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LEITE - SETOR BUSCA SUPERAR INSTABILIDADES
rev 73 - janeiro 2004

Willian Tabchoury, superintendente da Associação para o Progresso do Agro- negocio Lácteo (Látea Brasil), diz que esse fato é bastante positivo, haja vista, que o setor esteve com seus olhos voltados, muito mais para o cenário de médio e longo prazo, como, exemplo, marketing institucional, incremento no consumo do leite pela população, leite na merenda escolar e políticas de ponto de vista do ministério da agricultura. Esse foi um lado positivo de 2003, pois, até então, não se via dados tão concretos sobre o setor lácteo no Brasil, explica Tabchoury.

Para o superintendente, prova disso, foi a campanha “Pratique Leite”, desenvolvida pela Terra Park, maior fabricante de embalagens do mundo, e que teve uma divulgação maciça na mídia, inclusive, televisiva. “Isso é uma prova de que os setores da sociedade estão se mobilizando no sentido de estimular o consumo de leite no Brasil”, ressalta. Paralelamente a essa ação, o congresso nacional através da iniciativa do deputado Hélio Costa do PMDB (MG), conseguiu a aprovação do projeto que inclui o leite, como alimento obrigatório na merenda escolar. Esse projeto que já passou por aprovação do presidente da república, deve beneficiar cerca de 40 milhões de crianças em todo país.

Diversos outros segmentos da sociedade, não só no Brasil, mas no mundo, estão se mobilizando no sentido de dar maior importância a questão do aumento no consumo leite e derivados. AFAO, órgão das Nações Unidas para Combate à fome no mundo, eleva o setor lácteo como um ponto estratégico para combate a desnutrição no planeta, principalmente entre crianças na primeira fase infantil, pois são elas, as que mais necessitam de proteínas para seu desenvolvimento.Dentro desse contexto, explica o técnico, o Brasil possui um papel fundamental, pois detém, hoje, a sexta produção mundial de leite fluído, com uma produção cerca de 21,3 bilhões de litros.

O ministério da agricultura pecuária e abastecimento, por meio de seu representante maior, o ministro Roberto Rodrigues, criou no final de 2003, a câmara setorial do leite, órgão consultivo do ministério, formado por representantes da sociedade e da cadeia produtiva do leite. Através desse, órgão, que é subordinado, diretamente ao ministro, é possível estreitar relações com os vários segmentos interessados no agro negócio lácteo no país, traçando, assim, as diretrizes políticas interessantes para o crescimento do setor. Rodrigues, diz que é preciso rediscutir e redesenhar o sistema de produção leiteira no Brasil, direcionando, o setor, no sentido de fortalecer o cooperativismo, agregando valo, tecnologia e escala. No curto prazo, me preocupa manter a renda do produtor para que ele continue na atividade e garantir o abastecimento ao consumidor daqui a quatro , cinco meses, quando começa o período de entressafra. Para o ministro precisa se discutir um programa de fusão e aquisição de cooperativas, pois essa é a única maneira de se manter o pequeno produtor na atividade, fundamental na garantia de renda da agricultura familiar no Brasil.

De encontro a tudo isso que vem sendo feito em pró da cadeia Láctea, um problema, sério, envolvendo a multinacional italiana Parmalat, em causando muitos transtornos aos produtores de leite brasileiros. Produtores de várias regiões do país, que depositaram seu produto nas muitas cooperativas que abasteciam a gigante beneficiadora, ficaram sem receber. Isso gerou uma grande instabilidade no setor.

Para o superintendente da Láctea Brasil é preciso atentar para o fato de que essa empresa não atua apenas no setor Lácteo e sim no segmento de alimentos com vários outros produtos. O que ocorreu com a filial brasileira da Parmalat está associado a um problema sério de gestão que surgiu na sua matriz na Itália. É preciso, no entanto se separar a questão da gestão fraudulenta com o todo que é o grupo Parmalat. Independente do ocorrido, hoje a Parmalat atua em mais de 30 países, inclusive na própria Itália ocupando o 8º lugar em faturamento. Outro ponto que é interessante observar é quanto aos números que estão sendo apresentados na imprensa. Efetivamente a Parmalat detinha 7,2% do mercado brasileiro, captando algo em torno de 1 milhão de litros de leite por ano. Isso dentro do mercado for-

Paulo Portilho presidente da Láctea Brasil diz que o grande ‘Calcanhar de Aquiles’ do agro negócio lácteo no Brasil está, justamente na produção e consumo informal de leite e derivado. Dos 21,3 bilhões de litros produzidos anualmente, cerca de 8 bilhões, pertencem a clandestinidade. “É preciso fomentar o crescimento do setor formal, pois, somente este pode assegurar a qualidade dos produtos derivativos do leite produzidos no país”.

Outro problema é quanto á falta de cooperativa que dêem suporte ao pequeno produtor. Estima-se que do volume total produzido no país 60% esteja nas mãos do sistema não cooperativo e empresas nacionais. Os outros 40% deste leite é negociado no mercado spot, mercado onde só operam indústrias de Laticínios, ou seja, este produto adentra a indústria de laticínios, mas não chega nas mãos do consumidor, ou já chega processado. Portilho, explica que, embora alguns fatores, ainda, limitem o desempenho do setor.

O ano de 2003 foi um período em que o déficit do setor diminuiu drasticamente. Os números das exportações e na safra 2003/04 as alternativas são de que o setor possa fechar com um saldo positivo na sua balança comercial.

Para isso, os órgãos ligados ao desenvolvimento do setor lácteo vêm buscando parcerias com órgãos e instituições de ensino, como a Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz (Esalq), de Piracicaba (SP), no sentido de aumentar as possibilidades para o segmento. Estar filiado a entidade como Esalq ou Embrapa é muito importante para Láctea Brasil, pois, isso traz maior credibilidade a associação, além de ampliar o leque de futuros projetos que eventualmente possam estar sendo tocados em parceria, conclui Portilho.


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