A
política de leilões de PEP do governo associada
a preços internacionais favoráveis renderam
bons resultados para a cadeia agroindustrial do algodão.
Análise de pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada)/Esalq/USP indicam que
a modernização da cotonicultura, bem como de
toda cadeia têxtil, em paralelo a um mercado internacional
com bons preços da fibra criou um cenário propício
para que a intervenção governamental fosse bem-sucedida,
principalmente nos últimos meses. Conforme cálculos
de pesquisadores do Cepea, os R$ 66 milhões desembolsados
pelo governo no programa de PEP representariam apenas 5,2%
do total de R$ 1,26 bilhão gerados pela cotonicultura
na safra 1999/2000.
Para chegar a esta análise, pesquisador do Cepea consideraram
a média diário do Indicador ESALQ/BM&F durante
este ano em 92,48 centavos de Real por libra-peso (ou R$ 2,04
o quilo) e a comercialização de 90% das 700,3
mil toneladas produzidas na safra 99/00. Sendo assim, os R$
66 milhões desembolsados pelo governo representariam
apenas 5,2% do total gerado. Há ainda, que se considerar
que o governo dispõe de um razoável estoque
remanescente das operações referente ás
opções de venda, vendidas aos produtores e que
não foram recompradas. Observa-se que, apenas dessas
opções, restariam pouco mais de 32 mil toneladas
de algodão em estoques públicos. Mais uma vez,
considerado o preço médio do ano, isso significaria
R$ 64 milhões.
Pesquisadores do Cepea ressalvam que esses são cálculos
aproximados, mas indicam que a atuação do governo
foi positivo nesta safra, tendo em vista, que o saldo dos
seus gastos pode ser praticamente zerado com o uso dos estoques.
Como pontos positivos dessa conjunção de fatores,
tem-se a estimativa da Conab de que as importações
no próximo ano serão 33% menores que no ano
2000, atingindo os menores patamares dos últimos oito
anos. A produção nacional, por sua vez, deverá
atingir 828,3 mil toneladas, um aumento de 18,3% em relação
á safra 1999/2000. Para este aumento de oferta nacional,
espera-se um consumo interno com taxa de crescimento menor
que a safra passada, atingindo 930 mil toneladas de pluma,
mas por outro lado, um aumento das exportações.
Com preços internacionais do algodão em níveis
bastante interessantes o Índice Cotton Outlook
Tipo A, por exemplo, está 42% superior
ao do mesmo período do ano passado o, Brasil
voltou a exportar volumes significativos depois de dez anos.
Até o dia 28 de novembro, já tinham sido exportadas
29,7 mil toneladas de algodão da safra 99/00. Além
disso, o que mais impressiona é que 65,9 mil toneladas
da safra 00/01, que ainda está sendo plantada, também
já estão comprometidas para a exportação.
Os benefícios desse desenvolvimento do setor de algodão
nacional reflete também no restante da cadeia industrial.
Segundo informações da Associação
Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT), as exportações
do setor como um todo, atingiram US$ 850 milhões de
janeiro até agosto, um aumento de 26,5% em relação
a 1999.
Mercado
internacional
Com
esta conjuntura, pesquisadores do Cepea destacam que a questão
que fica pendente refere-se ao comportamento dos preços
no mercado internacional daqui para frente. Foram esses preços
que contribuíram para que a política de intervenção
(subsídio) pudesse ser suspensa, e devem ser também
que a garantirão um desempenho positivo do mercado
no ano que vem. A forte disputa pelo produto nos últimos
leilões de PEP, no dia 23 de novembro, provocou aumento
nos deságios do subsídio. A redução
foi de 70% para as indústrias do Centro-Sul e de 30%
para exportação.
Estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
(USDA) apontam para diminuição de 0,4% da produção
mundial na safra 2000/01, decorrentes principalmente de notícias
sobre a redução das safras americana e chinesa,
enquanto a demanda deve crescer em torno 1,4%. Além
de projetar preços firmes para o próximo ano,
o cenário internacional está interferindo nos
preços que continuam reagindo positivamente mesmo nesta
época que concentra a colheita da maioria dos países
produtores do hemisfério Norte, responsáveis
pela maior parte da produção.
Conforme o Indicador do Algodão Esalq / BM&F, elabora
pelo Cepea, no mês de novembro, o algodão em
pluma no mercado disponível no Brasil, acumulou a alta
de 8%. No dia 28, por exemplo, o Indicador ESALQ/BM&F
para oito dias, chegou nos 95 centavos de Real por libra-peso.
Com este cenário favorável, o Governo cancelou,
por indeterminado, o aporte de subvenção ao
setor, ainda que seus técnicos tenham afirmados que
o programa possa voltar caso os preços caiam abaixo
do preço mínimo de R$ 0,86 por libra
peso.
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