POR:
JOSÉ ROBERTO BEGOSSO*
Este
mercado informal representa produtos colocados no mercado
sem tratamento térmico como também daqueles
que são informais por sonegação fiscal.
Além disso, estas mesmas condições proporcionam
a sonegação de impostos, com visível
perda de arrecadação de recursos nas diversas
esferas administrativas governamentais, como também
causam desequilíbrio nas condições de
concorrência no mercado.
Na realização da inclusão dos produtores
de leite informal ao mercado formal, tivemos muitos casos
de sucesso, para citar alguns exemplos: Alfenas MG e Camapuã
MS. Onde foram envolvidos no projeto o governo municipal,
estadual, industria e principalmente as entidades do setor
lácteo. A Láctea Brasil esteve presente e têm
muito contribuído também neste aspecto com o
Programa BEBER LEITE È SUPER LEGAL, o qual conta com
mais de 305.000 crianças do ensino fundamental, num
potencial de 18 milhões de crianças.
Temos muito ainda a fazer, pois como mostra resultados de
pesquisas onde o leite informal na última década
cresceu 159%. Este crescimento deve-se a alta valorização
do produto dada pelos consumidores, como preço baixo
e outras facilidades agregadas, onde pelos trabalhos de pesquisas
realizados que há fidelidade ao produto informal, e
que isto é decidido por opção, pela falta
de conhecimento das qualidades dos outros tipos de leite.
Sendo então uma questão cultural, o caminho
a seguir, as decisões a serem tomadas para mudar esta
realidade passam necessariamente na mudança de hábito,
que é uma questão de educação
no produto leite, aliada a outras de conscientização
e informação ao consumidor, na valorização
do produto LEITE e derivados lácteos. Esclarecer o
consumidor sobre os benefícios do consumo de lácteos
de qualidade gera ganhos para toda a cadeia Láctea.
Junto com a ação de Marketing Institucional
e combate ao leite informal, também devemos trabalhar
na unidade e convergência de todos os elos da cadeia
produtiva do setor lácteo nacional de forma a estimular
a pecuária de leite nacional, onde entidades representantes
do setor, reunidas no 3( Congresso Internacional do Leite
elegeram algumas sugestões: inclusão do leite
nos programas governamentais, garantir o efetivo funcionamento
dos instrumentos de apoio à comercialização
leite e derivados, manter medidas antidumping, elevar o imposto
de importação de leite em pó, queijos
e soros para 35% e implementar um Programa de retenção
de Matrizes Bovinas.
Neste ano foi positivo, pois houve uma redução
substancial no déficit da balança comercial
de lácteos, que é reflexo da adoção
de medidas de defesa comercial pelo Brasil. É unanimidade
no setor que a grande parte da solução dos problemas
do setor lácteo nacional esta na capacitação
do produtor, que é um grande desafio, e a aplicação
da portaria 56, que modifica a regulamentação
do mercado leiteiro nacional e estipula a criação
de um programa de melhoria da qualidade do leite produzido
no país. Segundo o texto da portaria 56, serão
criados novos padrões de qualidade para o leite, envolvendo
principalmente os métodos de resfriamento pós-coleta.
Quanto mais tempo leva para o leite ser resfriado, maior é
a proliferação de bactérias, onde o padrão
oficial passará a ser de no mínimo 40 mil bactérias
por mililitro de leite (Leite Tipo C pode conter até
150 mil bactérias por ml).
O consumo de leite e derivados lácteos no Brasil são
incipientes e abaixo da recomendação da OMS
(Organização Mundial de Saúde) e com
enorme potencial de incremento de mercado. O desafio do segmento
lácteo para 2004 é o de revolucionar a qualidade
do leite produzido, onde todos ganham: produtor, indústria
e consumidor.
*José Roberto Begoso é membro da Láctea
Brasil
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