"Esses
valores representam praticamente o dobro de prejuízo
levantado na última safra", calcula o diretor
presidente da Embrapa, Clayton Campanhola.
Antes
da safra, foi detectado o surgimento de uma nova raça
do fungo P. pachyrhizi, causador da ferrugem, o que provocou
quebra de fontes de resistência. Isso inviabilizou o
desenvolvimento de cultivares resistentes à ferrugem.
Outro problema foi a presença contínua desse
fungo na entressafra, em lavouras "safrinhas", no
Cerrado (BA, GO, MA, MG, MT, SP e TO). "Apesar disso,
as chuvas irregulares e as temperaturas elevadas, no início
da safra, evitaram a explosão da ferrugem. Além
do mais, os produtores estavam de prontidão para fazer
o controle químico", diz o pesquisador da Embrapa
Soja, José Tadashi Yorinori.
De acordo com a Embrapa, na safra 2003/04, os estados mais
atingidos com a ferrugem foram Mato Grosso, Goiás,
Minas Gerais e São Paulo. No MT, lavouras com cultivares
precoces e irrigadas por pivô central ou sem irrigação
foram pulverizadas até duas vezes. Em outras regiões,
lavouras não tratadas ou tratadas com deficiência
foram afetadas pela ferrugem, em diferentes graus de severidade.
"Essas áreas também serviram de fontes
de disseminação para áreas vizinhas,
que tinham lavouras mais tardias", explica.
No Paraná, segundo produtor de soja atrás apenas
do MT, a progressão da doença foi impedida pela
forte estiagem e altas temperaturas, em janeiro. De modo geral,
os produtores controlaram adequadamente a doença. A
maior redução da produção de soja
no Estado foi causada pela estiagem. A falta de chuva também
foi a grande responsável pelas perdas econômicas
no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, apesar de registros
da ferrugem.
Dentre todos os Estados afetados, a Bahia foi o que apresentou
maior eficiência no controle da doença. O esforço
concentrado de órgãos de pesquisa pública
e da iniciatica privada permitiu uma ampla divulgação
do problema e das ações de controle a serem
adotadas. "Além de todo o trabalho de divulgação,
foi de fundamental importância a conscientização
dos produtores e a pronta resposta com a adoção
das medidas de controle", aponta Tadashi.
Em outros estados onde as perdas foram elevadas, houve falta
de informação ou de conscientização
sobre os riscos potenciais por parte dos produtores e da assistência
técnica no combate a doença. "Também
detectamos que, ao final da safra, quando o problema tornou-se
grave, houve falta de fungicidas e elevação
exagerada dos preços dos produtos no mercado",
diz.
Pesquisa e assistência técnica Desde 2001, a
Embrapa Soja e as instituições parceiras têm
acompanhamento a evolução da doença,
pesquisando e difundido as medidas de controle. Entre as principais
ações estão: o acompanhamento da ocorrência
da ferrugem durante a safra na entressafra; avaliação
da eficiência de fungicidas no controle da ferrugem
e orientações sobre o uso e momento correto
da aplicação; pesquisas sobre fontes de resistência
genética, avaliação da reação
de linhagens e cultivares de soja à ferrugem, capacitação
contínua de agrônomos, técnicos agrícolas
e produtores de soja, através de cursos, treinamentos,
palestras, dias de campo, atendimento de consultas telefônicas
e pessoais e visitas a lavouras e, principalmente, informações
sobre a ocorrência da ferrugem e providências
a serem tomadas para controle, em tempo real, no Sistema de
Alerta, na página da Embrapa Soja, na internet.
Apesar dos esforços da pesquisa, até o momento,
nenhuma cultivar mostrou-se suficientemente tolerante à
doença. Atualmente, o controle químico é
o mais eficiente, porém, seu uso eficaz e econômico
depende: da capacidade de identificar a doença na fase
inicial; do levantamento e acompanhamento das primeiras ocorrências
e da vistoria contínua das lavouras; da adequação
da densidade de semeadura para maior penetração
do fungicida na folha; da escolha correta do(s) fungicida(s),
em relação a fase de desenvolvimento da soja
e da severidade de infecção; da observação
das condições climáticas no momento da
aplicação; da adoção de equipamento
e tecnologias corretas de aplicação - tanto
para tratamento aéreo como terrestre e da capacidade
operacional para aplicação do fungicida no momento
correto, principalmente, em períodos chuvosos.
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