A
Embrapa Suínos e Aves se prepara para lançar
a mais nova versão do suíno light. Trata-se
da Embrapa MS 60, uma evolução da Embrapa MS
58, negativo para o gene Halotano, o que garante sua condição
de resistência ao estresse.
Um novo tipo de suíno está presentes a ganhar
o mercado nacional. É o macho terminal Embrapa MS 60,
desenvolvendo em Santa Catarina por meio de um convênio
da Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia,
com a Cooper-central Aurora, de Chapecó. Com previsão
de lançamento para Esteio (RS), na Expointer deste
ano, o animal tem como principal característica sua
condição livre de estresse. Em outras palavras,
isso significa que ele foi concebido a partir de linhas negativas
para o gene halotano, tornando-o o geneticamente resistente
ao estresse provocado pelo manejo, principalmente no pré-abate
garantido dessa forma uma melhor qualidade da carne.
O desenvolvimento desses reprodutores teve início há
dois anos e, atualmente, os testes encontram-se em fase final
de avaliação. A inexistência do gene Halotano
(responsável pelo estresse) e de uma carne geneticamente
livre de PSE, sigla que significa carne pálida, mole
e exudativa, qualidade que não agradam a indústria,
aparecem como as principais melhorias do Embrapa MS 60, comenta
o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Jerônimo
Antônio Fávero, informando que, em paralelo á
finalização do Embrapa MS 60, os estudos também
caminham para disponibilizar, no próximo ano, a parceira
ideal para esse macho, a fêmea hiperprolífica.
Ela terá a função de aumentar o tamanho
das leitegadas (total de leitões nascidos de um só
parto) e, em cruzamento com o macho terminal Embrapa MS60,
possibilitar um significativo aumento em quilogramas de carcaças
de qualidade produzidas por porca por ano.
Diante disso, vale ressaltar que o porco sem estresse é
um derivado do suíno light, o 1996. Resultado do cruzamento
de três raças, ambos têm em sua características
maior quantidade de carne magra na carcaça, o que proporciona
melhor conformação e rendimento dos cortes nobres.
Sua composição reúne a qualidade e produção
de carne do Hampshire, a rusticidade e a taxa de crescimento
do Duroc e o rendimento de carne do Pietrain. O Embrapa MS
58 é um macho terminal, o que significa que deve ser
utilizado em cruzamento com fêmeas híbridas de
raças brancas (Landrace x Large White ou Large White
x Landrace). Como resultado, produzem animais para abate com
maior rendimento industrial de carne, menor quantidade de
gorduras e melhor remuneração ao produtor, realça
o gerente do Departamento de Produção de Suínos
da Coopercentral, Alderi Miguel Crestani, lembrando que seu
potencial médio no aumento da qualidade de carne é
de 3,5%. São Animais de pelagem variada, com manchas
de diversas cores, indo do branco até o totalmente
preto.
A denominação Embrapa MS 58 está diretamente
relacionada ao rendimento da carne magra na carcaça,
superior a 58%. Além disso, o criador obtém,
ainda um ganho adicional de 5% na conversão alimentar,
o que significa a transformação de uma mesma
quantidade de ração em mais carne. As primeiras
comprovações do desempenho do macho Embrapa
MS 58 como melhorador de carcaças foram alcançadas
nas unidades experimentais da Embrapa e em dez granjas comerciais
de produtores associados á Coopercentral Aurora em
1995/1996. O animal atinge 90 Kg de peso vivo em apenas 139
dias (4,6 meses); o ganho médio de peso diário
dos 30 aos 90 Kg é de 906 gramas, mantendo nessa faixa
de peso a conversão alimentar de 2,33 Kg de ração
para produzir 1 kg de carne. As fêmeas registram 9,6
nascimentos por leitegada e 2,42 partos ano, com desfrute
de 23,71 leitões por ano. A espessura média
de toucinho varia de 6 a 10 mm nos machos e de 8 a 13 nas
fêmeas.
Tipificação
de carcaça
A
difusão desse melhoramento genético está
sendo realizada há três anos pela Aurora, com
base num trabalho desenvolvido por três centrais de
inseminação artificial, localizadas em São
Miguel do Oeste, Chapecó e Concórdia que utilizam
80 machos para produzir sêmen. Esses animais fornecem
sêmen ás 28 granjas multiplicadoras, cujo plantel
permanente é de 3.904 matrizes. Os machos e fêmeas
produzidos são distribuídos a 6.240 produtores
rurais que, juntos, totalizam 77.444 matrizes. A produção
desse fomento agropecuário abastece três unidades
industriais da Aurora, que abatem 108.000 suínos ao
mês. O presidente da Cooper-central, Aury Luiz Bodanese,
identifica nesse avanço científico um decisivo
fator de desenvolvimento da pecuária brasileira. Realça
que o Embrapa MS 58 e o Embrapa MS 60 vêm atender crescentes
exigências de mercado quanto ao alto teor de carnes
magras concentradas nas partes nobres da carcaça e
ao baixo teor de gorduras. É, portanto, um produto
sintonizados com conscientização nutricional
das pessoas, assinala.
Tudo começou em meados de 1992, quando as indústrias
frigoríficas sinalizaram o interesse pela tipificação
das carcaças de suínos. Ou seja, diferenciar
o pagamento dos animais entregues na indústria com
base na qualidade de carcaças avaliadas pelo conteúdo
percentual de carne, não mais pela avaliação
visual subjetiva e pelo vivo. Uma necessidade de mercado que
exigiria uma corrida a animais geneticamente capazes de produzir
maior qualidade de carne na carcaça.
Na época, alguns movimentos na iniciativa privada apontavam
para suprir tal necessidade, sem, no entanto, atender pequenos
e médios suinocultores, tendo os elevados preços
como principal empecilho de acesso para esses produtores.
Foi aí que a Embrapa Suínos e Aves firmou convênio
com a Coopercentral Aurora, no intuito de desenvolver um macho
terminal que, ao mesmo tempo, tivesse qualidade e fosse mais
barato. Uma nova linhagem que pudesse contribuir significativamente
para a suinocultura, justamente num momento em que se consolidava
um dos mais importantes passos para tecnificação
do setor.
No primeiro semestre de 1996,a indústria colocou em
prática o pagamento pela carcaça tipificada,
praticamente no mesmo resultados do cruzamento do macho terminal
Embrapa MS 58 comprovavam as qualidades do animal. Até
então, a genética disponibilizada por empresas
privadas era comercializada a preços relativamente
altos, dificultando o acesso de pequenos e médicos
produtores a esse melhoramento. O convênio com Aurora
buscou suprir a carência desse público, no intuito
de promover sua participação na produção
de suínos de qualidade, com mais carne na carcaça,
comenta o pesquisador Fávero.
Para ele, um dos grandes fatores que contribuíram para
o barateamento do suíno light da Embrapa está
ligado á credibilidade inerente á empresa. A
ausência e uma estratégia publicitária
reduziu os valores finais dos produtos. Fonte para muitas
reportagens na área rural, a Embrapa divulgou o MS
58 grandes investimentos, o que se tornou aspecto fundamental
na garantia de preços acessível para nosso macho
terminal. Um reprodutor Embrapa MS 58, de 100 kg, está
sendo vendido a R$ 345,00 preço posto na Embrapa
três vezes o valor do suíno para abate.
Em 1999, os machos vendidos pela Embrapa e por seus seis multiplicadores
totalizaram 2.835 animais e 48.364 doses de sêmen, sendo
que a maior venda desse material genético se concentra
em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Neste
ano, 45% do abate industrial da Aurora Cooperativa
Central Oeste Catarinense Ltda. será suínos
da linha Embrapa MS 58 e Embrapa MS60. Em 2005 esse índice
deve subir para 70% e, em 2010, o percentual chegará
a 95%. A Aurora é a segunda maior cooperativa central
brasileira e um dos dez maiores grupos industriais do País
consagrando-se como a líder em produção
do porco light no País.
Crescimento
nas vendas
No
mercado geral, as vendas do suíno light cresceram ano
após ano. Durante o ano de 1996 foram repassados 195
machos a 51 produtores de 37 municípios. Em 1997, a
comercialização atingiu 1188 animais, destinados
a 223 produtores de 109 municípios. Em 1998, foram
entregues 2237 machos para 274 produtores de 145 municípios.
Nesse período, mais de 200 produtores e empresas aguardavam
numa lista de espera, em busca de um número superior
a 800 animais. Com isso, o produto chegou ás granjas
de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná. São
Paulo, Minas Gerais, Bahia, Goiás, Distrito Federal,
Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Ceará e Sergipe
os números apresentados incluem a venda de machos para
Centrais de Inseminação Artificial de Suínos
(CIAS). O material genético da Embrapa está
presente em duas centrais RS, sete de SC e três do PR,
que juntas, comercializaram, no ano passado, 48.364 doses
de sêmen. Pequenos e médios produtores
estão se beneficiando de uma material genético
especializado, fornecido a um preço acessível,
o que vem possibilitando o melhoramento da carcaça
dos suínos terminados entregues na indústria
e aumentando o retorno econômico de sua atividade. comenta
o pesquisador Fávero.
Somando-se os machos comercializados pela Embrapa Suínos
e Aves, com os produzidos pelas cooperativas e granjas multiplicadoras
CIAS, estima-se que em 1999 os machos Embrapa MS58 serviram
a um plantel de aproximadamente 60.00 fêmeas. Um trabalho
que resultou na produção 1.178.452 animais para
abate, pouco mais de 8% do total de abates inspecionados de
suínos no Brasil, que gira em torno de 14 milhões
de cabeças.
Com a introdução do macho Embrapa MS58 nas granjas
que utilizavam reprodutores puros das raças Duroc e
Large White houve importante melhoria na produtividade. Mesmo
não sendo uma de suas principais características,
o macho Embrapa Ms 58 melhorou o tamanho de leitegada em 39,5%
das criações que o adotaram, o que representa
uma resposta do vigor híbrido obtido na progênie
do cruzamento com fêmeas F1 das raças Landrace
e Large White. Também acarretou aumento de 5% na conversão
alimentar, o que representou uma economia de 10 kg de ração
por suíno, o equivalente a uma redução
de R$ 2,00 R$ 2,40 nos custos de produção por
animal. E mais: aumento de 3% de carne na carcaça,
garantindo um adicional de R$ 3,00 por suíno produzindo
e entregue na indústria. Aplicando o retorno obtido
por animal, em torno de R$ 5,00, ao volume de produção
do ano passado chega-se uma economia de R$ 5.892.260,00 para
o setor, calcula o pesquisador.
Por fim, é importante destacar que, fruto desse trabalho,
o pesquisador Jerônimo Antônio Fávero recebeu,
em 1997, da Embrapa, prêmio Excelência
do Grupo Técnico-Científico. Em 1998, o The
Computerworld Smithsonian Awards Progrm, com sede em Washington,
DC, premiou o desenvolvimento do Macho Embrapa MS 58, incluindo
o pesquisador como Member of the 1998 Innovation Colection.
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