Café
pode ser o primeiro de uma série de produtos brasileiros
que tem no mercado chinês um enorme potencial de consumo
a abrir as portas para uma relação comercial
mais estreita com os países asiáticos.
Um novo mercado consumidor, estimado em pelo menos 200 milhões
de pessoas, está com braços abertos para o Brasil.
O país é a China. O produto, o café.
Essa é a conclusão a que chegaram os membros
de uma comitiva brasileira que esteve com dirigentes chinesas
na primeira quinzena de abril, para vender um dos nossos principais
produtos da pauta de exportações.
A receptividade do povo chinês pelo café
é muito grande, embora o consumo ainda seja íntimo.
Apostamos, porém, em que nos próximos oito anos
a China. O café desperta uma curiosidade muito
grande entre eles; os chineses têm um especial interesse
nas ramificações do produto (desde os grãos
em saca ao café solúvel?) e pretendem, mais
do que nunca, instalar uma rede de bares e cafés, com
lojas em todas as cidades.
A delegação foi chefiada pelo ministro Roberto
Jaguaribe, diretor-geral do Departamento de Promoção
Comercial do Itamarati. Além de Mosconi participaram
do grupo o diretor do Departamento do Café do Ministério
da Agricultura, Roberto Abreu e Dejandir Dalpasquale, presidente
da Organização das Cooperativas Brasileiras,
além de produtores e exportadores do Sul de Minas.
No relatório que está elaborando para encaminhar
ao presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-S),
Mosconi é categórico quando afirma que abrimos
um canal de negociações, embora faltem algumas
barreiras a vencer. Um dos problemas seria o ingresso
da China na Organização Mundial do Comércio
(OMC). Essa, contudo, uma dificuldade passageira, pois americanos
e europeus estão em negociações avançadas
com o governo chinês, lembra Mosconi.
Outras barreiras, segundo ele, estão principalmente
na tradição do chinês de consumir chá.
É uma tradição milenar que não
pode ser mudada de uma hora para a outra; é como se
eles quisessem incutir na gente a idéia de trocarmos
o café pelo chá, comparou o deputado tucano.
Mas nós vamos conseguir alcançar nossos
objetivos, pois o interesse deles pelo café é
realmente palpável, sustentou.
Triangulação Mosconi diz ter ouvidos
dos chineses, em mais de uma oportunidade, que o país
está de braços abertos para o produto
brasileiro. ressaltaram, porém, que é
preciso que o vento sopre do Brasil para cá.
Atualmente, lembrou o deputado, o café brasileiro consumidor
na China chega lá depois de uma longa triangulação.
São importadores japoneses, belgas e italianos,
principalmente, que compram nosso café e reexportam
para ele.
A China tem uma população de 1 bilhão
e 300 milhões de habitantes. É um mercado que
ninguém pode desprezar. Pelos nossos cálculos,
e de acordo com a própria previsão do governo
da China, pelo menos 200 milhões de chineses estariam
em condições de passar a consumir nosso café
a média prazo, afirma o deputado.
Concorrência
com a Colômbia
De
imediato, o governo brasileiro, conforme proposta defendida
por Carlos Mosconi, precisa investir na divulgação
do nosso café entre os chineses. Os colombianos, segundo
ele, partiram na frente e já estão
lá há algum tempo, apesar de não
conseguirem grandes sucessos. Precisamos definir
uma estratégia: o governo e a iniciativa privada,
comenta Mosconi.
A Colômbia dispõe de um orçamento anual
de US$ 500 mil para promover seu café entre os chineses.
Os colombianos montaram um escritórios central
em Pequim e promovem, em conjunto com as torrefadoras locais,
ofertas de café para ser degustado nos grandes supermercados,
diz Mosconi, ao sugerir que cabe ao Brasil, portanto contra-atacar
em termos promocionais, com propostas mais agressivas.
Cooperativas De uma maneira geral, ainda segundo Carlos
Mosconi, os empresários chineses têm grande interesse
na promoção do nosso café. Eles
percebem a existência da geração de emprego
e expressiva economia. Para se ter uma idéia,
lembrou o deputado, um cafezinho servido em bares e restaurantes
de Pequim custa cinco dólares isso mesmo,
cerca de 10 reais, e podemos reduzir esse custo á medida,
prevê.
A produção agrícola na China é
toda ela confinada a cooperativas. São 180 mil
cooperativas com mais de um bilhão de associados,
comentou Mosconi, impressionado com os números. Seu
poder aquisitivo é grande e tende a crescer ainda mais;
e agora que comemoramos nosso descobrimento, precisamos abrir
os olhos e descobrir novos mercados, conclui o deputado,
lembrando que há 20 anos o Japão não
sabia o que há 20 anos o Japão não sabia
o que era café e hoje os japoneses são
dos maiores consumidores de café do mundo.
Fantasma de uma história não muito distante,
a desvalorização do Real parecia assunto esquecido
durante a Agrishow 2000, realizada no início de maio
em Ribeirão Preto, SP. A iniciativa dos bancos e das
empresas em criar linhas de financiamento mais acessíveis
e a saída do pape (finalmente) do Programa de Renovação
da Frota Agrícola do Finame, que injetou R$ 38,2 milhões
no mercado para a aquisição de máquinas
e implementos, fez com que o volume de negócios do
Agrishow crescesse mais de 30% em relação á
edição do ano passado. Segundo a Abimaq
Associação Brasileira das Indústria de
Máquinas e Equipamentos, responsáveis pela organização
da feira, as vendas movimentaram cerca de R$ 800 milhões.
O entusiasmo com o desempenho dos negócios é
tanto que as indústrias já começam a
falar numa recuperação do mercado este ano,
após uma queda da ordem de 14% nas vendas registrada
no primeiro quadrimestre do ano.
Termômetro
Somente
para o novo programa do Finame, foram realizadas de meados
de abril até o final do Agrishow cerca de 660 operações
de crédito. Já o Banco do Brasil havia cadastrado,
antes mesmo da feira começar, cerca de 1.000 candidatos
a financiamento. O banco espera movimentar por conta das transações
fechadas e iniciadas no Agrishow perto de R$ 70 milhões.
Com a queda nos juros e com o aumento dos prazos e coisa
ficou mais fácil, comemoravam os agricultores.
As taxas de juro do Finame caíram de 11,95% para 8,75%
ao ano para produtores rurais com renda bruta de até
R$ 250 mil. Acima disso, as taxas estacionaram em 10,75%,
também bastante atraente. Já o prazo de pagamento
espichou, passando de cinco para seis anos no caso de tratores
e para oito anos no caso de colheitadeiras.
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