Para
uma ligeira idéia desse incremento, uma simples consulta
nos índices de produção de 2001, mostra
que o volume alcançado pela pecuária bovina
de corte bateu em 6,9 milhões de toneladas. No ano
seguinte, o resultado chegou a 7,l5 milhões/t, cerca
de 3,7% acima do período anterior. A rigor, desde 1998,
embora a taxas menores, o setor vem exibindo a aplicação
de um processo administrativo impecável que, inclusive,
assegura um "aumento anual médio de 25% nos embarques
para o exterior, demonstrando o imenso potencial exportador."
Essa constatação é do engenheiro químico
do Ital-Instituto de Tecnologia de Alimentos, José
Ricardo Gonçalves, e da médica veterinária,
Giovanna Soares Almeida. Num estudo sobre as exportações
e os principais mercados da carne bovina, os dois ressaltam
as boas condições sanitárias do rebanho,
"uma vez que 81% são criados em área livre
de aftosa e, pelo menos até agora, não há
notícia sobre infecções da doença
da vaca louca." Isso mostra que a população
bovina é mantida com métodos de criação
e alimentação "de qualidade", levando
em conta, ainda, "que 97,4% da manada estão concentrados
em pastos e ambientas naturais e o restante em confinamento
ou semiconfinamento, com ração alimentar livre
de resíduos animais."
Mais de 80 países adquirem a carne bovina brasileira
e, no ranking internacional, o Brasil é o terceiro
maior exportador, depois da Austrália e dos Estados
Unidos. Esse posicionamento foi possível não
apenas devido ao manejo criterioso mas, também, à
ocorrência de enfermidades em países concorrentes,
como aftosa na Argentina e Uruguai, vaca louca no Reino Unido
e que agora se alastra para o Canadá e Estados Unidos.
De qualquer forma, assinalam, em 98, o Brasil exportou l92,8
mil toneladas, com uma receita de US$ 582 milhões.
Quatro anos depois, quase que triplica a quantidade embarcada,
pois em 2002, comercializou 560 mil t, obtendo um faturamento
de US$ 1,08 bilhão.
In natura tem maior preferência
As precauções com a qualidade da carne oriunda
da Argentina, do Uruguai e da Inglaterra, transformaram o
Chile, o Egito e a Arábia Saudita em três grandes
compradores do produto brasileiro, inclusive superando as
importações feitas por tradicionais clientes
como os norte-americanos, ingleses e holandeses. Na seqüência,
Itália Alemanha e Hong Kong também começam
a se destacar com aquisições crescentes da carne
do Brasil. Israel, ao contrário, depois de volumosas
compras em 2001, reduziu drasticamente sua demanda pelo produto
tupiniquim, no ano seguinte.
Até l998, a preferência recaia sobre a carne
industrializada que respondia por 58% das vendas externas.
Porém, a partir de 2001, há uma inversão
e o produto in natura passa a ser o preferido, cobrindo 72,8%,
em 2002, do total das remessas do País. Arábia
Saudita, Chile e Egito compram 37,2% da totalidade embarcada.
Gonçalves e Almeida apontam a ausência dos Estados
Unidos e afirmam que esse país "compra apenas
carne industrializada." Em 1999, "51,9% das vendas
do produto industrializado têm como destino o mercado
norte-americano e outros 27,4% vão para o Reino Unidos,
dois dos maiores consumidores dessa modalidade."
Gonçalves e Almeida manifestam expectativas de um cenário
favorável, no qual não ocorram "mudanças
políticas e econômicas mais severas para o Brasil
e o mundo", pois, em condições de normalidade,
as exportações brasileira de carne bovina, para
2003, "devem ter uma expansão entre 5% e 10%",
estimativa que coincide com as previsões do Ministério
da Agricultura e da Abiec-Associação Brasileira
da Indústria Exportadora de Carnes.
A 'torcida' dos técnicos foi válida, pois, ano
passado, foi um período auspicioso para as exportações.
Comparando dados do Ministério da Agricultura, de 2002,
em termos de volume, as vendas foram de 600 mil toneladas,
com uma receita próxima a US$ 1,2 bilhão. Em
2003, conforme dados da Abiec, houve uma expansão acima
de 75%, com os embarques totalizando l,05 milhão de
toneladas, e um faturamento de US$ 1,3 bilhão, um pouco
mais de 8% superior à temporada anterior, levando conta
o produto industrializado, em ambos os casos.
Gonçalves e Almeida recomendam, ainda, uma atenção
especial a outros mercados em potencial, como a China e Leste
Europeu. Além disso, há uma possibilidade de
a União Européia ampliar sua demanda por cortes
de maior valor agregado (cota Hilton), bem como probabilidade
de o Brasil vir a fornecer carne resfriada e congelada para
o mercado norte-americano.
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