As
vantagens do cruzamento industrial da heterose materna, dos
animais híbridos em geral estão evidentes. Neste
final de século não há mais produtor
ou técnico que possa negar os resultados produtivos
ou técnico que possa negar os resultados produtivos
do cruzamento. Foi assim com a agricultura, depois foi a vez
das aves e por fim dos suínos. Praticamente não
existem mais populações comerciais, aquelas
que vão ao abate para produção de carne,
de raças puras.
Por muito anos os produtores de bovinos limitaram a admirar
os resultados espetaculares dos animais F1 (meio sangue) no
abate, utilizando o chamado cruzamento industrial. Aos poucos
porém estes mesmos produtores começaram a se
dar conta de que abater todos os animais cruzados era um desperdício.
Não seriam superprodutivas as novilhas F1? Sim, estas
fêmeas costumam ser superleiteiras e, o que é
mais importante, incrivelmente precoces, emprenhando com facilidade
aos 14 meses de idade!
Então a única saída era fazer cruzamentos
rotacionados, retendo as novilhas F1 e alterando sempre a
raça utilizada sobre elas. Este sistema realmente mantém
um bom nível de heterose. Contudo os animais produzidos
têm tipo bastante variado, o que dificulta muito o gerenciamento
do rebanho. Além disto, nas condições
de nosso país, devemos quase obrigatoriamente utilizar
inseminação artificial, já que os touros
de raças européias dificilmente suportam cobrir
em nossas pastagens por anos seguidos.
Como fazer para manter os excelentes índices de produção
dos animais F1 sem ficar alterando entre diferentes raças?
Podemos tentar estabilizar como uma nova raça os tipos
sintéticos. Foi assim que foram desenvolvidas raças
como Brangus, Braford, Simbrah etc.
Realmente, os primeiros compostos, de apenas duas raças,
geralmente em uma combinação de 3/8 + 5/8, oferecem
as primeiras soluções que exploravam a complementariedade
entre diferentes raças. Ou seja, foi possível
observar em animais de apenas uma raça
a adaptação do zebu e a alta produção
dos europeus.
Contudo, as soluções 3/8 + 5/8 tinham capacidade
reduzida de reter a heterose. Assim, depois de duas ou três
gerações grande parte do vigor híbrido
dos animais f1 se perdia. Além disso quase toas as
populações sintéticas fundadas eram muito
pequenas, o que diminui muito as chances de seleção
genética e levou, quase sempre, a um aumento perigoso
da consangüinidade.
O que fazer então? Precisávamos de uma alternativa
que mantivesse a heterose mas que fosse fácil de gerir
como os sistemas de raça pura. Um sistema do tipo:
escolha um bom fornecedor, compre os melhores touros dele
a cada ano e utilize sobre suas melhores fêmeas, descarte
as vacas vazias e pronto.
Foi neste contexto que surgiram os compostos, populações
sintéticas formadas a partir de contribuições
de um grande números de raças originais. Estes
compostos multiraciais teriam a capacidade teóricas
de manter altos os níveis de heterose, mesmo após
a estabilização dos compostos como raças.
Teriam não, têm! Foi o que provaram os clássicos
experimentos realizados no Clay Center, estação
de pesquisas localizada em Nebraska, EUA.
A aplicação comercial destes conceitos não
demorou muito. Logo as empresas atuantes no mercado de genética
bovina começaram a desenvolver novos produtos com estas
características. Um das de Billings, (Montana, EUA).
Seus Stabilizer (1/4 Red Angus, 1/4 Hereford, 1/4 Simental
Salers e Tarentaise + 3/4 Red Angus e South Devon) produtor
de carne americano, com demanda firme e crescente nos leilões
de reprodutores da empresa.
Nos trópicos a solução começou
a ser desenhada após a associação entre
a Agropecuária CFM, de São José do Rio
Preto/SP, uma das maiores produtoras de touros Nelore com
CEIP e DRPs positivos e a própria Leachman Cattle Company.
A nova empresa, chamada de CFM Leachman Pecuária, iniciou
um sistema de franquia genética inédito e hoje
congrega 19 empresas e um rebanho total de 40 mil vacas no
seu sistema de seleção pioneira, dedicado á
formação do composto chamado Montana.
Fazendo uso de raças Britânicas (Red Angus e
South Devon); Continentais (Simental e Gelbvieh); Adaptadas
(Senepol, Belmont Red, Tuli, Romo Sinuano, Bonsmara, Caracu)
e do nosso Nelore, o grupo esta desenvolvendo animais com
adaptação e produtividade na medida certa. Os
animais Montana costumam ser vermelhos e com boa carcaça.
com contribuição média de 25% de Nelore
e outros 25 a 50% de sangue de raças adaptadas, sendo
o restante formado por raças européias de alta
produção britânicas ou continentais.
Ao reduzir a adaptabilidade com contribuições
de raças de origem européia, porém adaptadas
aos trópicos, este tipo de composto pode resolver alguns
problemas antigos. Primeiro podemos esperar ótima retenção
de heterose já que estamos trabalhando com muita raças;
além disso, ao manter boa adaptabilidade sem altas
contribuições de zebuínos o novo composto
oferece altas doses de heterose mesmo quando utilizado sobre
rebanhos Nelore puros. Afinal, tem bem menos Nelore que os
sintéticos tradicionais (3/8 +5/8). Por fim, ainda
em decorrência da pequena contribuição
zebuína, o composto tropical por manter-se mais próximo
das populações européias em aspectos
que não são muito afetados pela heterose, como
maciez de carne por exemplo.
O programa Montana, instituído em 1994 conta hoje com
19 empresas franqueadas com mais de 25 fazendas distribuídas
por todo o país. Após uso e testes intensos
dos primeiros animais dentro do próprio rebanho dos
franqueados os primeiros resultados começaram a seguir:
1.. os machos 1/2 sangue Montana, filhos de mães Nelore
ou 1/2 sangue, estão produzindo apenas 6% menos que
os F1 europeu Nelore (Faz. Madeiral C. Maluhy).
2.. este mesmos machos 1/2 sangue Montana apresentaram desempenho
muito bom no sistema de Superprecoce, sendo abatidos aos 15
meses com 17,3@ e 56,3% de rendimento (Faz. Madeiral
C.Maluhy).
3.. suas irmãs novilhas ½ Montana, apresentaram
70% de cio em estação de monta de 90 dias aos
14 meses. Já as novilhas Montana, apresentaram 89%
de cio em situação equivalente (Faz. Madeiral
Carlos Maluhy).
4.. a carne de animais Montana abatidos foi significativamente
mais macia que os animais 1/2 sangue zebu ou puros zebuínos
(Agropecuária CFM).
5.. os touros Montana estão iniciando o serviço
já aos 13 meses de idade, sendo aprovados normalmente
em exame andrológico (todos franqueados).
6.. os resultados financeiros obtidos indicam que o rebanho
Montana, em função de sua excelente precocidade
sexual, ótimos pesos ao desmame e reduzida idade ao
abate foi capaz de aumentar até 36% a margem bruta/ha
(Agropecuária CFM) tabela Em 1999 o mercado
brasileiro pode começar a experimentar a nova tendência,
chegam ao mercado cerca de 350 tourinhos preparados pelos
19 franqueados do sistema Montana, os Compostos Multiraciais
com inclusão de raças européias adaptadas
em nosso país. Para este ano, a perspectiva é
que sejam comercializados 820 touros. Nos dias 16 e 17 de
agosto, a CFM e os parceiros do Composto Montana, realizam
leilão com 440 touros.
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