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Uma proposta que pode mudar a cadeia produtiva do trigo no Brasil

Está em estudo no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Política Nacional do Trigo, entregue ao governo pela Abitrigo, entidade representativa do setor moageiro. Com a presença de representantes do ministério, o tema deverá agitar o 26º Congresso Internacional da Indústria do Trigo, que será realizado em Campinas, de 22 a 24 de setembro.

“Os principais objetivos da proposta visam ao crescimento do mercado de trigo, ao estimulo da produção interna, ao fortalecimento da agroindústria e à valorização do consumo”, explica o embaixador Rubens Barbosa, presidente da Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo), acrescentando: “Com isso, estaria sendo ampliada a sinergia entre o setor público e o setor, de grande importância para a segurança alimentar da população, e reduzida a dependência do País numa área estratégica, sempre preservando o livre comércio”.

A Política Nacional do Trigo está dividida em seis eixos. O primeiro é o do Ambiente Legal, preconizando um programa regulatório eficaz, ágil e estruturado, em uma abordagem de avaliação de risco baseada na ciência de gestão de segurança alimentar, fundamental para a credibilidade do Brasil como fornecedor confiável de alimentos seguros. Defendem-se boas práticas regulatórias em sintonia com a sociedade, a desburocratização e revisão das normas e procedimentos dos órgãos reguladores (ANVISA, MAPA, INMETRO e IBAMA).

No segundo eixo, da Produção, o documento observa que a triticultura é uma atividade que vem buscando solidez na rentabilidade e competitividade, mas precisa acelerar esse processo para chegar ao patamar de outras atividades brasileiras. As medidas sugeridas são: regionalização e especialização da produção alinhadas com a demanda do mercado; ampliação da área plantada e diversificação regional; e apoio à pesquisa (Embrapa e outros centros) no combate à Brusone e Giberela, com desenvolvimento de variedade de sementes resistentes.

Incentivos Fiscais constituem o terceiro eixo. A Abitrigo salienta que o ambiente atual não privilegia a eficiência e a qualidade na alocação de recursos e novos investimentos, problema que se soma à insegurança jurídica e econômica. Nesse contexto, são sugeridos mercado livre, que se autorregule, políticas públicas que valorizem a eficiência produtiva e a segurança alimentar, revisão dos incentivos fiscais em vigor e isonomia tributária em toda a cadeia produtiva. Com relação ao quarto eixo, do Ambiente de Negócios, os esforços, metas e resultados devem ser estabelecidos de maneira integrada com a cadeia produtiva e com igualdade entre as instituições, observa o documento, sugerindo mais segurança jurídica, simplificação e desburocratização.

O eixo cinco refere-se ao Comércio Internacional, observando que o mercado externo é agressivo e competitivo. Nesse cenário, os acordos comerciais exigem agilidade nas operações e uma busca contínua por diferenciais comerciais. As medidas propostas são a convergência regulatória e a modernização de processos, dos portos e da cabotagem. Finalmente, no sexto eixoLogística e Infraestrutura –, a Abitrigo preconiza a modernização na estrutura e modelos aduaneiros e investimentos em sistemas de logística, modais e armazenagem.

Importância do setor

Os alimentos à base de trigo, como pães, macarrão, biscoitos e bolos, estão presentes em 100% dos lares brasileiros e são fundamentais para a composição da cesta básica. “Isso nos mostra que as questões que envolvem o cereal, como inovação, importação, consumo, produção, saudabilidade e sustentabilidade, merecem ser tratadas de maneira prioritária, propondo caminhos que gerem valor para o setor e toda a sociedade”.

Os números macroeconômicos de 2018 também expressam o significado do setor: a indústria moageira brasileira processou 12,17 milhões de toneladas de trigo no ano passado. Volume é 3,4% maior em relação aos 11,77 milhões relativos a 2017. São 160 plantas industriais em todo o País. Área Norte/Nordeste, com 3,71 milhões de toneladas moídas, ficou em primeiro lugar, seguida do Paraná (3,47 milhões), Santa Catarina/Rio Grande do Sul (2,17 milhões), São Paulo (1,65 milhão) e Centro-Oeste/Minas Gerais/Rio de Janeiro/Espírito Santo (1,16 milhão).

Os dados são da (Abitrigo, que, pela primeira vez, calculou a produtividade das plantas, que, na média nacional, ficou em 75,9% no ano passado. Este é o percentual de farinha obtida do total de trigo processado. O melhor resultado verificou-se nos moinhos do Centro-Oeste/Minas Gerais/Rio de Janeiro/Espírito Santo (77,6%). Seguem-se, Norte/Nordeste (77%), Paraná (76,4%), São Paulo (76,3%) e Santa Catarina/Rio Grande do Sul (74,9%). “O aumento da produtividade mostra que os moinhos, apesar da crise econômica, seguem investindo em tecnologia e mantendo o seu quadro de recursos humanos”, enfatiza Rubens Barbosa.

Congresso

Os desafios da indústria moageira e da cadeia de valores estão na pauta do 26º Congresso Internacional da Indústria do Trigo, que a Abitrigo realizará, de 22 a 24 de setembro, no hotel Royal Palm Plaza, em Campinas, sob o tema central “Novas estratégias para um novo cenário”.

One Response

  1. Qual a maior dificuldade na produção do trigo.
    Não existem cultivar melhorada que possa ser plantada em temperaturas mais alta.

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