Depois
de enquadrar a genética da Marchigiana nos padrões
incrementando o rebanho de animais de elite, o mercado de
sêmen nacional passa a oferecer doses mais baratas com
o intuito de estimular a produção comercial.
O ano 2000 promete intensificar a presença do Marchigiana
nos trabalhos da pecuária brasileira. È que
a Progênie Melhoramento Genético, em parceria
com a Associação Nacional dos Criadores de Bovino
Italiano da Carne (Anabic), está trazendo do Brasil
genética voltada ao cruzamento industrial. Até
o ano passado, o País importava apenas sêmen
de touros para formação de rebanhos puros, com
a comercialização de cada dose a custos entre
R$ 25,00 e R$ 30,00.
A partir deste ano, a Progênie passa, também,
a trabalhar com material voltado para cruzamento industrial,
que será vendido a uma média de R$ 8,00 a dose.
Uma opção mais barata, mas não secundária,
pois se trata de uma genética de elite, do touro Lezio,
provado e que já foi campeão absoluto na Itália,
garante o técnico da Anabic e gerente da Italia Genetic
Service (IGS), braço da entidade para negociações
internacionais, Giannetto Guerrini.
De acordo com ele, mundialmente, o valor da dose de sêmen
do touro Lezio é superior a R$ 8,00, mas esse preço
faz parte de uma estratégia de marketing para itensificar
a participação do Marchigiana na pecuária
nacional. Destacam-se como as principais características
desse animal a facilidade de parto, aprumos perfeitos e boa
conformação de carcaça.
A parceria com a Progênie com a Anabic começou
há pouco mais de dois anos e, na opinião de
Guerrini, o Brasil se tornou, nos últimos anos, um
importante centro de qualidade do Marchigiana. O rebanho brasileiro
da raça tem um alto nível genético e
está bem próximo do que a Itália vem
buscando, graças ao trabalho da Associação
Brasileira de Criadores de MArchigiana (ABCM), que enveredou
para a seleção de carne. A conformação
dos animais está dentro do que se convencionou chamar
de gado dos anos 90. Ou seja, de tamanho médio, parte
posterior desenvolvida e diâmetros transversais largos.
Além, é claro, da rusticidade, principal argumento
para a presença da raça nos campos brasileiros.
Depois de trabalhar com sêmen destinado á formação
de gado de elite e, agora, para cruzamento industrial, as
negociações Brasil/Itália já marcam
o ritmo de outras ações. O próximo passo
será selecionar, no rebanho de elite italiano, os touros
ideais para o rebanho brasileiro, consagrando o acasalamento
genético ideal entre a pecuária italiana e brasileira.
Também esperamos a liberação do governo
brasileiro para a importação de embriões,
quando deveremos apostar no trabalho com fêmeas, ressalta
Gerrini a última importação de
animais no Brasil ocorreu em 1995, quando alguns criadores
trouxeram 25 fêmeas e dois touros Marchigiana e 20 fêmeas
Chianina.
O sêmen italiano é vendido para todos os continentes
do planeta, com destaque para as regiões da Nova Zelândia,
Austrália, Sul da África, Holanda, Polônia,
Sul dos Estados Unidos, Canadá, Venezuela, Argentina
e Brasil. Na Itália, estamos trabalhando além
do ganho de peso, mas, também, em aprumos e musculatura.
Isso tem refletido diretamente na melhoria da qualidade e
quantidade de leite ao bezerro.
Só para lembrar, o zootecnista e proprietário
da Progênie, Roberto Vilhena Vieira, ressalta que, ano
a ano, a raça Marchigiana no Brasil tem sido expandida
tanto em conformação quanto em genética.
Para evitar a consangüinidade, a empresa vem trazendo
opções de touros italianos provados e de linhagens
diferentes. Depois do reprodutor Mirino, juntamente com seus
filhos Cirio e Daino, os criadores Brasileiros passaram a
poder escolher, também, pela genética de Lezio
e seu filho Birbo, além de Enea e Damasco. Linhagens
diferentes da anterior, que visa promover o melhoramento genético
da raça. Temos a preocupação de importar
material provado, sempre atentos á necessidade de evolução
do Marchigiana no Brasil. Nesse sentido, Vieira está
de viagem marcada para a Itália, no mês de junho,
no intuito de trazer mais duas novas opções
de linhagens para os criadores nacionais.
|