Dentro
da pecuária, esse agente também causa sérios
prejuízos todos os anos, principalmente, em regiões
onde registram-se altas concentrações de morcegos
hematófagos (seres que dependem de sangue para sobreviver).
Estima-se que todos os anos, a espécie Desmodus rotundus,
seja responsável por cerca de 50 mil mortes nos rebanhos
brasileiros. De acordo com pesquisadores e técnicos
das principais empresa de saúde animal do país,
este é sim um quadro preocupante e que precisa ser
combatido.
Segundo
o médico José Carlos Morgado, os morcegos hematófagos
atuam como portadores, reservatórios e transmissores
de raiva por vários meses, podendo ou não desenvolver
a doença. Segundo ele, a transmissão só
se realiza se houver o contato da saliva contendo o vírus
com um ferimento na pele do animal. Isso ocorre porque o vírus
não consegue transpassar uma pele íntegra, explica.
No caso de ataques a pessoas ou animais, recomenda-se lavar
o local da ferida com água corrente e sabão
ou detergente e em seguida procurar orientação
médica. Segundo estabelece o artigo 29 da portaria
n° 126/76 de 18 de março de 1976, "quando
um canino ou outro animal suspeito de raiva tenha mordido
arranhado ou lambido uma pessoa ou animal, o mesmo deve ser
capturado e mantido em observação durante um
período de 10 dias. No caso de morte desse animal durante
este período, seu corpo deve ser encaminhado para diagnóstico".
De
acordo com o médico da Merial, sendo assim, o diagnóstico
clínico realizado na fazenda é apenas sugestivos,
devendo a confirmação ser realizada através
de uma analise laboratorial, principalmente nos casos onde
há seres humanos envolvidos. "Se Considerarmos
o alto risco de contaminação do operador e que,
a eficiência dos métodos de diagnósticos
depender das condições de conservação
das amostras, a coleta deve sempre ser realizada por um médico
veterinário", alerta. Além disso, o fato
de a distribuição do vírus rábico
não se apresentar de forma homogenea no sistema nervoso
central do animal, a porção da amostra a ser
encaminhada ao laboratório deve variar de uma espécie
para outra, conclui o técnico.
Quanto
ao trabalho de controle e prevenção da doença,
normalmente ele é realizado pelas secretarias de vigilância
sanitária dos estados, além do instituto Pasteur,
referência mundial no combate e tratamento do vírus
da raiva. Nas regiões consideradas endêmicas,
o controle da raiva dos herbívoros é realizado
com a vacinação sistemática em 560 dos
animais susceptíveis. Além disso, os agentes
fazem um controle sobre as populações dos morcegos
hematófagos, realizando verdadeiras caças em
cavernas ou fendas encontradas nas rochas, ambientes preferidos
desses animais que possuem ábitos noturnos. Para isso,
são montadas verdadeiras estratégias de guerra,
com redes armadas na porta dos ninhos. Segundo Morgado, a
técnica utilizada para exterminar grandes quantidades
desses animais é bastante simples, e consiste em colocar
no dorso do animal capturado uma pasta com anticoagulante.
Após serem libertados, os morcegos voltam às
cavernas onde ao se lamberem mutuamente, propagam a substância
entre si, causando uma morte coletiva por hemorragia generalizada.
"Esse é um método eficaz porque, além
de reduzir em mais de 95 % os ataques a bovinos nos pastos,
mata somente os morcegos hematófagos, sem prejudicar
os morcegos insetívoros espécie importante no
equilíbrio ambiental de muitas regiões do país",
declara.
No
entanto, o pesquisador alerta que apenas o combate aos morcegos
não resolve o problema da raiva nas zonas rurais. é
necessário vacinar o rebanho periodicamente não
se esquecendo de vacinar os animais domésticos também,
mesmo quando não há nenhum caso de animal doente
por raiva. A imunização dos herbívoros
pode ser feita com vacinas a vírus vivo modificado
do tipo ERA/ SAD ou vacinas inativadas produzidas em cultura
de células. Quanto aos sintomas, no caso dos herbívoros,
eles costumam aparecer logo após o término do
período de incubação do agente, fato
este que está associado a diferentes situações,
por exemplo, a espécie do animal, a amostragem do vírus,
o local da mordedura, a quantidade do vírus inoculada
e a idade do animal. "De modo geral, quanto mais próxima
do sistema nervoso central e mais profunda a mordedura, mais
rápido será o aparecimento dos sintomas",
afirma.
Morgado
fala que passada a fase d e incubação da doença,
os animais começam apresentar como sintoma, perda de
apetite, inquietação e mudança de hábito.
Segundo ele, o animal também apresenta um andar cambaleante
que se agrava à medida que a doença evolui.
"Devido a paralisia da mandíbula e dificuldade
do animal de deglutir os alimentos, podem ocorrer episódios
de salivação intensa, aparentando estarem engasgados.
Observa-se também tremores musculares, diminuição
dos movimentos ruminais e alteração do mugido",
explica. Outro sintoma visível pode ser identificado
nas fezes do animal que torna-se mais seca e escura, cobertas
por um muco de sangue. Na fase final o animal em posição
de decúbito ventral ou lateral, sem conseguir levantar
a apresentando fortes contrações musculares.
Os bovinos geralmente morrem entre 4 e 6 dias após
o início dos sintomas. Uma observação
dos técnico é que qualquer doença que
cause encefalite pode provocar sintomas parecidos aos da raiva.
" Nos bovinos a raiva pode ser confundida com botulismo,
enterotoxemia, babesiose, intoxicações entre
outras patologias que costumam acometer os animais",
conclui.
O
governo federal por meio de seus ministérios da Agricultura,
Pecuária e Abasteciemento (MAPA) e Ministério
da Saúde, encampa todos os anos uma campanha de abrangência
nacional, para vacinação em massa de animais
contra a raiva, e isso, tanto nas áreas urbanas como
rurais. De acordo com dados da Central de Selagem de Vacinas
(CSV), instalada em Vinhedo, SP, órgão ligado
ao SINDAN, Sindicato Nacional das Indústrias de Produtos
para Saúde Animal, de janeiro até a primeira
quinzena de agosto deste ano, foram produzidas 65 milhões
de doses. Estes números supera em 80% os números
do ano passado de 36 milhões de doses. Para Emilio
Salani presidente da entidade, "o maior orçamento
voltado á saúde animal em conjunto com a conscientização
cada vez maior dos pecuaristas esta possibilitando um incremento
e modernização dos programas de sanidade animal,
como o da raiva dos herbívoros por exemplo, Isso contribui
e muito para que no futuro, o Brasil não só
controle a evolução da dessa e de outras doenças,
mas possa erradica-la totalmente de seus rebanhos" declara.
Na
comercialização, 2004 também supera,
com folga, a demanda estabelecida pelos produtores no ano
anterior, com estados como Minas Gerais consumindo cerca de
17 milhões de doses, seguido por Goiás 14,4
milhões e Bahia 5,8 milhões. Em São Paulo
este número foi de 4,6 milhões de doses. Para
Salani, é expressivo o avanço no combate a raiva
em herbívoros no Brasil. Segundo ele, este é
um trabalho que precisa ser feito em parceria entre governo,
indústria e produtores. " As medidas que estão
sendo tomadas proporcionam benefícios reais no combate
às doenças, além de criar diferenciais
de garantia da rastreabilidade dos medicamentos", conclui.
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