Hoje,
dos aproximadamente 11 mil produtores de arroz do Rio Grande
do Sul, cerca de 70% são arrendatários, ou seja,
plantam em terras de outros, muitas vezes em sistema de parceria.
Há quem defenda essa medida como forma de tornar a
cultura economicamente viável. Outros, porém,
tornar a cultura economicamente viável. Outros, porém,
acham que há desigualdade no negócio, já
que o dono da terra corre pouco ou quase nenhum risco.
Carlos Alberto Iribarren, dono da granja Santa Vera, é
um destes produtores que paetiram para a parceria. Planta
130 hectares, no município de Capão do Leão.
Por ter gosto e vocação, mas não ter
terra, resolveu partir para este sistema de produção.
A parceria é composta da seguinte forma. O dono arrenda
a terra e a água por um valor pré-determinado,
estabelecido em saca da arroz, pagos ao final da colheita.
Ao produtor cabe a responsabilidade e riscos de todo o processo.
Ele é o dono dos equipamentos, contrata, mão
de obra e tudo o que for necessário para o plantio.
Para muitos esta forma de produção tem sido
muito cara, pois o dono da terra ganha sem correr risco Iribarren
não discute esta questão. Ele diz que sua fórmula
busca dividir responsabilidade financeira com o dono da terra.
No plantio, afirma utilizar a rotação de cultura,
o pré-germinado e o sistema convencional. Sua produção
média é de 6,5 mil kg/ha, bem acima da média
do estado que é de 5,2mil kg/ha. O custo está
em torno de R$ 1,1 mil o hectare e consegue ter ganhos de
20% acima deste valor. Realmente não é
muito fácil gerenciar este processo, mas a lavoura
só se viabiliza quando se controla muito bem estes
custos e se mantém uma produtividade alta, afirma.
Wilson Dorneles, é proprietário de terra em
Uruguaiana. Como arrendatário, decidiu fazer uma parceria
diferente. Entra com a terra e a água e o orizicultor
com o plantio. Ao todo são plantados 400 hectares.
Com a situação atual do arroz, Dorneles se diz
bastante preocupado. O preço está bem
ruim e se a situação continuar desta forma,
esta atividade vai desaparecer, como foi o trigo, acredita.
Considerando um dos reis do arroz, Érico Ribeiro diz
ter nascido dentro da lavoura. Seu pai era capataz de um outro
produtor. Hoje, trabalha em cerca de 1 mil hectares próprios
e mais de 30 mil entre o sul do Brasil e o Uruguai, arrendados
ou pertencentes a empresas do qual é o dono ou sócio.
Uma destas é a cooperativa Extremo Sulque possui uma
das maiores unidades de beneficiamento de arroz do Brasil.
Ocupando hoje uma cadeira na Assembléia Legislativa
do Estado, Ribeiro diz que político para o arroz está
bastante complicado. Mesmo atuando na área política,
não consegue entender porque não existem planos
estáveis para este setor. A única coisa
que vejo é o Governo Federal dar suporte á indústria,
aos bancos, mas para nós, que somos a base da economia,
só conseguimos melhorais, depois de muita negociação,
brigas e pressões, reclama.
Adolpho Antonio Fetter, começou na lavoura de arroz
colhendo com foice. Todos os seus 72 anos foram vividos dentro
desta cultura. O pai, Adolfo, foi capataz de um grande produtor
da região, o coronel Pedro Osório. Nos anos
50, o produtor assumiu a sua granja, localizada no município
de Turuçu, recém emancipado de Pelotas. Lá,
na Granja São José, tinha um engenho para beneficiar
o arroz e arrendava terras para abastecê-lo. Até
os anos 70 cultivada somente arroz. Hoje, já tem uma
diversificação, e dos 4,7 mil hectares destina
somente 10% para esta cultura. A meta para esta safra é
colher 7 mil kg por hectare, nas cinco lavouras e obter um
preço de R$ 15 por saca. Segundo o Instituto Riograndense
do Arroz, IRGA, uma autarquia criada pelo governo estadual
e os produtores, o custo da lavoura está em R$ 14,84
o hectare. Fetter acredita que gastou mais.
Mercado
Ao
final do segundo leilão de contratos de opção
arroz, realizado pela Conab, na Bolsa de Mercadorias de Futuro
do RS, o ágio chegou a bater 635%, mostrando a procura
muito forte por este tipo de negociação. No
contrato de opção, o produtor adquire o direito
de poder comercializar seu produto quando vencer o contrato.
Geralmente, utilizam esta estratégia para garantir
venda ao preço mínimo estabelecido pela Conab
que é em média, R$ 14,50. A analista de mercado
Vera Velho, da Agriplan Planejamento Agropecuário,
afirma que o produtor fez muito bem em procurar esta opção
de negócio. Se o preço do arroz na época
de conclusão do negócio estiver acima do estabelecido,
ele simplesmente retira sua opção. Mas se estiver
o contrário, garante um bom preço para seu produto,
assinala.
Para consultor econômico, Ciloter Iribarren, a situação
atual do setor arrozeiro é crítica. O volume
de endividamento é alto, a rentabilidade é cada
vez mais baixa e mesmo que o produtor tenha aumentado sua
eficiência produtiva, tem perdido renda. Para ele, se
não houver uma solução a curto prazo,
a tendência é que desapareçam muitos produtores
e o governo passe a ter que importar cada vez mais, arroz.
Não é mais possível para o produtor
esperar as regras do jogo da comercialização
para depois da colheita.
Ele precisa inverter o processo, opina. Criticando o
governo federal, Ciloter diz que o ele, precisa ter mais ética
e menos retórica. Basta que deixe claro suas
intenções, desde o início do processo
de plantio. Aí o produtor poderá decidir que
vai fazer, conclui.
A safra de arroz no Brasil 99/00 deve chegar a 11,735 milhões
de toneladas e o consumo per capita 70,9 kg. Nas últimas
cinco safras a produção cresceu em torno de
1,51% enquanto que a diminuição de consumo foi
de 5,87%. Do total produzido, O Rio Grande do Sul é
responsável por 50%.
O restante é distribuídos entre Santa Catarina,
Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e Maranhão.
Em termos de mundo a china, por sua necessidade de alimentação,
é a principal produtoras deste cereal. Logo depois
vem a Ìndia e a Indonésia. O Vietnã,
e os Estados Unidos também são grandes produtores.
Historicamente, a cultura de arroz é considerada milenar
na alimentação humana. Para muitos países,
principalmente os em desenvolvimento e os continentes asiático,
a orizicultura é uma das fontes básicas da economia.
No Brasil, sua introdução data do final do século
XIX, sendo um pouco no Maranhão e bastante no Rio Grande
do Sul. Nesta estado, aliás, tornou-se uma das principais
fontes de riqueza, sustentando a economia de muitas cidades
como Pelotas, no sul do estado, Cachoeira do Sul, no centro
e Uruguaiana, na fronteira oeste. Muitos especialistas dizem
que o Rio Grande do Sul, nasceu para a cultura do arroz,
pois tem uma das melhores condições hídricas
do país, fator necessário para o desenvolvimento
da orizicultura.
Lavoura
está bem tecnificada
Durante
os mais de 100 anos de plantio de arroz no país, principalmente
no Rio Grande do Sul, a principal tecnologia agregada era
em relação ao controle de ervas daninhas e remodelação
dos sistemas de irrigação. Com o crescimento
da importância desta lavoura, núcleos de pesquisas
foram sendo criados a fim de investirem na ampliação
dos conhecimentos sobre orizicultura. Hoje este complexo está
bastante unido e avanço. Além do sistema convencional,
já foram agregados a maneira de plantio, o pré
germinado e o direto. Também há estudos de utilização
de outras culturas como o milho e o sorgo, nas áreas
plantadas na safra passada, a fim de propiciar a rotação
de cultura.
O agrônomo Valmir Menezes, é pesquisador do Instituto
Riograndense do Arroz, IRGA.
Conforme diz, o sistema mais utilizado no mundo é o
irrigado convencional. Mas existe, no Brasil Central, o de
cequeiro, cultivo em áreas altas, dentro do período
de chuvas. Pode também ser irrigado por aspersão.
Segundo diz, é a irrigação que garante
uma estabilidade na produção. Eu digo
até que o grande salto da orizicultura foi quando investiu
em formas de irrigação e captação
de água.
Para Menezes o setor possui e domina praticamente toda a tecnologia
existente para sua existência. A produtividade média
hoje está em torno dos 5.300 kg/ha e poderia estar
mais uma vez que o Estado tem conhecimento e formas de chegar
a pelo menos 7mil kg. Um dos problemas que enfrenta á
o arroz vermelho. Uma espécie que concorre com o branco
e prejudica na produção porque sua planta cresce
mais que a outra.
O vermelho apresenta problemas de qualidade e quantidade do
grão. Em geral eles não são inteiros
e apresentam pouco amido. Até hoje não existe
um controle efetivo desta espécie. Somente conseguimos
isto através da seleção de sementes que
não apresentam este problema, afirma o agrônomo.
Ele acrescenta ainda que nenhum sistema de plantio vai ter
controle eficiente do vermelho se não houver uma boa
irrigação.
Sistemas de Plantio Os produtores de arroz trabalham
atualmente com cinco sistemas de plantio. O convencional,
o plantio direto, o pré germinando, o cultivo mínimo
e o transplante de muda. Atualmente, 65% da área trabalha
no sistema convencional, 25% utiliza o plantio direto e o
cultivo mínimo e os 10% restante estão utilizando
o pré germinado. Em Santa Catarina, 95% da área
é plantada no sistema pré germinado. O transplante
de mudas está restrito, por enquanto, a campos de produção
e sementes de alta qualidade.
Convencional Envolve o preparo primário, que
consiste em operações mais profundas, normalmente
realizadas com arado, que visam principalmente o rompimento
de camadas compactadas e a eliminação e/ou aterrio
da cobertura da cobertura vegetal.
A semeadura é realizada a lanço ou linha
Cultivo
Mínimo Sistema pelo qual se utiliza uma mobilização
menor do solo quando preparado de forma convencional. Geralmente
feito no verão, no fim do inverno ou início
da primavera. è interessante que se permita a formação
de uma cobertura vegetal. A semeadura é realizada diretamente
sobre a cobertura vegetal, previamente dessecada com herbicida,
sem revolvimento do solo. Diminui-se com isto, o surgimento
de ervas daninhas.
Plantio Direto Sistema no qual a semente é colocada
diretamente no solo não revolvido. Somente é
aberto um pequeno sulco ou cova, de profundidade e largura
suficientes para garantir uma boa cobertura e contato da semente
com o solo.Neste sistema também deve-se realizar o
entaipamento de base larga e de perfil baixo na adequação
da área para o plantio direto do arroz irrigado.
Pré Germinado caracteriza-se pela semeadura
de sementes pré germinadas em solo previamente inundado.
No preparo do solo há necessidade de formação
de lama e o nivelamento e alisamento são realizados
com o solo inundado.
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