Willian
Tabchoury, superintendente da Associação para
o Progresso do Agro- negocio Lácteo (Látea Brasil),
diz que esse fato é bastante positivo, haja vista,
que o setor esteve com seus olhos voltados, muito mais para
o cenário de médio e longo prazo, como, exemplo,
marketing institucional, incremento no consumo do leite pela
população, leite na merenda escolar e políticas
de ponto de vista do ministério da agricultura. Esse
foi um lado positivo de 2003, pois, até então,
não se via dados tão concretos sobre o setor
lácteo no Brasil, explica Tabchoury.
Para
o superintendente, prova disso, foi a campanha Pratique
Leite, desenvolvida pela Terra Park, maior fabricante
de embalagens do mundo, e que teve uma divulgação
maciça na mídia, inclusive, televisiva. Isso
é uma prova de que os setores da sociedade estão
se mobilizando no sentido de estimular o consumo de leite
no Brasil, ressalta. Paralelamente a essa ação,
o congresso nacional através da iniciativa do deputado
Hélio Costa do PMDB (MG), conseguiu a aprovação
do projeto que inclui o leite, como alimento obrigatório
na merenda escolar. Esse projeto que já passou por
aprovação do presidente da república,
deve beneficiar cerca de 40 milhões de crianças
em todo país.
Diversos
outros segmentos da sociedade, não só no Brasil,
mas no mundo, estão se mobilizando no sentido de dar
maior importância a questão do aumento no consumo
leite e derivados. AFAO, órgão das Nações
Unidas para Combate à fome no mundo, eleva o setor
lácteo como um ponto estratégico para combate
a desnutrição no planeta, principalmente entre
crianças na primeira fase infantil, pois são
elas, as que mais necessitam de proteínas para seu
desenvolvimento.Dentro desse contexto, explica o técnico,
o Brasil possui um papel fundamental, pois detém, hoje,
a sexta produção mundial de leite fluído,
com uma produção cerca de 21,3 bilhões
de litros.
O
ministério da agricultura pecuária e abastecimento,
por meio de seu representante maior, o ministro Roberto Rodrigues,
criou no final de 2003, a câmara setorial do leite,
órgão consultivo do ministério, formado
por representantes da sociedade e da cadeia produtiva do leite.
Através desse, órgão, que é subordinado,
diretamente ao ministro, é possível estreitar
relações com os vários segmentos interessados
no agro negócio lácteo no país, traçando,
assim, as diretrizes políticas interessantes para o
crescimento do setor. Rodrigues, diz que é preciso
rediscutir e redesenhar o sistema de produção
leiteira no Brasil, direcionando, o setor, no sentido de fortalecer
o cooperativismo, agregando valo, tecnologia e escala. No
curto prazo, me preocupa manter a renda do produtor para que
ele continue na atividade e garantir o abastecimento ao consumidor
daqui a quatro , cinco meses, quando começa o período
de entressafra. Para o ministro precisa se discutir um programa
de fusão e aquisição de cooperativas,
pois essa é a única maneira de se manter o pequeno
produtor na atividade, fundamental na garantia de renda da
agricultura familiar no Brasil.
De
encontro a tudo isso que vem sendo feito em pró da
cadeia Láctea, um problema, sério, envolvendo
a multinacional italiana Parmalat, em causando muitos transtornos
aos produtores de leite brasileiros. Produtores de várias
regiões do país, que depositaram seu produto
nas muitas cooperativas que abasteciam a gigante beneficiadora,
ficaram sem receber. Isso gerou uma grande instabilidade no
setor.
Para
o superintendente da Láctea Brasil é preciso
atentar para o fato de que essa empresa não atua apenas
no setor Lácteo e sim no segmento de alimentos com
vários outros produtos. O que ocorreu com a filial
brasileira da Parmalat está associado a um problema
sério de gestão que surgiu na sua matriz na
Itália. É preciso, no entanto se separar a questão
da gestão fraudulenta com o todo que é o grupo
Parmalat. Independente do ocorrido, hoje a Parmalat atua em
mais de 30 países, inclusive na própria Itália
ocupando o 8º lugar em faturamento. Outro ponto que é
interessante observar é quanto aos números que
estão sendo apresentados na imprensa. Efetivamente
a Parmalat detinha 7,2% do mercado brasileiro, captando algo
em torno de 1 milhão de litros de leite por ano. Isso
dentro do mercado for-
Paulo
Portilho presidente da Láctea Brasil diz que o grande
Calcanhar de Aquiles do agro negócio lácteo
no Brasil está, justamente na produção
e consumo informal de leite e derivado. Dos 21,3 bilhões
de litros produzidos anualmente, cerca de 8 bilhões,
pertencem a clandestinidade. É preciso fomentar
o crescimento do setor formal, pois, somente este pode assegurar
a qualidade dos produtos derivativos do leite produzidos no
país.
Outro
problema é quanto á falta de cooperativa que
dêem suporte ao pequeno produtor. Estima-se que do volume
total produzido no país 60% esteja nas mãos
do sistema não cooperativo e empresas nacionais. Os
outros 40% deste leite é negociado no mercado spot,
mercado onde só operam indústrias de Laticínios,
ou seja, este produto adentra a indústria de laticínios,
mas não chega nas mãos do consumidor, ou já
chega processado. Portilho, explica que, embora alguns fatores,
ainda, limitem o desempenho do setor.
O
ano de 2003 foi um período em que o déficit
do setor diminuiu drasticamente. Os números das exportações
e na safra 2003/04 as alternativas são de que o setor
possa fechar com um saldo positivo na sua balança comercial.
Para
isso, os órgãos ligados ao desenvolvimento do
setor lácteo vêm buscando parcerias com órgãos
e instituições de ensino, como a Escola Superior
de Agricultura Luís de Queiroz (Esalq), de Piracicaba
(SP), no sentido de aumentar as possibilidades para o segmento.
Estar filiado a entidade como Esalq ou Embrapa é muito
importante para Láctea Brasil, pois, isso traz maior
credibilidade a associação, além de ampliar
o leque de futuros projetos que eventualmente possam estar
sendo tocados em parceria, conclui Portilho.
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