POR:
MARIA LÚCIA ABREU PEREIRA*
Convido
os pecuaristas a fazer uma dura e fria análise do seu
negócio hoje. Ele está naquele ponto ideal e
não há nada de novo a fazer? Nenhum ajuste,
nenhum investimento, nenhuma melhoria? Duvido. Assim, sugiro
antes de mais nada analisar friamente todos os fatores que
podem interferir positiva ou negativamente na atividade porque,
caros amigos, o amadorismo já não tem mais espaço
- ou, pior, é sinônimo de pesados prejuízos.
Nesse sentido, a tecnologia da informação é
grande parceira do produtor, pois nos mostra as vantagens
da utilização de novas tecnologias. E isso vale
até para as coisas mais simples, como a contratação
de mão-de-obra para a fazenda. Vale mais à pena
contratar sem critério ou investir um pouco mais e
contar com pessoal técnico e qualificado? Já
pararam para avaliar os benefícios em termos de produtividade,
geração de receitas e melhoramento genético
a partir do trabalho de médicos veterinários,
agrônomos e zootecnistas capacitados? Sem contar que
esse time agrega qualidade aos produtos e facilita a gestão
da propriedade, além de diminuir significativamente
os riscos.
E quanto aos pilares da pecuária: nutrição,
sanidade, genética? Qual o real investimento do seu
projeto pecuário? Lembrem-se que a tecnologia existe
para nos ajudar a produzir mais e melhor, gerando mais retorno
econômico. Por isso, vão algumas dicas úteis:
Nutrição - O desenvolvimento corporal do bovino
exige bom pasto, que por sua vez requer solo fértil.
No Brasil, a maioria dos solos necessita de calagem e correção
para fósforo. Já o pasto exige manejo eficiente,
respeitando-se altura de corte, tempo de descanso e resíduo
mínimo após o pastejo. Em caso de degradação,
a solução é reformar ou recuperar os
pastos. Descaso na alimentação é significado
de prejuízo. E atenção para a nutrição
adequada para os períodos das águas e da seca.
Suplementação - Em conjunto com a boa pastagem,
a suplementação mineral é indispensável
para aumentar os índices produtivos do rebanho. Na
Fazenda Mariópolis (Itapira, SP) utilizamos complexos
orgânicos de liberação controlada fornecidos
pelo Programa Boi Verde, da Tortuga. Em nossa última
estação de monta registramos média de
97% de taxa de prenhez e nossos tourinhos ganharam em média
1,059 kg/dia durante teste de performance de 120 dias. Procure
sempre uma empresa que ofereça um programa de suplementação
confiável.
Melhoramento genético - A realização
de um teste de performance identifica os animais que realmente
estão respondendo ao investimento por meio de suas
DEPs (diferenças esperadas na progênie). Quanto
mais positiva for a avaliação para os critérios
desejados maior será a renda do produtor.
Reprodução - Vale salientar aqui que para ter
sucesso na reprodução de bezerros é regra
determinar uma estação de monta. O período
mais aconselhável é de novembro a fevereiro,
época de maior fertilidade das vacas. Além disso,
há também as opções de inseminação
artificial, transferência de embriões e fertilização
in vitro, para quem puder investir um pouco mais e conseqüentemente
lucrar mais.
Controle sanitário - Nenhum mercado vai comprar boi
com aftosa, brucelose ou qualquer outra doença. Então,
muita atenção no calendário profilático
estabelecido pelo Ministério da Agricultura. Lembre-se,
o alimento do boi é o capim; portanto, nada de cama
de frango ou farinha animal na dieta. O mal da "Vaca
Louca" é um perigo iminente.
Rastreabilidade - A rastreabilidade é um caminho sem
volta e os pecuaristas não devem perder tempo. Alguns
frigoríficos já estão pagando cerca de
R$ 1,00 e R$ 2,00 pela arroba do boi rastreado. Mas, ganhar
mercado não é o único benefício.
Os ganhos na gestão da propriedade são inúmeros,
como o maior controle do rebanho e da produção.
Rastreamos o gado desde 2001 na Fazenda Mariópolis.
Produtividade - Para finalizar, uma observação
pessoal em uma década de investimentos na pecuária:
quem não conseguir terminar o animal com menos de 24/30
meses de idade está perdendo dinheiro.
Estar atento às mudanças do mercado, às
novas tecnologias, ter boa assistência técnica
e saber lucrar com os avanços. Conhecimento é
a chave para o sucesso da pecuária e investir em informação
é focar o lucro. Aliás, o momento é oportuno,
já que o Brasil tornou-se o maior fornecedor de proteína
vermelha do mundo.
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Maria Lúcia Abreu Pereira é proprietária
da Fazenda Mariópolis (Itapira, SP), que seleciona
gado Caracu, Bonsmara e Senepol
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