ÁGUA - CADA DIA MAIS RARA E VALIOSA!
rev 35 novembro 2000

A disponibilidade de água potável no planeta já está entre as principais preocupações das diversas lideranças mundiais. Há quem preveja que, no máximo, 25 anos será um produto extremamente raro. A escassez, uso inadequado, poluição, contaminação e desperdício estão incluídos nas agendas de debates das mais diversas instituições , sejam públicas ou privadas. O assunto é delicado e será tema de um seminário no Brasil, em 2001, mais precisamente em Foz do Iguaçu.

Apreensiva quanto á oferta futura, principalmente para a agricultura praticada em países subdesenvolvidos a FAO – organização para Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (ONU), fez um estudo e concluiu que, até o ano 2030, as nações periféricas deverão tesar em condições de ampliar significativamente a produção de alimentos com um aumento de apenas 12% no consumo de água.

A previsão do organismo da ONU é que a população mundial cresça a uma taxa de 1,1% até 2015, a partir de quando deverá crescer mais lentamente. O planeta, atualmente, abriga 6 bilhões chegar aos 8,1 bilhões, com cerca de 33% de expansão. A demanda por alimentos também deverá aumentar, porém num ritmo menos acelerado.

Para enfrentar esse crescimento da procura por alimentação, a FAO define três condições básicas como necessárias: aumentar a produtividade agrícola; ampliar a áreas de plantio; incrementar a intensidade da exploração, elevando o número de colheitas anuais. Nos últimos 30 anos, assinala, a expansão da produção, em mais de 75%, é resultado de safras fartas, conseqüência da chamada “revolução verde”.

Diante disso, a entidade admite que, nos próximos 30 anos, mesmo aconteça em nações pobres, com 69% do aumento da produção atribuída ao maior volume obtido nas colheitas anuais, 12% através de uma exploração agrícola mais intensa e o resto com a expansão da área de cultivo. Estes dados foram divulgados pela revista “Agricultura 21” e disponibilizado no site da FAO, em outubro passado.

Para a entidade, grande parcela desse incremento da população, terá procedência de lavouras irrigadas, localizadas, em sua maioria (75%), nos atualmente chamados países emergentes. Atualmente, acrescenta, cerca de 20% das terras agrícolas dessas nações possuem irrigação e fornece cerca de 40% da produção total da agricultura. Nos últimos 30 anos, a superfície irrigada cresceu cerca de 2% ao ano, atingindo 94 milhões de hectares, entre 1962 e 1996, quase que dobrando no período.

Consumo deve aumentar 12% nos países periféricos

A pesquisa da FAO abrange 93 países em desenvolvimento e chega a conclusões “alentadoras.” Para o espaço de tempo entre 1996 e 2030, o consumo de água para irrigação deverá ter um aumento de 12%, nesses Estados, passando de 1,8 bilhão de km³/ano para 2,06 bilhão de km³ anuais naquela data. Para entidade, é um ligeiro aumento” em comparação com o crescimento previsto da expansão da área irrigada.

Essa alta moderada na expansão do consumo é conseqüência de aperfeiçoamentos técnicos aplicados, otimizando a eficiência dos equipamentos de irrigação, provocando uma redução na demanda de água necessária para cada hectare de lavoura. A FAO acredita, ainda, que essa diminuição também será resultado de uma mudança no perfil agrícola de alguns países. A china, por exemplo, deverá transformar uma área substancial destinada atualmente ao trigo, com o plantio de arroz. A triticultura consome o dobro da água exigida pela orizicultura.

Paralelamente, o organismo das Nações Unidas recomenda que se busque aumentar a produtividade da agricultura tradicional (seca), que continua proporcionando cerca de 60% de oferta total de alimentos. Essa expansão, observa, teria uma repercussão significativa e bastante favorável á produção mundial. Admite, porém, que é preciso uma ajudazinha de São Pedro, pois as possibilidades de avolumar a safra, dependem, em grande parte, da ocorrência de chuvas.

Estratégias podem complementar oferta para agricultura seca

Mesmo assim, alerta que, nas áreas secas, a coleta de águas pluviais pode reduzir os riscos e dar maior produtividade ás colheitas. E aponta a existência de diversas formas de realizar essa coleta: através de microestruturas instaladas no campo para dirigir o líquido a plantas específicas ou a fileiras de vegetais (conservação no local); recolher água externa á áreas de captação e dirigi-la para as terras cultivadas (irrigação por inundação) : e coletar e guardar em reservatórios, tanques, entre outros, para usá-la em períodos mais secos (irrigação complementar).

Nos últimos decênios, acrescenta, a agricultura irrigada tem sido uma fonte extremamente importante na produção de alimentos. As colheitas mais abundantes, aponta, são oriundas de lavouras irrigadas que podem duplicar e mostrar volume bem superior ao obtido por uma bem sucedida safra da agricultura seca. Mesmo com a utilização de poucos insumos, a lavoura irrigada é mais produtiva que a tradicional, notório e voraz consumidora de agroquímicos.

Para a FAO, é possível elaborar políticas, criar instituições e leis destinadas a promover um melhor uso e aproveitamento da água, nos mais diversos níveis. Quanto ao abastecimento, a recomendação é no sentido de criar diretrizes, tanto para o consumo como para a produção de alimentos que tenham uma demanda reduzida pela água. Como exemplo, cita o plantio do arroz ao invés do trigo, criação de frango como substituto do boi. Além de, entre outras, melhorar a administração da irrigação buscando formas e fórmulas para reduzir o consumo, fazendo com que aqueles que possuam lavouras irrigadas gerenciem e controlem suas próprias reservas, inclusive recebendo incentivos para a economia de água. No âmbito de bacia hidrográfica, a sugestão é priorizar uma profunda integração não apenas do setor rural a organização do consumo, mas também entre os demais consumidores, como sistemas hidrelétricos, indústria e a população urbana, finaliza.

BRAHMAN - MERCADO FORTE E PROMISSOR

Há escassez de reprodutores. E não há como atender a demanda. Paralelamente, o mercado de sêmen da raça cresce de maneira entusiasmante. E os leilões apontam excelente procura por fêmeas. A definição do mercado é feita por Ovídio Carlos de Brito, presidente da Associação dos Criadores de Brahman (ABCD). Entusiasmado, ele acredita na expansão da raça ao longo do país. Para isso, baseia-se na procura de animais e nos preços obtidos, que aponta como reais, e no desenvolvimento da raça nos demais países da América Latina e América Central. “O Brahman transformou-se em raça prepoderante nessas regiões. A perspectiva e de que repita o sucesso aqui, assegura.

Brito lembra, porém que a força do Nelore ainda é grande entre os criadores brasileiros. Mesmo assim, a força da heterose deve motivar a percepção dos produtores em vafor do Bhahman. Mais: convém lembrar que é inquestionável a adaptação do Brahman ao Trópico e sua capacidade de concorrer com raças de carne, como Angus e Hereford. “A adaptação ás condições tropicais garante simplificação na obtenção da heterose”, explica Brito. “Isso permite dispensar o uso da inseminação artificial e adotar touro a campo, método usado nos Estados Unidos, Austrália e na Argentina. Lá, a inseminação artificial não é utilizada para animais terminais, explica. Na opinião dele, os leilões e exposições da raça tendem a manter os bons resultados. Assim, como a expansão da raça, que deve migrar para as regiões de clima tropical úmido do país.

Precocidade e rapidez no acabamento

Precursor na criação de Brahman, já integrou o grupo de importadores, em 93, Antonio José Prata Carvalho, Tonico Carvalho, acredita que o mercado da raça enfrente forte expansão. Para isso, contribuem o LA (Livro Aberto), medida adotada na sua gestão como presidente da Associação dos Criadores de Brahman, entre 97 e 00, a qualidade da raça e a venda de sêmen.

Hoje, o país tem aproximadamente 30 criadores, plantel de três mil animais PO e entre quatro e cinco mil LA. Lembra que a introdução da raça, há sete anos, foi motivada pela genética, considerada nova opção para cruzamento. Na verdade, o Brahman seria a opção de cruzamento com raças européias e com Nelore, assegura. A receptividade superou a expectativa.

A raça distribui-se por Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Pará, MAranhão e o Espírito Santo. Inicialmente, os criadores motivaram-se pela precocidade e rapidez de acabamento de carcaça. Hoje, valoriza-se também a habilidade maternas das fêmeas. “O Brahman é zebuíno, o que significa que se adapta em qualquer região do país, garante o criador.

Ele acredita no crescimento da raça no futuro próximo, porque todos os criadores que usaram genética Bhaman voltaram a usá-la. “A aceitação do produto é fantástica”, assegura. O melhor exemplo: a sexta feira do primeiro final de semana de julho de 2001, o leilão da Fazenda Brumado será dedicada a um leilão exclusivo de Bhaman.


Edicões de 2001
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