Ministério
da Agricultura e do Abastecimento liberou o uso de fosfatos
não tradicionais para a alimentação do
gado, como os de rocha e o superfosfato triplo. Pesquisadores
da Embrapa Gado de Corte alertam para alguns cuidados a serem
tomados, como a necessidade de controle das matérias-primas
que serão usadas no preparo das misturas, a busca de
orientação técnica e o perigo de substituição
indevida de componentes para não exceder os limites
de tolerância do animal. Recentemente, a Secretaria
de Apoio Rural e Cooperativismo do Ministério em instrução
normativa, especificou as normas de utilização
e preparo das formulações contendo fosfatos.
De um modo geral, as pastagens brasileiras são deficientes
em fósforo. Essa deficiência provoca perda de
peso e redução na produção de
vacas de cria. O gado pode receber esse elemento ao consumir
misturas minerais balanceadas, contendo fosfatos , cujo o
mais comumente utilizado é o bicálcico.
Fosfatos como os de rocha (tapira, de patos, de araxá)
podem ser utilizados em certas situações como
na terminação em confinamento, mas são
potencialmente tóxicos, especialmente para animais
jovens e vacas de cria. Eles contém mais baixa quantidade
de fósforo disponível ao gado ao comparado ás
fontes tradicionais e alta taxa de flúor.
O flúor é tóxico para os bovinos e afeta,
principalmente, os ossos e dentes do animal. Em médio
e longo prazos, o efeito dessa acumulação de
flúor pode se manifestar por lesões nas áreas
afetadas, manqueira, fraturas e diminuição do
consumo de alimentos, causando a perda de peso animal. Além
disso, misturas contendo alto teor de fosfato de rocha não
são agradáveis ao paladar animal. Para que não
o gado coma quantidade suficiente de mistura para suprir suas
necessidades, ela deve estar bem balanceada e ser consumida
nas quantidades adequadas.
Normatização e dosagem- O Ministério
determinou os teores máximos e mínimos dos fosfatos
alternativos utilizados nas misturas de sais mineralizados
e exigiu que esses limites fossem informados em rótulos
ou etiquetas dos produtos, junto com a indicação
de uso adequado, as preocupações e as restrições.
Tanto no Superfosfato triplo quanto nos fosfatos de rocha,
a umidade não pode ultrapassar o teor máximo
de 7%. A dosagem de cálcio deve ser de até 16%
no Supertriplo e de 20% nos fosfatos de rocha. Nestes últimos,
o teor mínimo de fósforo deve ser de 9% e sua
dosagem de flúor não pode ultrapassar a 1,5%.
No caso do Supertriplo, o teor de fósforo não
deve baixar de 20% e o de flúor não pode ultrapassar
a 0,7% da composição do produto.
Entre as recomendações do Ministério,
está a de que os rótulos etiquetas dos fosfatos
de rocha devam chamar a atenção para o fato
de que o produto não deva ser utilizado como
fonte inorgânica exclusiva para alimentação
animal. Também, que não é recomendado
a aves, suínos, bovinos de leite e para formulações
de suplementos proteinados.
Limite de flúor o fosfato de rocha pode substituir
uma parte de outras fontes de fósforo, mas não
pode fornecer mais do que 30% do fósforo (inorgânico)
da mistura final. A mistura mineral pronta para o consumo
não deve exceder o limite de 2.000 mg de flúor/kg
do produto. Recomenda-se para novilhas o máximo de
40 ppm (parte por milhão) de flúor na matéria
seca da dieta. Isso equivale ao consumo de 40 mg de flúor
por kg de matéria seca da dieta. Isso equivale ao consumo
de 40 mg de flúor por kg de matéria seca que
a novilha consome. Em média, o consumo diário
é de 2 a 2,5% do peso vivo em matéria seca.
Dessa maneira uma novilha de 400 kg (comendo cerca de 8 kg
de matéria seca) poderia comer até 320 mg de
flúor/dia sem prejuízos na produção.
Esse nível de consumo de flúor já pode
causar lesões patológicas, como fluorose dentária.
Em suplementos proteinados, com ingestão de até
500g/cabeça/dia, o risco do animal ingerir flúor
em excesso é mais alto. Há relatos de fluorese
dentária e manqueira em bovinos adultos, na África
do Sul, associadas ao provável consumo de 223 a 510g/cabeça/dia
de suplemento com 1.400 mg de flúor/kg.
Um dos sintomas da carência de fósforo na alimentação
do gado é o chamado apetite depravado, que leva bovino
a comer, lamber ou roer couro, tendões ligamentos,
carne e ossos de cadáveres em estado de putrefação
e faz com que o gado passe a ingerir toda sorte de materiais
estranhos a sua dieta alimentar, como terra, pedra, madeira,
borracha e plástico, entre outros, encontrados na pastagem.
O apetite depravado dos bovinos torna o animal mais susceptível
a contrair doenças, como o botulismo, que é
provocado por toxinas de bactérias freqüentemente
presentes em matéria orgânica e decomposição.
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