Trigo a opinião é
semelhante do pesquisador da Embrapa Trigo, Benami Bacaltchuk,
que acredita num crescimento de 12% da colheita, de 2003 para
2004.
Segundo o pesquisador no último ano o estado foi responsável
por 1,1 milhão toneladas, num total de 5,9 milhões
toneladas da produção nacional. Este ano estima-se
a produção de 2 milhões a 2,5 milhões
toneladas do produto, declara. "O Rio Grande do Sul participa
em 40% do trigo brasileiro, tendo 1,150 milhão hectares
plantados", afirma Benami, o qual atribui respectivo
desenvolvimento ao potencial de área e ao ganho de
conhecimento em ciência e tecnologia.
Benami Bacaltchuk avalia que pelo aumento da demanda por alimento,
gerado do crescimento da população mundial,
em breve haverá a necessidade de 50% a mais de trigo.
Entretanto ele acredita que para o país, não
apenas o Rio Grande do Sul, atender a exigência da expansão
do mercado consumidor é preciso ultrapassar alguns
entraves comerciais do produto, como a garantia de acordos.
Outro produto importante é o arroz, sendo o estado
considerado o maior pólo de orizicultura do país.
Marco Aurélio Marques Tavares, Diretor de Mercado da
Federarroz, Consultor e Presidente da Associação
de arrozeiros de Santo Antônio da Patrulha e orizicultor,
conta que atualmente o Rio Grande do Sul possui uma área
de 1,30 milhão hectares plantados, respondendo por
50% da produção nacional e com 43% do produto
no Mercosul. Ele afirma que "há 12 mil arrozeiros
situados em 133 municípios da metade Sul do estado
e um total de 208 agroindustriais envolvidas na atividade".
Segundo Marco Aurélio esta cultura representa 3% do
PIB riograndense.
De acordo com Tavares neste ano o Brasil terá uma safra
de 12,7 milhões de toneladas para atender o consumo
interno de 12,6 milhões de toneladas. Os produtores
do Rio Grande do Sul esperam exportar o excedente de 100 mil
toneladas. A América do Sul e Central, o Leste Europeu,
a África e o Oriente Médio estão entre
os mercados alvo dos arrozeiros gaúchos.
Para Marco Aurélio hoje a oferta do produto no mundo
é inferior a demanda e o aumento indiscriminado de
área no Mercosul preocupa pela geração
de um crescimento ainda maior da produção, aumentando
os riscos em relação ao seu comércio.
Com o momento de valorização do arroz os produtores
estão buscando o mercado externo, ele afirma, esperando
preços firmes da comercialização do produto
e com uma paridade entre os mercados externo e interno.
O Rio Grande do Sul continua sendo o terceiro maior produtor
de soja do país, afirma Diretor Técnico e Analista
de Soja da agência SAFRAS & Mercado, Flávio
Roberto de França Júnior. Apesar da queda na
produção da soja, registrada em decorrência,
principalmente, da estiagem no estado. O primeiro ainda é
o Mato Grosso que tem uma área de aproximadamente 4
milhões de hectares, uma produção de
cerca de 13 milhões de toneladas e produtividade média
de 3.100 kg/ha, seguido do Paraná que possui uma área
plantada de 3,5 milhões de hectares, produtividade
média de 3000 kg/ha e produção de 10,
6 milhões de toneladas aproximadamente, declara o analista.
Com uma área semelhante ao Paraná o Rio Grande
do Sul possui 2,9 milhões de hectare plantado, o produtor
gaúcho produz em média 2200 kg por hectare,
totalizando uma produção de cerca de 7 milhões
de toneladas, assim afirma Flávio Roberto. Segundo
ele do total de 19,9 milhões toneladas exportadas do
produto em grão na última safra o estado teve
participação com 3,792 milhões de toneladas.
Em relação a exportação do produto
em farelo foram 13,601 milhões de toneladas, desses
1,835 milhão de tonelada é produção
gaúcha. Já a exportação nacional
de soja em óleo foi de 3,485 milhões de toneladas,
com 522 mil toneladas do estado riograndense, divulga o analista.
Em relação ao milho, de acordo com o Presidente
da Comissão de grãos da FARSUL, Jorge Rodrigues,
a produção no estado está em 5 milhões
de toneladas, do total de 40 milhões de toneladas da
produção nacional, o que representa uma participação
de 20%. Mesmo assim, segundo ele, a produção
gaúcha atende com somente 20% da demanda estadual,
culminando na importação do produto para o abastecimento.
Jorge Rodrigues aponta a perspectiva do aumento de área
plantada, que atualmente é de 1,100 milhão hectares,
o que levará ao incremento de área colhida.
Ele também acredita que, "a manutenção
de área no Rio Grande do Sul, com a rotação
de cultura, o plantio direto, são importantes instrumentos
para uma melhor produção no fator quantitativo
e qualitativo para o estado", conclui o Diretor da FARSUL.
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