Um
requisito importante para que a amostragem seja bem sucedida
é a escolha da área da qual serão retiradas
as amostras simples (também denominadas de sub-amostras).
Áreas mal drenadas, formigueiros, área com acúmulo
de estercos conhecidas como depósitos de adubos ou
áreas de acúmulo de palhada que não representem
a superfície utilizável do solo, devem ficar
de fora da amostragem, observa o engenheiro agrônomo
e pesquisador da Embrapa Solos, Pedro Luiz de Oliveira de
Almeida Machado.
Machado fala que o tipo de solo é um critério
utilizado para a divisão da área ou gleba, mas,
dentro de um mesmo tipo de solo, devido a diferentes coberturas
vegetais, cor do solo , posição no relevo, baixada,
encosta de morro, histórico da área, nova subdivisão
deve ser procedida, pois cultivos diferentes exigem manejos
diferentes tais como a adubação (mineral ou
orgânica) ou o controle de plantas daninhas, pragas
e doenças. Uma recomendação do técnico
é que o produtor rural realize a retirada de amostras
tendo o cuidado de delimitar a área a ser amostrada
longe o suficiente 2 a 5 metros em média de rodovias,
estradas rurais, cercas ou depósitos em geral, isso
para solos onde se pratica a olericultura. São necessárias
quinze sub-amostras da camada arável de zero a 20 cm
de profundidade de uma área de 1 a 2 hectares em casos
de grande uniformidade do terreno, no entanto esse número
pode variar até 4 ha sendo consideradas suficientes.
O pesquisador explica que as sub-amostras devem ser coletadas
em zigue-zague, em pontos distanciados 15 a 20 passos um do
outro e acondicionadas num recipiente plástico limpo,
por exemplo, balde de 5-10 litros ou saco plástico
limpo bem forte. Não é indicado o uso de sacos
plásticos de lixo doméstico, pois eles tendem
a romper-se com o peso. Para posterior composição
da amostra propriamente dita. O princípio é
o mesmo, mas, devido às áreas serem menores,
o distanciamento deve ser menor, contanto, não menos
que 1 metro. A amostra é retirada à profundidade
de 20 cm, devendo representar uma porção uniforme
de 0 a 20 cm. Em áreas ainda não preparadas
mecanicamente através da aração ou gradagem
ou com palhada ou vegetação fechada, deve-se
limpar a superfície do solo nos locais escolhidos para
retirar as sub-amostras, removendo-se folhas, ramos ou galhos
com cautela suficiente para não remover muito solo.
Amostragem nesta profundidade vem sendo normalmente adotada
em sistemas de cultivo convencional, onde o preparo do solo,
para a semeadura de milho, soja, trigo ou feijão, consiste
numa aração seguida de duas gradagens. O técnico
mostra que objetivando averiguar o ambiente radicular no subsolo,
é recomendável ao produtor que se faça
a amostragem nas profundidades de 20-40cm e de 40-60cm. Para
ele, há evidências de que nestas profundidades
a presença de alta quantidade de alumínio associada
à deficiência de cálcio, possam atuar
como uma barreira química, impedindo o crescimento
radicular em profundidade. Em sistemas de plantio direto,
a recomendação ao agricultor é que ele
execute uma amostragem mais estratificada: 0-10cm, 10-20cm,
20-40cm e 40-60 cm. Tal procedimento deve ser adotado também
para pastagens sob manejo intensivo. Isso se deve ao fato
de, no sistema de plantio direto, existir uma tendência
natural de acumulo de nutrientes nos primeiros 0-10cm de camada
superficial da terra, gerados pelo aumento da matéria
orgânica do solo. Em condições de pastagens
sob manejo extensivo, onde raramente se faz adubações
ou renovações, também se recomenda a
amostragem na profundidade de 0-20 cm.
Para culturas perenes, por exemplo, o café e árvores
frutíferas já instaladas em propriedade, retirar
amostras de 0-10cm, 10-20cm, 20-40cm e 40-60cm na projeção
da copa, que é o local da adubação e
outra entre as linhas de plantio ou no centro das ruas. Na
instalação das diferentes culturas, a amostragem
deve ser feita na profundidade de 0-20cm, 20-40cm e 40-60cm.
A amostragem em lavouras de cana-de-açúcar deve
ser feita nas profundidades de 0-25cm e 25-50cm. A adubação
frequente de vinhaça neste sistema torna necessária
uma amostragem também de 0-10cm. A profundidade de
amostragem para solos de várzea deve ser variável
com o tipo de solo e de acordo com a sua diferenciação
vertical. Os solos de várzea são aqueles encontrados
nas planícies dos rios, onde se desenvolveram pela
deposição de sedimentos. Nos solos tipo pouco
húmico, amostragens de 0-20cm e 20-40cm são
suficientes. Nos solos orgânicos, maiores profundidades
devem ser exploradas, sendo importante determinar o substrato
mineral, o que pode ocorrer a partir dos 80 cm, exigindo,
assim, amostragens de 80 até 100cm, principalmente
no início da exploração da várzea.
Em solos onde há reflorestamento, recomenda-se a amostragem
a 0-20cm e 20-40cm.
A composição ideal da amostra se dá pelo
quarteamento do material, ou seja, mistura-se bem as sub-amostras
contidas no recipiente e despeja-se numa folha de plástico
de aproximadamente 70cm por 100cm de lado para, em seguida,
espalhar o material e dividí-lo em 8 áreas.
Descartam-se duas porções de solo de cada lado,
localizadas frente a frente, mas não avizinhadas. O
material restante deve ser novamente misturado repetindo-se
o mesmo procedimento anteriormente descrito até que
se obtenha a quantidade de amostra desejada. Para a análise
de nutrientes, uma quantidade 300-500 g de solo é o
suficiente. Caso o solo apresente grande quantidade de pedras
ou cascalhos há a necessidade de 1-2 Kg de material.
Devido à variabilidade existente na densidade dos solos
de várzea, principalmente nos orgânicos e Gley
Húmico, é importante garantir o envio de amostra
de 500 gramas de solo, mesmo que os volumes encaminhados para
a análise sejam diferentes. No local, a amostra, uma
vez composta, deve ser seca ao ar e à sombra sobre
uma folha de plástico limpa. Em seguida, a amostra
composta é transferida para um saco plástico
limpo, explica o pesquisador.
Um equipamento bastante adequado para a amostragem de solos
é o trado e constitui-se de um tubo de aço leve,
contendo uma fenda lateral ao longo da profundidade a ser
amostrada (normalmente mede 1,50 m) e extremidade inferior
cortante. Possui demarcações a cada 5 cm ao
longo da fenda e, na extremidade superior, apresenta um cabo
disposto em "T". Segundo Machado, existem vários
tipos de equipamentos para a amostragem do solo: o trado holandês,
que tem bom desempenho em qualquer tipo de solo, mas exige
grande esforço físico; o trado de rosca, mais
adequado para solos arenosos e úmidos; o calador, ideal
para amostragem em terra fofa e ligeiramente úmida;
a marreta e o trado tubular, que são instrumentos normalmente
utilizados para solos secos e compactados. A pá de
corte ou pá reta é um equipamento mais disponível
e simples para o agricultor, e que deve ser usado isoladamente
em terra úmida e fofa, ou com o enxadão em solo
seco e compactado. "Há solos extremamente compactados
em que se utiliza uma chibanca, que é semelhante a
um pequeno alvião ou picareta". "Um problema
que se tem freqüentemente observado é o uso de
materiais potencialmente contaminantes e relativamente pesados
para esse tipo de tarefa como o tubo de aço galvanizado
de uma polegada. Ao se proceder a coleta das 15-20 sub-amostras
na área delimitada, o trabalhador que logo entra em
cansaço devido ao peso do equipamento, passa a considerar
a coleta de 7-10 sub-amostras como "bastante adequada"
para a análise. É importante também que
se retire sempre o mesmo volume de terra para cada sub-amostra,
que é transferido para um balde ou recipiente similar"
enfatiza o pesquisador.
A época de amostragem ideal está entre a colheita
e a adubação subsequente. A última adubação,
entretanto, não deve estar muito próxima da
amostragem, onde a adubação orgânica deve
ter sido executada há 8 semanas e a mineral há
4 ou 6 semanas. Após longas precipitações
deve-se esperar de 2 a 4 dias para atingir uma consistência
adequada para a amostragem, pois, do contrário, a mistura
para a obtenção da amostra composta se torna
impraticável. A amostragem de solos pode ser realizada
em intervalos de um a quatro anos. No entanto, o intervalo
das amostragens pode ser diminuído se for observado
algum comportamento diferencial no desenvolvimento da cultura,
determinada gleba receber maior aplicação de
adubo ou houver emprego de novo critério de adubação
ou correção do solo indicados pelos órgãos
de pesquisa ou assistência técnica. De acordo
com o pesquisador da Embrapa solos, alguns nutrientes do solo
como, calcário e fósforo, possuem um longo período
residual, podendo permanecer no ambiente por até 4
anos, demandando assim um número menor de aplicações
do que, por exemplo, os adubos de baixo poder residual como
o potássio e o nitrogênio que necessitam de reposições
constantes. "Para o agricultor, no entanto, a reposição
desses nutrientes não encarece o processo produtivo,
pois a resposta na produtividade por ha. cobre facilmente
estes custos com uma margem folgada que pode variar entre
20 e 30%", observa.
Em áreas irrigadas recomenda-se amostrar o solo anualmente.
Em pastagens, a amostragem deve ser anual em áreas
cultivadas com espécies exigentes como capim colonião,
grama estrela, napier, sob pastoreio. Em áreas com
forrageiras menos exigentes, como braquiárias, andropogon
e capim-gordura, a amostragem pode ser feita com intervalos
de 2 a 3 anos, independentemente do tamanho da amostra, as
amostras oriundas de um maior número de sub-amostras
são melhores que aquelas formadas de poucas sub-amostras.
O técnico chama a atenção para o fato
de que quanto maior for a quantidade da fração
grosseira do solo (cascalhos, pedras e matacões), maior
será a quantidade de sub-amostras a coletar da área
delimitada e mais laboriosa será a tarefa. Com o intuito
de se evitar erros sistemáticos, as sub-amostras devem
ser retiradas transversalmente à orientação
da linha de plantio, preparo do solo ou da adubação.
"Na amostragem e na composição da amostra
composta, cada cascalho, pedra deve ter a mesma chance de
estar presente na amostra composta ou nos passos para a sua
composição, ou seja, cada tipo de fração
grosseira deve ter a possibilidade de constituir a amostra
composta, nas mesmas proporções que as encontradas
no solo amostrado, explica o técnico. É muito
importante que a pessoa responsável pelo serviço
não fume durante a coleta das amostras, pois, as cinzas
do cigarro, podem arruinar o resultado de uma análise
de solo, principalmente com relação aos teores
de potássio".
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