No
estado de Roraima, encontram-se grandes áreas de vegetação
de cerrado, com topografia levemente ondulada, alta intensidade
luminosa, clima apresentando estação seca na
colheita, os cultivos de espécies anuais estão
em ascensão com necessidade de alternativas para rotação,
mercados potenciais nos países vizinhos e no estado
do Amazonas, que favorecem ou estimulam a possibilidade de
cultivo do algodoeiro herbáceo. Este contexto é
fortalecido quando é considerada a questão estratégica
da necessidade do País na produção desta
fibra, da diversificação de cultivos que agreguem
valor e racionalizem o capital e a mão-de-obra familiar
nas propriedades rurais, hoje vistas como empresas. Além
de verificar o interesse para o agronegócio.
Além da fibra, seu principal produto, o algodoeiro
produz diversos subprodutos, que apresentam também
grande importância econômica, destacando-se o
línter, cerca de 10% da semente do algodão,
o óleo bruto, média de 15,5% da semente, a torta,
que é quase a metade da semente, além da casca
e do resíduo (4,9% do total). Como cultura industrial,
o algodão tem, na sua cadeia produtiva, diversos setores,
que empregam e/ou fornecem ocupação, desde o
campo até a indústria de confecção.
Para o desenvolvimento inicial da cultura do algodoeiro na
Região Norte, há necessidade da pesquisa buscar
tecnologias de cultivo adequadas, onde a escolha da cultivar
correta assume grande importância para a maximização
da produtividade.
Considerando que a recomendação de novas cultivares
é uma das tecnologias que mais contribuem para os aumentos
de produtividade e estabilidade de produção
sem qualquer aumento de custos ao agricultor, procurou-se
detectar materiais genéticos que apresentem características
de elevada produtividade; arquitetura de planta adequada para
colheita manual e mecânica; resistência e/ou tolerância
às principais moléstias e com alta qualidade
de fibra, conforme exigências das indústrias
de descaroçamento e têxteis.
Para tanto, foram realizados ensaios para avaliação
e recomendação de cultivares, o Ensaio Nacional
de Variedades de Algodoeiro Herbáceo (Ensaio Nacional)
e o Ensaio Regional de Variedades e Linhagens do Centro-Oeste
e Noroeste Brasileiro (Ensaio Regional), cujo objetivo é
o desenvolvimento de cultivares adequadas para a maximizar
a produtividade com eficiência na cultura do algodoeiro
em Roraima e no Amapá, realizado em conjunto com a
Embrapa Algodão.
Os estudos foram conduzidos em áreas representativas
da região de cultivo dos produtores. Áreas de
lavrado já cultivado, com o intuito de estudar o comportamento
de materiais. Os ensaios conduzidos no município de
Mucajaí, em Roraima, representam fielmente algumas
das condições encontradas nas propriedades rurais
localizadas em áreas de mata, com lavouras de toco
ou picadas abertas.
O solo predominante da região é o Latossolo
Vermelho Amarelo e Latossolo Amarelo, com elevado teor de
areia o que sob condições de cultivo mínimo,
semeadura direta em pastagens, adubação e irrigação,
possibilita a colheita de fibras com excelente qualidade.
No campo experimental Monte Cristo, no município de
Boa Vista, três dos melhores materiais, superaram os
3.000 kg/ha, destacando-se as cultivares CNPA 7H e CNPA ITA
90 apresentaram boa produtividade (5.014 e 4.423 kg/ha, respectivamente),
demonstrando a qualidade das condições edafoclimáticas
para o algodoeiro. Já em Mucajaí a melhor produtividade
foi obtida com o material BRS 201 com 2.453 kg/ha (164@).
O ambiente de cerrado apresentou valor maior do que o de mata
de transição em termos de produtividade.
A qualidade das fibras produzidas em Roraima é atestada
pela uniformidade de cor e baixo teor de impurezas; pequena
área da amostra ocupada por impurezas; Quantidade de
partículas interpretadas como impurezas; bom comprimento
e uniformidade da fibra; baixo Índice de fibras curtas;
pela resistência; Alongamento à ruptura; Índice
micronaire; percentagem de reflectância; Grau de amarelo;
e Índice de fiabilidade.
O algodão colorido BRS 200 (marrom) cultivado em 2001,
não apresentou bons resultados de produtividade (790
kg/ha) quando conduzido nas condições de Roraima,
necessitando ainda de mais testes para no futuro serem indicados
como alternativas promissoras de matéria-prima, para
pequenos produtores e mesmo comunidades indígenas do
estado de Roraima.
Nos cultivos realizados, observou-se a importância do
ideotipo de planta para o sistema de produção
utilizado pelo produtor, além disso, verificou-se a
importância de um manejo do solo adequado anterior ao
cultivo de algodão, devido esta planta ser exigente
em fertilidade do solo. Os resultados de pesquisa obtidos
pela Embrapa Roraima com o algodoeiro herbáceo no período
de 2000 a 2002, possibilitam concluir que a cultura apresenta
elevado potencial de rendimento no estado, principalmente
quando as condições de manejo são favoráveis
ao crescimento e desenvolvimento das plantas. Maiores detalhes
são encontrados nas publicações geradas
no sistema Embrapa de pesquisa (Smiderle et al., 2002 e 2002a;
Nascimento Júnior et al., 200, 2001a, 2001b, 2000 e
2000a; Brito et at., 2000).
As duas cultivares indicadas para cultivo (CNPA 7H e CNPA
ITA 90) são produtivas e, apresentam boas características
fitotécnicas para o desenvolvimento da cultura do algodoeiro
nas condições edafoclimáticas de Roraima.
Para o cerrado do Amapá, os genótipos IAC 97/86,
IPR 94, CNPA ITA 90 e EPAMIG LIÇA apresentaram melhores
produtividade.
(*)
Oscar José Smiderle é pesquisador da Embrapa
Roraima: ojsmider@embrapa.br
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