O
feno vem despertando o interesse de muitos pecuaristas, que
encontram nesta prática uma opção viável
para o aumento da produtividade de seus rebanhos e com custos
de produção compatíveis com a atividade
pecuária. O desenvolvimento, pela indústria,
de máquinas modernas e mais eficientes, bem como, a
introdução e cultivo de forrageiras de alto
potencial de produção, elevado valor nutritivo
e mais adaptadas ao processo de corte e secagem têm
contribuído, positivamente, para a difusão do
uso do feno na pecuária bovina.
A engenheira agrônoma da Embrapa, Esther Guimarães
Cardoso, explica que "o processo de fenação
envolve remoção de grande quantidade de água
da planta. O feno pode ser definido como a forragem que sofreu
processo de desidratação até atingir
o teor de umidade que permite se manter estável nas
condições ambientais. O teor de umidade normalmente
está na faixa de 10 a 20%, o que , na prática,
significa estar em equilíbrio com a umidade relativa
do ar". Segundo a especialista atualmente o período
mais indicado para a prática de fenar, em grande parte
do território brasileiro, é de outubro a março,
quando ocorre maior produção aliada ao alto
valor nutritivo das forrageiras. "A idéia de que
a melhor época para a produção de feno
seja a do início da seca é altamente rejeitada,
pois o valor nutritivo das forrageiras diminui sensivelmente
até este período, tornando-as impróprias
para a fenação". "As chuvas que ocorrem
de outubro a março não chegam a impedir a elaboração
do feno". "Não podemos nos esquecer de levar
em consideração a umidade relativa do ar, que
tem estreita relação com a elaboração
de bons fenos. O chamado "ponto de feno" pode ser
atingido naturalmente e depende de umidade relativa em torno
de 60 - 70%. A idade da planta contribui para a determinação
da época do corte, desta forma, o corte pode ser feito
no período que antecede a floração ou
mesmo durante. Este princípio não é básico
para forrageiras que florescem apenas uma vez por ano e proporcionam
mais de um corte econômico. Tem que associar rendimento
e qualidade", alerta Esther Cardoso.
O processo de fenação, tradicionalmente, abrange
três etapas principais: corte, desidratação
ou secagem e armazenamento que pode ser solto ou através
do enfardamento. Em cada etapa deve-se adotar procedimento
correto, em função do tipo de maquinário
utilizado, da espécie forrageira e das condições
climáticas, para que o feno produzido apresente qualidade
satisfatória. Consiste basicamente na desidratação
da forragem verde. A desidratação é mais
acentuada logo após o corte, diminuindo à medida
que atinge valores abaixo de 65% de umidade, até atingir
o ponto ideal, 10 a 20%.
Dentre os fatores que influenciam na qualidade e valor nutritivo
dos fenos, é possível citar a espécie
forrageira, idade da planta, a rapidez na desidratação,
o processo adotado na fenação, a umidade na
ocasião do armazenamento e a forma de armazenamento,
a fertilidade do solo para produção da forrageira
e condições climáticas no momento da
fenação, segundo a engenheira agrônoma.
Ela atenta para alguns pontos a serem considerados, "um
bom feno apresenta como características uma coloração
verde, boa quantidade de folhas, caules finos e macios, a
ausência de mofo e impurezas. As perdas na qualidade
ocorrem quando o feno , após secagem, é armazenado".
"Uma série de trabalhos indicam que perdas na
matéria seca aumentam com a temperatura de armazenagem
e com o conteúdo de umidade do feno. As perdas foram
principalmente, de açúcar, outros carboidratos
solúveis e alguns lipídeos possivelmente, por
desenvolvimento de fungo", acrescenta.
O feno pode ser armazenado, solto ou enfardado em locais ventilados
e livres de umidade. Podem ser aproveitadas as construções
já existentes ou construir galpões rústicos
no campo, levando-se em consideração as facilidades
encontradas na propriedade e o tempo que o feno deverá
permanecer armazenado, segundo especialistas. Em armazenamento
solto o feno é levado à galpões reservados
para este fim ou para as chamadas "médas",
que são montes de feno organizados no próprio
campo de produção, forma de armazenamento mais
indicada para criações extensivas ou semi-extensivas.
Na forma de fardos, o armazenamento pode ser feito em galpões
especiais ou à campo, cobertos com lona ou sapé.
"O material enfardado ocupa menor espaço, tem
melhor conservação, facilita o transporte e
possibilita o controle da disponibilidade de feno. Este método
requer enfardadeira que pode ser manual ou mecânica,
arame ou cordão apropriado, sendo, portanto, mais caro
e trabalhoso do que o armazenamento do feno solto", explica
Cardoso.
Os estudos têm demonstrado que um bom equipamento é
indispensável para reduzir o custo de mão de
obra e para melhorar a qualidade do produto. Antônio
Carlos Sartorelli, da Nogueira S.A., observa que nestes últimos
anos tem-se intensificado o emprego de máquinas para
picar feno, apanhando-o diretamente nas leiras e lançando-o
por meio de um ventilador da própria máquina
para o veículo de transporte. "Às vezes
o feno é transportado sem ser picado até o local
de armazenamento onde, com o auxílio de uma picadeira
do tipo das ensiladeira, é picado e amontoado. A fragmentação
do feno é conveniente para a alimentação
contudo, o valor de um feno de boa qualidade para o gado não
aumenta ao ser picado. Ocorre um aumento do consumo deste
feno. Um animal adulto (300 kg P.V.) consome 6,0 kg de feno
moído ou picado, enquanto integral é de 4,0
kg. O uso do condicionador - secador- é um equipamento
indispensável ao preparo de um bom feno. Ele promove
a aceleração da secagem pelo aumento da superfície
de evaporação da água pelos tecidos da
planta", afirma.
Segundo Sartorelli o corte manual pode ser feito empregando-se
alfange ou segadeira de motor costal. Pode-se também
utilizar segadeiras de tração animal. "O
corte mecânico propriamente dito é feito com
ceifadeiras acionadas por trator, acopladas ao hidráulico
ou de arrasto. Tem altura de corte regulável, largura
de corte variável de acordo com o modelo e rendimento
médio em torno de 2 ha por dia. Existem também
as segadeiras condicionadoras que, ao cortarem, racham os
nós e entrenós da forrageira, proporcionando
secagem mais rápida e uniforme com menores riscos de
perdas de folhas. As roçadeiras também podem
ser empregadas no corte do material, mas podem dificultar
o enleiramento, enfardamento e aumentar as perdas de material
no campo", acrescenta.
"Usa-se fazer o enfardamento do feno no momento de retirá-lo
das próprias leiras com enfardadeira, é necessário
que sejam tomadas determinadas precauções, o
feno deve estar um pouco mais seco que o comum". "É
preferível que sua umidade esteja entre 20 e 22 %.
Os fenos de leguminosas, excessivamente secos, antes do enfardamento
perdem considerável quantidade de folhas. O enfardamento
nas próprias leiras evita boa parte da perda das folhas".
Antônio Carlos sugere que para permitir a ventilação
nas pilhas de fardos eles devem ser colocados na primeira
camada, de lado. A camada seguinte será constituída
de fardos depositados sobre os lados maiores e assim sucessivamente.
Os fardos não devem ser colocados juntos, pois é
necessário deixar um bom espaço entre eles.
"Todo feno solto deverá ser retirado no topo das
camadas de fardos antes de depositar a camada seguinte",
conclui.
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