Segundo
o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Milho
e Sorgo, de Sete Lagoas, MG, Evandro Mantovani, a colheita
tem que ser vista como um sistema e não como uma atividade
isolada, onde todas as atividades como a implantação
da cultura, escolha da cultivar, espaçamento, número
de plantas por hectare, escolha da semeadora, número
de linhas da semeadora e da colhedora, escoamento da safra
do campo, teor de umidade na colheita, secadores, armazéns,
etc tem que ser visto cuidadosamente, e com antecedência,
para que o agricultor não tenha prejuízo durante
a colheita. "Na realidade, a resposta para atender a
um melhor rendimento da colheita tem que atender a dois itens
básicos, qualidade do grão colhido e eficiência
operacional da colhedora", afirma.
Mantovani acrescenta que tecnicamente, a colheita pode ser
realizada a partir da fase do milho, onde ocorre a maturação
fisiológica do grão, fase esta identificada
por um ponto preto no grão, localizado no ponto de
destaque do sabugo. Entretanto, esta decisão é
feita baseado nas condições ou prioridades do
agricultor, em relação a outras culturas e/ou
estratégia de ação, para conta do seu
cronograma de atividades.
Para quem colhe mais úmido, requer um sistema de secagem
para grão e um bom planejamento e adequação
entre taxa de colheita e capacidade de secagem.
Quem colhe mais seco, tem que ter o cuidado com a infestação
dos campos com plantas daninhas e que dificulta muito a colheita;
além disso o controle da velocidade do cilindro é
extremamente importante para não quebrar o grão
excessivamente. "Geralmente, para as condições
brasileiras, o grão pode sido colhido em um teor de
umidade abaixo de 18%. Esta fase é muito boa, pois
o grão ainda está maleável, evitando
quebras excessivas e exige muito pouca secagem", diz
o agrônomo.
Em termos de equipamento o pesquisador que é PhD em
mecanização agrícola, diz que é
preciso haver uma sincronia entre o número de linhas
da plantadeira e da colheitadeira, para que não sobrem
áreas foram da plataforma. Em termos de regulagens
é preciso seguir a recomendação de cada
fabricante, mas existe um setor da colheitadeira que ele considera
como o coração do equipamento. "É
a regulagem do cilindro e côncavo: distância e
velocidade de rotação do cilindro. A distância
entre cilindro e côncavo é de acordo com o diâmetro
médio de espigas e a velocidade de rotação
do cilindro, em função do teor de umidade do
grão.
Mantovani explica que o cilindro adequado para a debulha do
milho é o de barras, e a distância entre este
e o côncavo é regulada de acordo com o diâmetro
médio das espigas. A distância deve ser tal que
a espiga seja debulhada sem ser quebrada e o sabugo saia inteiro
ou, no máximo, quebrado em grandes pedaços.
Outro ponto fundamental diz respeito à relação
entre a rotação do cilindro e o teor de umidade.
A rotação do cilindro debulhador é regulada
conforme o teor de umidade dos grãos, ou seja, quanto
mais úmidos, maior será a dificuldade de debulhá-los,
exigindo maior rotação do cilindro batedor.
À medida que os grãos vão perdendo umidade,
eles se tornam mais quebradiços e mais fáceis
de serem destacados, sendo necessário reduzir a rotação
do debulhador. A regulagem de rotação do cilindro
e a abertura entre o cilindro e o côncavo é uma
decisão entre a opção de perda e grãos
quebrados, sem nunca ter os dois fatores 560 satisfatórios.
Por exemplo, em caso de sementes, pode-se optar por uma perda
maior, com menos grãos quebrados.
Sobre a questão das perdas o agrônomo diz que
existem quatro tipos de perdas. O primeiro tipo de perda ocorre
no campo sem nenhuma intervenção da máquina
de colheita e deve ser avaliada antes de iniciar a colheita
mecânica. Essa avaliação, tem, também,
o objetivo de saber se uma cultivar apresenta ou não
problemas de quebramento excessivo de colmo, se é adaptada
ou não para colheita mecânica.
As perdas de espigas na plataforma são as que causam
maior preocupação, uma vez que apresentam efeito
significativo sobre a perda total. Podem ter sua origem na
regulagem da máquina de colheita, mas, de maneira geral,
estão relacionadas com: a adaptabilidade da cultivar
à colhedora (uniformidade da altura da inserção
de espiga, altura de inserção de espiga, porcentagem
de acamamento de plantas, porcentagem de quebramento de plantas);
o número de linhas das semeadoras, que deverá
ser igual ou múltiplo do número de bocas da
plataforma de colheita, e parâmetros inerentes à
máquina de colheita (velocidade de deslocamento, altura
da plataforma, regulagem das chapas de bloqueio da espiga
e regulagem do espaçamento entre bocas).
As perdas de grãos soltos (rolo espigador e de separação)
e de grãos no sabugo estão relacionadas com
a regulagem da máquina. O rolo espigador, geralmente
no final da linha, recebe um fluxo menor de plantas e, com
isso, debulha um pouco a espiga, ou então a chapa de
bloqueio está um pouco aberta e/ou com espigas menores
que o padrão, entrando em contato com o rolo espigador.
As perdas por separação são ocasionadas
quando ocorre sobrecarga no saca-palha, peneiras superior
ou inferior um pouco fechadas, ventilador com rotação
excessiva, sujeira nas peneiras. Esse tipo de perda ocorre
em função da regulagem do cilindro e côncavo
e apresenta, como possíveis causas, a quebra do sabugo
antes da debulha, grande folga entre cilindro e côncavo,
velocidade elevada de avanço, baixa velocidade do cilindro
debulhador, barras do cilindro tortas ou avariadas, côncavo
torto e existência de muito espaço entre as barras
do côncavo.
"Os níveis toleráveis de perdas para o
milho, são descritos na literatura e comprovado no
campo, para um operador de colhedora bem treinado, devem ficar
abaixo de 6%", assinala Mantovani. Ele acrescenta que
Os equipamentos disponíveis no mercado brasileiros
são muito bons e dependem de quem está operando,
para se ter um bom rendimento de colheita: qualidade do grão
colhido, perdas mínimas e eficiência operacional
alta (>70%), finaliza o pesquisador.
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