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AVESTRUZ - ABATES VIRÃO, COM A AMPLIAÇÃO DO REBANHO
rev 41 maio 2001

Afinal, da ave é possível aproveitar a carne, o couro, os ovos e as penas. O mercado externo registra preços sedutores para esses produtos. Mas é preciso preparar o mercado consumidor brasileiro, garante Maurício Lupifieri Júnior. Ele, o irmão Hélio e o pai Lupifieri, são proprietários e diretores da Fazenda Aravestruz, em Araçatuba, interior de São Paulo, onde criam 2,5 mil aves, das quais 800 regime da hospedagem, e comercializam filhotes.

A empresa realizou o primeiro abate de avestruz no Brasil, em 18 de abril, no Frigorífico Araçatuba, em Araçatuba, interior de São Paulo, com 10 animais em torno de um ano de vida e médias de 28 Kg/ave de carne limpa. O total da produção foi comercializado com a Churrascaria Rodeio, em São Paulo, a R$ 60 o Kg da carne.

O couro foi enviado para curtume, As penas não foram comercializadas. Nas viagens para África do Sul, Lupifieri observou que as aves de sete meses de idade sofrem poda nas penas maiores. Portanto, quando alcançam 12/13 meses, as penas mostram-se novas e mais viçosas. Isso não aconteceu com as aves abatidas. E deve ocorrer com as aves que estão nessa faixa de idade hoje.

O próximo abate deve ocorrer ainda neste mês. Dessa forma, a Aravestruz incrementa o objetivo de abrir mercado aos criadores, desde venda filhotes ao abate e distribuição de carne. Mais: como a procura do mercado mostra-se crescente, a empresa compra animais de clientes, preferencialmente, e também de não clientes, para abate. Dessa forma, a Aravestruz incentiva a escoação da produção nacional, assegura Lupifieri.

Ainda como forma de aproveitamento dos produtos a empresa planeja inaugurar um curtume na região de Araçatuba, até o final do ano. Formado por módulos, o primeiro deles terá capacidade de 500 peles/mês.

Lupifieri Júnior explica os altos valores obtidos pelos produtos não estão relacionados aos custos de produção, mas inflacionados pelo mercado, cuja demanda é maior do que a oferta. Por exemplo uma jaqueta de coura de avestruz pode alcançar US$ 25 mil, no mercado externo e um par de botas, de R$ 1 mil e R$ 1,5 mil, no mercado interno. Em países, onde a criação acontece há cerca de 20 anos, como África do Sul e Estados Unidos, os preços mantêm-se diferenciados.

A fazenda Aravestruz iniciou a criação das aves, 96, com investimento de US$ 250 mil e a compra de 50 reprodutores, trazidos do Arizona, nos Estados Unidos. Portanto, 2001 é o quinto ano de produção de filhotes no Brasil. Empresário na área química, Lupifieri investiu em pecuária, até 94. Incentivado pelos filhos, optou pela criação de avestruzes, em busca de retorno com maior rapidez. O Know-how foi adquirido através de viagens a países experientes na criação, como África do Sul, Europa e Estados Unidos.

O objetivo da Aravestruz sempre foi a produção de carne, mais a comercialização dos demais produtos, o que significa venda de couro e penas.. Após a importação de animais, teve início a formação do plantel, em 97. Hoje, somando os animais da Aravestruz e dos demais criatórios brasileiros e dos demais criatórios brasileiros, que totalizam 35 mil aves, maiores parte composta por filhotes, o país encontra-se na fase de formação.

Na prática, o mercado criador mantém-se praticamente inexplorado, enquanto o mercado consumidor mostra-se sólido. O kg da carne de avestruz é comercializado a R$ 80, para o consumidor final; o kg da pena custa US$ 200; e o couro, US$ 330, a peça de 1,15 metro quadrado. Embora aparentemente animador, o mercado. Embora aparentemente animador, o mercado interno precisa ser trabalhado. É preciso investir na criação e também na divulgação, insiste Lupifieri Júnior.

O cenário atual mostra que não há frigoríficos para abate de avestruz e cortume, além de volumes pequenos de carne e falta de infra-estrutura para distribuição em larga escala. As perspectivas para mudança do quadro implicam na alteração das regras de consumo. Se o consumo da carne correspondesse a 0,3% do consumo nacional, seria necessário plantel de um milhão de cabeças, explica ele.

O avestruz é criado em 70 países do mundo e a África do Sul lidera a produção de Aves. Na América do Sul, apenas criadores do Brasil e do Chile mostram interesse pela ave. Quatro fortes argumentos motivam a criação. A ave revela precocidade e permite abate com um ano de vida, adapta-se a variados climas, como o calor de Israel e o frio do Canadá, mantidas as diferenças de instalações, e as fêmeas produzem 20 filhotes/ano. Há interesse em Santa Catarina, Bahia, Rio Grande do Norte, Paraná e São Paulo, que concentra metade do plantel e número de criadores, garante Lupifieri. A Aravestruz registra 400 clientes ao longo do país. Um casal de três meses de idade, por exemplo, custa R$ 3 mil, enquanto um casal com dois anos e meio de idade alcança R$ 20 mil. Os animais são mantidos a pasto e alimentados com ração á base de minerais. Lupifieri Júnior explica que um alqueire paulista, 24,2 mil metros quadrados, suporta 45 casais de avestruzes. Na prática, isso representa 900 filhotes/ano em um alqueire. Cada filhote transforma-se em reprodutor com dois anos e meio de idade.

Entusiasmado, ele apresenta cálculos que compraram a diferença entre criar avestruzes e gado bovino. Com base sempre em um alqueire, o criador poderá manter 150 cabeças da ave e três de boi. Em termos de produtividade, isso representa 600 arrobas/alqueire/ano de avestruzes e 18 arrobas de boi. A proporção de couro por alqueire também é bastante diferente, pois aponta 150 para avestruz e três para boi. O mesmo acontece com as crias, com filhotes para avestruzes e um para a vaca. Mais: os filhotes podem ser destinados a dois mercados: abate e mercado de ave vivas. O criador aponta outras vantagens para esse mercado. A conversão alimentar das aves é animadora, já que para cada quatro Kg de ração, ganha um Kg de carne. Trata-se do segundo animal mais rústico do mundo, pois perde apenas para o camelo. O avestruz fica até oito dias sem beber água. O abate pode ser feito em frigorífico bovino.

Frente ás perspectivas de mercado, a Aravestruz oferece, na própria fazenda, suporte aos criadores que compram filhotes. Há por exemplo, hospedagem, em piquetes e instalações, incubatório, serviços veterinários e segurança 24 horas/dia, para o animal. Reprodutores adultos são hospedados em piquetes específicos. Os preços da hospedagem variam de R$ 50 mês/animal, para aves de três a seis meses de vida, e R$ 60 mês/animal, para avestruz entre seis e 30 meses de idade. Para as aves mantidas no incubatório, o preço corresponde, o preço corresponde a 20% dos nascimentos.

A fazenda orienta para abate, distribuição e divulgação dos produtos. A carne de avestruz tem sabor semelhante ao de carne bovina, com vantagens de ser mais saudável. Este é o maior trunfo para garantir o mercado, garante Lupifieri Júnior. Portanto, o consumidor não precisa ser trabalhado para descobrir o sabor. Motivado pelo interesse do mercado, Lupifieri organiza e Lupifieri Júnior ministra um curso mensal para os interessados em criar as aves, realizado em São Paulo. O curso, com duração de aproximadamente seis horas, aborda o mercado, produtos e criação. A iniciativa, que começou em janeiro do ano passado, costumo reunir participantes de todo o país. Alguns cursos extras foram ministrados no Rio, Belo Horizonte e São José dos Campos.


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