A técnica também proporciona um maior profissionalismo
pela incorporação de novas tecnologias e melhorias
gerenciais dos fatores e processos de produção,
constituindo uma reconhecida alternativa para que se estabeleçam
políticas para o desenvolvimento ambientalmente sustentável,
com evidentes benefícios para toda a sociedade.
Destaca-se
nesse contexto a expressiva expansão do Plantio Direto
no Brasil, evoluindo cerca de um milhão de hectares
com culturas anuais no início da década de 90,
para mais de 12 milhões no ano 2000. Além disso,
o sistema passou a ser utilizado em todas as culturas perenes,
na recuperação de pastagens por meio da rotação
entre lavouras e pastagens, no reflorestamento, na fruticultura
e na produção de grãos, constituindo
uma importante alternativa para a economia de operações
manuais, de tração animal, tratorizadas ou aéreas.
José Eduardo Borges de Carvalho, pesquisador da Embrapa
Mandioca e Fruticultura, de Cruz da Almas, BA, fala que nas
condições tropicais e subtropicais, o uso freqüente
da grade e de herbicidas não emergentes nos pomares,
práticas que expõem o solo à ação
do sol, chuva e ventos, é o principal agente causador
de degradação. Segundo ele, isso ocorre pela
diminuição dos espaços entre partículas
do solo e conseqüente aumento da densidade nas camadas
superficiais, influenciando o crescimento do sistema radicular
das plantas.
A
citricultura brasileira, atividade que ocupa cerca de um milhão
de hectares e exporta mais de milhão de toneladas de
suco concentrado por ano, gerando divisas para o país
da ordem de US$ 1 bilhão, tem apresentado nos últimos
anos um decréscimo médio de 30% na produtividade.
No entanto, com a racionalização da exploração
agrícola a caminho da auto-sustentabilidade, torna-se
imprescindível à atividade o caráter
competitivo, cada vez mais necessário, considerando-se
a globalização sempre presente no cenário
produtivo, observa o pesquisador. Segundo ele, as plantas
cítricas necessitam de uma boa aeração
e espaços vazios no solo para o desenvolvimento de
seu sistema radicular, que, ao explorar um maior volume de
solo, suprirá mais adequadamente a planta de água
e nutrientes.
Carvalho
conta que com o surgimento da morte súbita dos citros
nos estados de São Paulo e Minas Gerais, tem-se buscado
como alternativa a sub-enxertia com os porta-enxertos: tangerina,
"Cleópatra" e o "CitrumeloSwingle",
considerados resistentes ao problema, porém não
tolerantes às condições de deficiência
hídrica no solo. Assim, torna-se necessário
manejar o solo com boas práticas agrícolas,
visando melhorar sua estrutura e, consequentemente, melhorar
seu potencial de armazenamento de água e disponibilidade
para a planta cítrica nas condições de
sequeiro e irrigada, mantendo produtividade, buscando soluções
economicamente viáveis.
A
Embrapa Mandioca e Fruticultura em parceira com a Monsanto
do Brasil, a Unesp de Jaboticabal, SP, a Empresa de Desenvolvimento
Agropecuário de Sergipe e a Empresa Baiana de Desenvolvimento
Agrícola, vêm estudando a campo um manejo de
solo e coberturas vegetais em fruteiras tropicais. O novo
modelo apresenta-se em substituição ao sistema
convencional de preparo do solo para plantio, aeração,
gradagem e aberturas de covas. O sistema utiliza-se de técnicas
de subsolagem na linha de plantio ou em área total,
controle mecânico de plantas daninhas e manejo de leguminosas
melhoradoras de solo nas entrelinhas da lavoura; além
da cobertura morta e aplicação de um herbicida
pós-emergente, levando-se em conta o período
crítico de interferência de plantas daninhas
para a cultura e o ambiente em foco.
Segundo
o técnico, por outro lado, a necessidade do aumento
das exportações de frutas brasileiras como a
laranja, o mamão, a manga, a maçã, entre
outras, atendendo às exigências do mercado consumidor
internacional que só compra frutas produzidas dentro
do sistema de produção integrada, tem como reflexo
a gestão ambiental das atividades agrícolas
assegurando uma correta utilização dos recursos
naturais renováveis. "Assim torna-se obrigatório
a prática do manejo conservacionista com coberturas
vegetais", observa. " A adoção dessas
tecnologias têm permitido uma redução
média do custo de controle de plantas daninhas de 49,7%,
proporcionando um aumento médio da produtividade da
laranja pêra, por exemplo, de 30% a 40% nas condições
de clima dos estados da Bahia e Sergipe, e de 13,5% com redução
média de custo de 18% para o estado de São Paulo"
declara.
No
comparativo com o sistema convencional observou-se também
uma profundidade efetiva, passando de 0,40 m para 0,80 m no
sistema radicular das plantas, enfatiza. Já para a
cultura do mamão, nas condições dos solos
de tabuleiros costeiros no estado da Bahia, o incremento médio
da produtividade onde se manejou o feijão-de-porco,
crotalária e vegetação espontânea,
foi de 37% e 29,4% respectivamente. Da mesma forma, a renda
líquida nos manejos com coberturas vegetais e subsolagem
foram em média 31,2 % maior. O plantio de matos em
sistema de consórcio é uma prática utilizada
com resultados satisfatórios para os produtores em
diferentes regiões, inclusive para o manejo de pragas
e fungos nas lavouras, conclui o pesquisador.
Segundo
Ana Maria de Amorim Araújo, também pesquisadora
da Embrapa Mandioca e Fruticultura, o manejo do solo no controle
integrado de plantas daninhas, com a substituição
das gradagens nas entrelinhas por leguminosas de sistema radicular
vigoroso para romper a compactação da camada
adensada como o guandu (Cajanus cajan), crotalária
(Crotalariajuncea ) e feijão-de-porco (Canavalia ensiformis),
associadas à aplicação de um herbicida
pós-emergente a base de glifosate nas linhas da cultura
em duas épocas do ano (março/abril e setembro/outubro),
para formação de cobertura morta, vem se constituindo
como uma excelente alternativa para melhoria da produtividade
do solo. Segundo ela, o plantio dessas leguminosas deve ocorrer
no início das águas (maio/junho) e a roçagem
no final desse período(setembro/outubro). A formação
dessa cobertura morta nas linhas e a utilização
das leguminosas nas ruas dos citros tem como principais objetivos
proteger o solo contra erosão, reduzir a perda de água
por escoamento e evaporação, reduzir a infestação
das plantas daninhas, aumentar a capacidade de armazenamento
de água no solo e a fixação biológica
do nitrogênio da atmosfera.
Ana
Maria fala ainda que esse manejo recomendado para as leguminosas
é muito importante, pois no período de seca,
não se recomenda sua convivência com o pomar,
para evitar a concorrência por água. Quando são
ceifadas, seu sistema radicular permanece no solo, onde se
decompõe, deixando o solo mais fofo e com espaços
vazios por onde a água se infiltra, favorecendo também
o crescimento das raízes dos citros." O custo
desse manejo do solo no controle das plantas daninhas em citros
por hectare/ano, em comparação ao manejo convencional
é de R$ 131,34 e herbicidas e leguminosas R$ 87,71
um diferencial de custo de 49,7%, conclui a pesquisadora.
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