Brasil
sub-utiliza potencial reprodutivo dos touros a campo. Estudos
apontam que cada macho pode cobrir mais que o dobro das fêmeas
atualmente designadas nos lotes nacionais.
Na última década, diversos conceitos foram alterados
sobre a reprodução de bovinos a campo. No entanto,
muito pouco se aplicou tal evolução na prática.
Para se ter uma idéia, enquanto o País conta
com alguns experimentos de sucesso, colocando um touro para
cobrir até cobrir até 96 fêmeas, a média
nacional não passa de um macho para um lote de 25 a
30 vacas. Isso porque a disseminação da tecnologia
é lenta, mas vem ocorrendo aos poucos com a contribuição
de técnicos, engenheiros agrônomos e veterinários
que prestam assistência á propriedade rurais.
Uma tarefa nada fácil, uma vez que, ao longo dos anos,
a proporção um touro para 25 ou 30 fêmeas
ganhou status de tradição entre a maioria dos
pecuaristas brasileiros. Um modelo que emperra a adoção
de novas tecnologias, tendo em vista a necessidade de ocorrer
uma mudança cultural no setor. Na verdade, mudança
cultural no setor. Na verdade, ainda não se
conhece o limite que um touro para cobertura a campo, mas,
com certeza, a média aplicada no Brasil sub-utiliza
o pontencial reprodutivo do macho, comenta o veterinário
e pesquisador da Embrapa/Pecuária Sudeste, de São
Carlos (SP), Rogério Taveira Barbosa.
Segundo ele, em1 0 anos, a principal alteração
no mundo dos reprodutores bovinos foi a preocupação
com as características genéticas do animal.
Até então, valia o fenótipo (aspectos
externos), como por exemplo, tipo de pelagem, cor, olhos,
orelhas, aprumo e umbigo, todos avaliados a partir do padrão
estipulado para cada raça. De lá para
cá, acredito que a realização do exame
andrológico surge como o diferencial mais importante.
Uma avaliação clínica geral do reprodutor,
especialmente dos órgãos genitais, que mede,
entre outros aspectos, a circunferência escrotal, além
de avaliar as condições físicas do sêmen
(cor, vigor, quantidade de espermatozóides por volume)
e a morfologia (estrutura da célula espermática).
Apesar de não serem obrigatórios, tal exame
passou a ser bastante exigido, principalmente nas propriedades
tecnificadas.
È justamente no topo da pecuária nacional que
se encontra a evolução reprodutiva mais acelerada,
tendo em vista a obtenção da melhor performance
do gado. De acordo com Taveira Barbosa, ao se preocupar com
a genética, o mercado se encarregou de colocar tal
aspecto num dos mais significativos processos de comercialização
do setor: o leilão. prova de que os fatores de
escolha na aquisição de um animal deixaram de
estar centrados apenas na aparência, mas, também,
no desempenho promovido pelos aspectos reprodutivos internos.
Na ponta do lápis, o trabalho do pesquisador da Epamig,
Vicente Otávio Fonseca, que avaliou os efeitos econômicos
do potencial reprodutivos de touros Nelores numa proporção
de um macho para 80 vacas, mostrou que, frente a atual realidade
brasileira, pode ocorre uma redução de 22,8%
sobre o custo de produção da cria desmamada.
Para tanto, é indispensável a definição
de uma estação de monta, que pode variar de
45 dias a seis meses, a começar do mês de outubro
e término em março, acompanhando o maior crescimento
das forrageiras tropicais. O touro na Vacada o ano inteiro
prevalecerá o instinto do animal, não é
recomendado para rebanhos que desejam um resultado comercial.
Na visão de Taveira Barbosa, três meses é
um período ideal, tendo em vista que se conseguiria
um período entre partos de 12 meses. Para tanto, ele
ressalta que não se pode concentrar as atenções
apenas no desempenho do touro, mas, também, preparar
as fêmeas para o momento do acasalamento, no intuito
de otimizar o potencial reprodutivo do macho. È por
isso que despende uma preocupação maior á
ciclicidade diária do cio. Afinal, de nada a
adiante aumentar o número de vacas para serem cobertas
por cada touro, se o percentual diário de fêmeas
em cio estiver muito baixo. Assim, um lote de proporção
de um touro para 100 fêmeas com 1% de cio/dia dará
menos resultado do que naquele de 40 vacas por touro, mas
com a ciclicidade diária máxima de 5%.
Carne
que o mercado quer
Além
da performance reprodutiva, o pecuarista deve, também,
atentar para o tipo de carne que produz. Atualmente, o boi
moderno desejado pelo mercado de carne precisa ser um animal
jovem, de 24 meses, peso de carcaça de 17@ a 18@, peso
vivo de 500 kg a 550 kg, com mais volumoso que traseira que
no dianteira e cobertura de gordura entre 5 mm a 8 mm na altura
da 12a costela. Mas nem sempre foi assim. Historicamente,
de acordo com o engenheiro agrônomo e pesquisador da
Embrapa/Pecuária Sudeste, Pedro Franklin Barbosa, as
exigências para determinadas características
bovinas têm mudado com o tempo. Ainda no século
XIX, mais especialmente em 1870, na Inglaterra, o grande campeão
novilho, de nove Firly, apresentava uma altura
de 1,74 m, 1.700 kg, sendo 45% de gordura e 35% de carne.
Anos mais tarde, já em 1935, nos Estados Unidos, o
grande campeão Majongg, era um animal de 1,35 m de
altura, 435 kg e 40% de gordura na carcaça. Uma
grande mudança na altura e no peso, mas que não
resultou no aumento da produção de carne.
A evolução continuou e, em 1960, desejava-se
um novilho alto enquadrado entre os índices
7,8 ou 9 da tabela de score corporal peso de 500 kg
e 28% a 30% de gordura. Exemplares que, apesar de apresentarem
significativos ganhos na produção de carne,
cerca de 50% da carcaça, eram tardios devido a seu
grande tamanho. Diante disso, Franklin Barbosa alerta que,
hoje, está havendo um retorno para os animais mais
baixos, com altura entre os índices 4 e 7 da tabela
de score corporal. Isso para que o animal esteja em
condições de abate num período mais curto.
No entanto, atualmente, a pecuária nacional está
diante do desejável, do boi ideal para abate. Para
se ter uma idéia, a média dos animais zebuínos
terminados a pasto é de 15@, 34,5 meses e 5,7 mm de
gordura. Os zebuínos confinados têm 16,7 @ aos
27,8 meses e 5,2 mm de gordura.
O gado cruzado com acabamento em pastagem apresentam, aos
32,8 meses, 16,5@ e 2,9 mm de gordura. Por fim, os cruzados
confinados contam com 16,7 @ aos 22,1 meses e 3,6 mm de gordura.
Dessa forma, observa-se que a oferta brasileira sempre
aparece com algum desequilíbrio frente ás exigências
do mercado de hoje. Assim, acredito que o semiconfinamento,
que faz a suplementação dos animais a pasto,
apareça como melhor sistema para se equalizar as médias
de idade, peso e espessura de gordura, finaliza Franklin
Barbosa.
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