Desde
o início da década de 90, os produtores de soja
recorrerem ao tratamento das sementes como prática
correta no combate a doenças e incentivo ao desempenho
do cultivo.
No início dos anos 90, os cultivos de soja passaram
a ser atacadas por uma nova doença. o cancro da haste,
transmita por sementes. Até esse período, menos
de 5% dos produtores brasileiros de soja realizavam tratamento
de sementes. Hoje, entre 85% e 90% dos sojicultores adotam
a prática. Nas grandes áreas de Mato Grosso,
Goiás e Tocantins, 560 do plantio é feito com
material tratado, assegura Ademir Henning, pesquisador
de fitopatologia e sementes da Embrapa Soja.
Na opinião dele, essa técnica mais aplicação
de micronutrientes, inoculação e utilização
de sementes de boa qualidade garantem sucesso de germinação,
ao evitar a entrada de novas doenças, assegurar a distribuição
uniforme da população de plantas e aumentar
o rendimento médio da plantas e aumentar o rendimento
médio da lavoura. O tratamento das sementes com fungicida
sistêmico tem como objetivo limpar a semente dos fungos
que causam doenças, enquanto o tratamento com fungicidas
de contato protege a semente dos fungos do solo.
Henning sugere aos produtores a leitura de Recomendações
Técnicas para a Cultura da Soja na Região Central
do Brasil 2000/01, livreto preparado pela Embrapa Soja e Fundação
MT. Sabe-se, por exemplo, que o preparo do solo ou o uso de
semeadura direta, na época adequada e em solo com boa
disponibilidade hídrica, aliados á utilização
correta de herbicidas e boa regulagem da semeadura são
práticas essenciais, cujo sucesso depende de qualidade
das sementes.
Muitas vezes, porém, a semeadura não é
realizada em condições ideais, o que resulta
em problemas na emergência da soja, e, em certas situações,
na necessidade de ressemeadura. Em tais circunstâncias,
o tratamento da semente com fungicidas, sistêmico e
de contato, oferece garantia adicional ao estabelecimento
da lavoura a custos reduzidos. Ainda conforme o livreto,
o uso intensivo do solo com a cultura da soja e a falta de
manejo adequado provocam reduções dos teores
de matéria orgânica e aumentam a acidez dos solos.
Como conseqüência, a ocorrência de deficiência
de alguns micronutrientes essenciais á cultura da soja
e, especialmente, ao processo de fixação simbiótica,
têm surgido com freqüência em várias
regiões do Brasil. Respostas significativas no rendimento
tem sido verificadas com a aplicação de micronutrientes,
especialmente, molibdênio e cobalto.
A soja obtém a maior parte do nitrogênio de que
necessita através da associação simbiótica
com a bactéria do gênero Bradyrhizobium, espécies
B. japonicum e B. elkanii, vulgarmente conhecidas como bradirrizóbio.
A adubação nitrogenada é desnecessária
e prejudicial á fixação simbiótica
do nitrogênio .
Convém que o produtor realize a inoculação
das sementes, o que representa acréscimos de rendimento
de 4% a 15%, para que a associação simbiótica
entre a soja e o bradirrizóbio seja eficiente. A medida
implica em custo de aproximadamente 0,5% do custo de instalação
da lavoura. Deve-se inocular as sementes todos os anos.
O livreto explica que as três operações
tratamento de sementes com fungicidas, aplicação
de micronutrientes na semente inoculação podem
ser realizadas conjuntamente. O tratamento de semente com
fungicidas tem o objetivo de controlar fungos transmitidos
pela semente e diminuir a chance de introdução
em áreas em que eles não existem. Mais: assegura
populações adequadas de plantas, quando as condições
de solo e de clima, durante a semeadura, revelam-se desfavoráveis
á germinação e á emergência
da soja, deixando a semente exposta por mais tempo a fungos
do solo como Rhizoctonia solani, Pythium spp., Fusarium spp.
e Aspergillus spp.
A eficiência de diversos fungicidas e/ou misturas entre
eles, para controle de alguns dos principais fungos transmitidos
pela semente de soja, como Cercospora kikichii, Cercospora
sojina, Fusarium semitectum, Phomopsis spp. e Colletotruchum
truncatum, é anualmente avaliada na Embrapa Soja. O
melhor controle quatro primeiras patógenos é
obtido com o uso de fungicidas do grupo dos benzimidazóis.
Entre os produtos testados e recomendados para o tratamento
de sementes de soja benomyl, carbendazin e thiabendazole
mostram-se os mais eficientes no controle de Phomopsis spp.
Dessa forma, podem ser considerados opção para
o controle do agente do cancro da haste em sementes.
Os fungicidas de contato, como captan, thiram e tolyfluanid,
com bom desempenho no campo á emergência, não
controlam totalmente Phomopsis spp. e Fusarium semitectum
nas sementes que apresentam índices elevados desses
patógenos, acima de 40%. Exatamente por isso, tais
produtos devem ser sempre utilizados em misturas com um dos
fungicidas sistêmicos benomyl, carben-dazin ou
thiabndazole.
Em relação á aplicação
de micronutrientes, sabe-se que o aumento progressivo das
produções de soja promove a retirada crescente
de micronutrientes do solo, sem reposição adequada.
Mais: a má correção da acidez e o manejo
inadequado do solo têm alterado a disponibilidade de
micronutrientes essenciais á nutrição
da soja e ao perfeito estabelecimento da associação
bradirrizóbio x soja.
Estudos realizados em diferentes regiões do Brasil
revelam deficiência ou toxicidade aguda de vários
elementos no solo, inclusive com sintomas visuais nas plantas.
O molibdênio (Mo), o cobalto (Co), o zinco (Zn), o cobre
(Cu), o manganês (Mn) e o Boro (B) são elementos
mais deficientes, principalmente nos solos do Cerrado, afetando
drasticamente as espécies cultivadas naquela região.
Entretanto, mesmo nas regiões onde os micronutrientes
não apresentam problemas, como a região Sul,
já foram detectadas deficiências de Mo e Co.
Hoje, a dose recomendada de molibdênio é de 12
a 30 g de Mo/ha e a de cobalto é de 2 a 3 g de Co/ha.
A aplicação de Mo e Co na semente pode reduzir
a sobrevivência doBradyrhizobium e, por isso, opcionalmente,
a aplicação destes micronutrientes poderá
ser também efetuada na mesma dose acima, em pulverização
foliar ou no solo juntamente com outros fertilizantes.
No Brasil, os trabalhos de pesquisa têm desenvolvido
novas tecnologias de cultivo de soja com aumentos sucessivos
de produtividade, o que implica em maior necessidade de nitrogênio
para a cultura. Assim, trabalhos intensivos da pesquisa em
fixação biológica do nitrogênio
seção necessários, na busca de novas
tecnologias de inoculação e de novas estirpes
de bradirrizóbio capazes de competir com as estrirpes
instaladas no solo e que apresentem maior capacidade de fixar
nitrogênio.
As áreas de primeiro cultivo com soja são desprovidas
de populações de B. japonicum e/ou B. elkanii
e, conseqüentemente, as respostas á inoculação
são expressivas. Entretanto , em áreas já
cultivadas com a soja, os solos possuem altas populações
desses organismos e a resposta á reinoculação
nem sempre apresenta o mesmo sucesso. Assim, cuidados devem
ser tomados no sentido de melhorar os inoculantes e os métodos
de inoculação para garantir maior população
da bactéria nas sementes.
Henning explica que o tratamento de semente com fungicidas,
a aplicação de micronutrientes e a inoculação
podem ser feitos com máquinas específicas de
tratar sementes, tambor giratório ou com betoneiras.
O livreto, que publica ampla tabela de fungicidas e doses
recomendas para tratamento de sementes, aponta vantagens para
esse tratamento, se comparado ao convencional por meio
de tambor. Entre as vantagens estão menor risco de
intoxicação do operador, uma vez que os fungicidas
são utilizados via líquida; melhores cobertura
e aderência dos fungicidas, dos micronutrientes e do
inoculante ás semente; rendimento em torno do 60 a
70 sacos por hora; e maior facilidade, já que o equipamento
pode ser levado ao campo, pois possui engate para a tomada
de força do trator.
Com essas máquinas, a calda dos fungicidas, sistêmico
e de contato, micronutrientes Mo e Co, pode ser preparada
em mistura á solução açucarada
de 10% a 15% (100 a 150 gramas de açúcar e completar
para um litro de água). Essa colocada no primeiro compartimento
e será a primeira a entrar em contato com a semente.
No segundo compartilhamento, é colocado o inoculante
turfoso. O inoculante não deve estar excesso de umidade,
caso contrário ficará aderido ao mecanismo da
máquina e não será distribuído
homogeneamente sobre as sementes.
O produtor deve adquirir os fungicidas e os micronutrientes
em formulações líquidas ou pó,
para permitir que o volume final da mistura seja completado
com a solução açucarada sem ultrapassar
300 ml de calda por 50 kg de semente. as doses dos fungicidas,
dos micronutrientes e do inoculante são sempre as mesmas,
independentemente do equipamento utilizado. Quando for utilizado
o tambor giratório, com eixo excêntrico, ou a
betoneira, o tratamento poderá ser efetuado tanto via
seca, com fungicidas e micronutrientes líquidos ou
a combinação de uma formulação
líquida com outra formulação pó.
No caso do tratamento via seca, adicionar 300 ml de solução
açucarada por 50 kg de semente e dar algumas voltas
na manivela para umedecer uniformemente as sementes. Após
essa operação, aplicar os fungicidas e, em seguida,
os micronutrientes nas dosagens recomendadas. O tambor é,
então, novamente girado a´te que haja perfeita
distribuição dos produtos nas sementes. Por
fim, é adicionado o inoculante turfoso e, novamente,
o tambor é girado até a distribuição
uniforme do inoculante sobre as sementes.
Na opção por via líquida, ou seja, utilizando-se
fungicidas e os micronutrientes ambos ou não, na forma
líquida, convém seguir as recomendações
do livreto. Em primeiro lugar, cuidado na utilização
de produtos que contenham pouco líquido, ou seja, com,
no máximo, 300 ml de solução por 50 kg
de sementes, pois e excesso de líquido pode causar
danos ás sementes e prejudicar a germinação.
Caso esse volume de líquido seja inferior a 300 ml
de calda por 50 kg semente, utilizar a solução
açucarada para completá-lo. Recomenda-se ao
produtor a adoção de medidas de segurança
na compra do inoculante. Por exemplo, adquirir inoculante
devidamente registrados no Ministério da Agricultura
e do Abastecimento. O número de registro deverá
estar impresso na embalagem. Não usar inoculante com
prazo de validade vencido e que não contenha uma população
mínima de 1 X 108 células viáveis por
grama de turfa. Ao adquirir o produto, certificar-se de que
o inoculante estava armazenando em condições
satisfatórias de temperatura e arejamento. Transportá-lo
e conservá-lo em lugar fresco e bem arejado.
A inoculação exige cuidados. A recomendação
é de que seja á sombra. De preferência,
efetuar a semeadura no mesmo dia, especialmente se as sementes
tiverem sido tratadas com fungicidas e micronutrientes. Manter
as dementes inoculadas protegidas do sol e do calor excessivo.
Em áreas já cultivadas com soja, os resultados
com a inoculação são menos expressivos
do que em solos de primeiro ano. Ainda assim, observa-se ganhos
de 4% a 15% no rendimento de grãos, com a reinoculação.
Por isso, recomenda-se reinocular todas os anos.
Como a soja não é uma espécie nativa
do Brasil, a bactéria que fixa nitrogênio, o
bradirrizóbio, não existe naturalmente nos solos
brasileiros. Assim, é indispensável que se faça
a inoculação da soja em áreas de primeiros
cultivo com essa leguminosas, para maior garantia de obtenção
de alta produtividade.
Outro fator a ser levado em consideração é
que alguns fungicidas e certas formulações de
micronutrientes afetem a sobrevivência das células
de bradirrizóbio. Por essa razão, em solos de
primeiro ano de plantio, para garantir melhores resultados
com a inoculação e o estabelecimento da população
do bradirrizóbio no solo, o produtor pode evitar o
tratamento das sementes com fungicidas.
Isso pode ser feito, desde que a semente utilizada apresente
qualidade fisiológica e sanitária; solo com
boa disponibilidade hídrica e temperatura adequada
para rápida germinação e emergência.
Caso essas condições não sejam atingidas,
o produtor deve tratar a semente com fungicidas sob orientação
técnica.
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