Ivo
Bianchin, pesquisador da área de parasitologia da EMBRAPA
Gado de Corte, esclarece que no geral os parasitas não
causam danos à saúde humana, e sim prejuízos
econômicos aos criadores. No caso dos helmintos (vermes),
por exemplo, podem acarretar numa perda de até 40Kg
de peso vivo por animal ao abate, segundo ele. O pesquisador
ressalta que os maiores prejuízos no rebanho, gerados
pelos endoparasitas, ocorrem na época do desmame até
os 20 meses de idade dos animais.
Elio
Moro, Médico Veterinário e Gerente de produtos
terapêuticos e antiparasitários para bovinos
da Pfizer, explica que há diferentes espécies
de endoparasitas e cada um habitando o estômago, o intestino
delgado e intestino grosso.
Quando
um animal, ainda bezerro, apresenta um parasita hematófago,
que instala-se no estômago, os danos são irreversíveis,
segundo Moro. Ele afirma que isso significa que esse bovino
nunca desenvolverá todo seu real potencial.
A
importância apontada por eles do controle estratégico
de parasitas está no fato de se conseguir otimizar
as ferramentas disponíveis para o controle dos mesmos.
Alcançando este propósito, haverá uma
melhora significativa da relação custo/benefício
desse trabalho de controle estratégico, com o aumento
da competitividade do setor pecuário com animais saudáveis
e produtivos, afirmam os especialistas.
Segundo
o Gerente da Pfizer existem três tipos de tratamentos
disponíveis no combate dos endoparasitas. O tratamento
curativo é com uso de antiparasitários, porém
ele ressalta que tal medida não apresenta boa relação
custo-benefício em virtude do animal já estar
com o helminto instalado. Há também medidas
táticas como a rotação de rebanho nas
pastagens e análise e tratamento na introdução
de animais novos no plantel, afirma Moro. Outra opção,
e destacada por ele como a mais eficaz, é o controle
estratégico de verminoses, uma vez que atua de forma
preventiva. Porém Elio Moro avisa que para obter sucesso
com esse tratamento há de se respeitar o época
do ano e as características de cada região.
De
acordo com Ivo Bianchin ao fazer a aplicação
do produto melhor recomendado também se torna importante
considerar qual o período mais indicado. Ou seja, "na
época seca percebe-se que as infestações
nos animais são altas, adquiridos durante o período
das águas, sendo o melhor período para a aplicação
de antiparasitários", explica Bianchin. Nesse
período o potencial de re-infestação
é baixo. Ele acrescenta que com menos parasitas a serem
lançados no pasto, a infestação com o
passar do tempo tende a ser cada vez menor. No Brasil, os
meses mais secos são: junho, julho e agosto, abrangendo
65% da área territorial do país.
O
pesquisador da EMBRAPA indica não apenas o combate
direto aos parasitas, mas a interação com alguns
princípios. Bianchin declara que, "essas regras
podem ser o correto manejo de esterqueiras, a limpeza de pastagens,
rotação periódica do rebanho nas pastagens,
agregação dos animais de idade semelhante no
mesmo pasto, ter o pleno conhecimento da quantidade de aplicação
recomendada e com isso evitar a sub ou super dosagem de produtos
e a utilização correta dos princípios
ativos dos medicamentos antiparasitários". Mas
ele lembra que também se deve fazer o tratamento químico
(aplicação dos antiparasitários) dos
animais recém adquiridos e procurar utilizar nas pastagens,
por exemplo, gramíneas menos favoráveis a proliferação
de parasitas como os carrapatos.
A
gerência técnica de pecuária da Schering-Plough
Coopers destaca além dos endoparasitas, os ectoparasitas
mais comuns, como o carrapato, a mosca dos chifres e o berne.
A
doença causada pelo carrapato já foi chamada
de "a doença de um bilhão de dólares"
por causa dos imensos prejuízos econômicos que
acarreta. Além da perda de apetite, em virtude da irritação,
o carrapato pode causar sérios prejuízos devido
a trasnsmissão de outras doenças, perda da qualidade
do couro e favorecimento de bicheiras, segundo a gerência
técnica da empresa.
Este
parasita possui duas fases de vida: uma no animal e outra
não parasitária, na pastagem. Os animais são
infestados quando entram e contato com hastes de capim onde
os carrapatos ficam instalados. Os bezerros, como ocorre em
todas as doenças parasitárias, são os
mais suscetíveis.
Os
técnicos também explicam que a Mosca dos Chifres
é um inseto hematófago, altamente dependente
do animal quando no estágio adulto (parasitário).
A irritação provocada por suas picadas, que
podem chegar próximo a 40 por dia, é muito grande,
e nem sempre cada picada corresponde a ingestão de
sangue. Os prejuízos são variáveis e
relaciona-se a perda de peso, menor número de bezerros
nascidos e transmissão de doenças. Atualmente
trabalhos têm demonstrado que o número de moscas
sobre o animal não está diretamente relacionado
aos prejuízos e sim ao grau de irritabilidade dos animais
que as hospedam. Assim em alguns animais um número
tão pequeno quanto 50 a 100 moscas já causam
prejuízos, enquanto que em outros 300 a 500 moscas
ou mais não interferem muito na performance.
No
controle integrado da empresa recomenda-se o emprego de drogas
mosquicidas com mínimo ou nenhum efeito repelente,
pois o objetivo é matá-las e não aumentar
sua difusão. Sempre que possível o conjunto
de pecuaristas de uma determinada região deve realizar
o tratamento numa mesma época ("Semana da Mosca"),
utilizando mosquicidas efetivos e persistentes.
Além
desses o berne acarreta prejuízos, sendo a estimativa
de perda de leite, carne e couro de aproximadamente US$ 200
milhões na América Latina, devido ação
irritante de suas larvas. Sua gerência explica que o
berne é a larva de uma mosca, chamada Dermatobia hominis,
muito comum no Brasil. Durante o vôo, a mosca adulta
do berne põe seus ovos em outra mosca qualquer. Esta,
ao pousar no gado, despeja os ovos, agora transformados em
larvas. As larvas perfuram o couro do animal e se instalam
durante mais ou menos 35 dias. Após este período,
caem no solo e passam por outra transformação,
até se tornarem moscas adultas, tendo assim seu ciclo
concluído.
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