Em
fevereiro deste ano o Ministério da Agricultura e do
Abastecimento, liberou a utilização de fosfatos
(fontes de fósforo) não tradicionais na alimentação
de bovinos, isto é, fosfatos de rocha e de Superfosfato
triplo. Esta decisão atendeu a reivindicação
de pecuaristas liderados pela Confederação Nacional
de Agricultura, CNA, entre outras entidades, que buscavam
com isto, reduzir custos com as misturas minerais. Mas não
agradou a muitos outros grupos, pois acreditam que estes produtos
podem trazer prejuízos á saúde pois acreditam
que estes produtos podem trazer prejuízos á
saúde animal e também, servir de argumento para
a imposição de novas barreiras sanitárias
á exportação.
Segundo dados da Associação Nacional para a
difusão de Fontes de Fósforo na Alimentação
Animal, Andif, o consumo de fosfato bicálcico no Brasil
em 1999 foi de 60- mil toneladas. A produção
milhões de toneladas métricas por ano e o país
é o sétimo em produção com 5 milhões
de toneladas métricas/ano, o primeiro é os Estados
Unidos, seguido da Rússia e do Marrocos.
O Brasil precisa importar grande quantidade para poder produzir
o que consome já que 90% do fosfato produzido é
utilizado na agricultura, para compor o adubo. Os restantes
10%, destinados a alimentação animal, precisam
passar por uma série de tratamentos químicos
a fim de torná-lo altamente assimilável pelo
organismo e livres de impurezas, contaminantes e elementos
tóxicos.
É deste ponto que vem todo o processo de discussão.
O pecuarista e presidente do Fórum Nacional da Pecuária
de Corte, órgão ligado á CNA, Antenor
Nogueira, diz que a luta foi pelo barateamento do sal. Com
a liberação do uso de outras fontes de fósforo,
uma maior número de produtores poderão utilizar
o suplemento mineral para o seu rebanho. Havia muito
pequeno produtor que não suplementava seu gado pela
questão custo, ressalta.
Nogueira diz que a base de sustentação do Ministério,
para liberar o produto foi uma pesquisa realizada durante
12 anos pela Embrapa Gado de Corte. E eles comprovaram
que os níveis de metais pesados e resíduos tóxicos
são quase inexistentes, nas vísceras dos animais,
assinala. O pecuarista lembra que para os opositores da idéia
o argumento de uso técnico é muito simples.
Basta ver a regulamentação de fabricação
do produto e verificar que os índices de outros metais
terão que ser os mesmos dos produtos tradicionais.
É justamente este o ponto de combate das opiniões
contrárias. Segundo Julio Barcelos, professor da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, não é muito
fácil controlar o nível e quantidade de metais
pesados, como o flúor por exemplo, destas rochas alternativas.
A própria Embrapa Gado de Corte, através dos
seus pesquisadores alerta para os cuidados a serem tomados
em relação ás matérias primas
que serão utilizadas no preparo das misturas.
Conforme diz a zootecnista Maria Luiza Nicodemo, o flúor
é tóxico para bovinos e afeta, principalmente,
os ossos e dentes do animal. Em médio e longo prazos,
o efeito dessa acumulação de flúor pode
se manifestar por lesões nas áreas afetadas,
manqueiras, fraturas e diminuição do consumo
de alimentos, causando perda de peso. Se o criador quiser
mesmo utilizar suplemento com estas fontes, precisa conhecê-las,
saber sua origem, ou seja, deve estar descrito no rótulo
do produto que também, deve mostrar a quantidade de
cada mineral que compõe a mistura, alerta a pesquisadora.
A portaria do Ministério da Agricultura determinou,
que tanto os fosfatos de rocha, quanto os superfosfato triplo
tenham o teor de umidade máximo de 7%. A dosagem de
cálcio deve ser de até 15% no supertriplo e
de 20% nos fosfatos de rocha. Nestes últimos, o teor
mínimo de fósforo deve ser de 9% e sua dosagem
de flúor não pode ultrapassar a 1,5%. No caso
de super triplo, o teor de fósforo não deve
baixar de 20% e o de flúor não pode ultrapassar
a 0,7% da composição de produto. o Ministério
recomenda ainda que não deve ser utilizado na composição
de suplementos proteinados e dados para aves, suínos
e bovinos de leite.
A maioria das empresas entrevistadas pela Rural afirmaram
que não pretendem desenvolver produtos com fontes de
fosfatos de rocha alternativa. È o caso por exemplo
da Manah. José Luiz Bianchi, gerente geral da área
de nutrição animal afirma que a empresa fabrica
somente suplementos minerais bicálcico desfluorizado,
e não tem qualquer pretensão de mudar isto.
Darcy Silveira, gerente de Produto da Azevedo, Bento S.A a
mais antiga empresa do mercado, diz que os sais a base de
cálcio e fósforo são de melhor assimilação.
Já os outros necessitam de mais processos para torná-los
palatáveis o que não sei se compensaria,
diz. Alexandre Vilela, diretor superintendente da Premix diz,
por sua vez, que esta liberação será
um prato cheio para a Europa e outros países vetarem
a compra da carne brasileira. Nosso problema é
na verdade, interno. Porque não lutam para baixar a
taxa de importação da matéria prima da
qual somos dependente? Isto sim, reduziria bastante o custo
final do produto reclama o executivo. Fontes do setor
que não quiseram ser identificadas afirmam que internamente
também existem medidas a serem tomadas. Citam o caso
de uma única empresa, estrangeira, ser dona hoje, integral
ou parcialmente, de importantes empresas brasileiras do setor
e, com isto, adquirirem o direto total sob as minas de exploração
de fosfato, principal matéria prima dos suplementos,
criando um monopólio perigoso, afirmam.
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