Negócios

Conab aponta cenário positivo para atividade agrícola

De acordo com o boletim de Indicadores da Agropecuária, elaborado pela Conab, de um modo geral, os ventos vem soprando positivamente para o setor. Estima-se um aumento de 9,5% na área de plantio de milho safrinha em comparação com a safra anterior. O bom volume de chuvas nos meses de fevereiro e março gera expectativa de boa pro- dutividade, cuja média esperada é de 6.573 kg/ha. Os preços praticados encontram-se acima dos custos de produção, o que também contribui para o incremento de área. O preço médio recebido pelos produtores no mês de junho variou entre 32,00 a 36,00/saca de 60 kg, dependendo da oferta de cada região. A colheita teve início ainda incipiente no mês de junho e deverá se estender até o mês de agosto.

O cultivo de soja tem sido considerado a melhor opção por parte dos produtores nas últi- mas safras. A área de plantio de soja ficou estimada em 1.574,9 mil ha, representando incremento de 4,4% sobre a área da safra anterior, devido às boas perspectivas de mercado e pelos excelentes resultados alcançados na safra 2017/18. A produtividade das lavouras de soja variou de acordo com a região de cultivo, o período de plantio e a variedade cultivada, sendo que a média do estado ficou em 3.222 kg/ha. A colheita ocorreu entre janeiro e abril, alcançando uma produção de 5.074,3 mil toneladas. No mês de junho o preço recebido pelo produtor variou entre R$ 72,00 e 76,00/ a saca de 60kg.

Cerca de 70% da soja brasileira já foi comercializada, e os embarques seguem de forma dinâmica. Logo, espera-se uma maior concorrência nos próximos meses entre as exportações e o mercado interno, o que poderá elevar as cotações do produto.

A produção mineira de café na safra 2019 está projetada em 26.445 mil sacas, sendo 26.120 mil sacas de café arábica e 324,6 mil sacas de café conilon, representando 52% da produ- ção nacional. Em comparação com a safra anterior, a redução de 20,7% na produção ocorreu em razão de fatores como bienalidade negativa e maturação desuniforme dos frutos, decorrentes de flo-ra- das extemporâneas, agravados pelo prolongado período sem chuvas e elevadas tempera-turas entre o final de dezembro/18 e todo o mês de janeiro, o que afetou negativamente a formação e enchimento dos frutos nas lavouras que foram submetidas a esta condição des-favorável. A colheita teve início no mês de abril, nas lavouras mais baixas e deve se estender até ou- tubro, ficando por último aquelas lavouras situadas em altitudes superiores.

O preço da saca do café no mês de junho apresentou recuperação no final da segunda quinzena, impulsionado pelas preocupações quanto ao clima no Brasil, quando as previsões apontavam para a chegada de frente fria oriunda de São Paulo, o que poderia afetar negativa- mente as lavouras de café no estado pela ocorrência de geadas. Apesar da reação dos preços, as médias ainda estiveram menores em comparação com a safra anterior. A estimativa de uma alta produção nacional e também em outros países produtores são os principais fatores de pressão sobre os preços de mercado.

Cenário econômico

Embora o objetivo da política monetária normalmente seja o de levar a estabilização do valor da moeda, isto é, a um índice de inflação próximo de zero, no caso do Brasil, em que se adota o regime de metas de inflação, este objetivo pode se tornar mesmo um problema. Poderia ser o caso da inflação de junho, divulgada pelo IBGE, que registrou uma alta do IPCA de apenas 0,01%. Contudo, com este resultado, e como o esperado, a inflação nos últimos 12 meses caiu de 4,66% para 3,37%, o que contribui para aproximar a inflação do centro da meta até o final do ano. Deve-se lembrar que essa queda significativa se deveu, além do baixo índice em junho, ao expurgo da série do elevado índice (1,26%) de junho de 2018, decorrente da greve dos caminhoneiros.

Embora o valor anualizado ainda esteja acima do limite inferior da meta de inflação (2,75%), já existe uma boa margem de manobra para o Comitê de Política Monetária-Copom flexibilizar a política monetária, reduzindo a Selic conforme o esperado pelo mercado, sobretudo com a percepção positiva quanto ao andamento da reforma da previdência no Congresso Nacional. Ademais, a responsabilidade do Banco Central, por meio das decisões do Copom, não é atingir a inflação mínima possível, e sim a mais próxima de 4,25%, que é centro da meta. É dessa maneira que a autoridade consegue ancorar as expectativas dos agentes econômicos, levando ao cumprimento pleno do seu mandato.

Analisando o comportamento dos grupos que compõem o IPCA, nunca é demais destacar a importância dos grupos “alimentação e bebidas” e “transportes”, pelo peso que estes têm no índice (43,66%) e, portanto, o impacto correspondente a esse peso. Observa-se que esses dois grupos passaram de “vilões” no início do ano para agora “mocinhos” da inflação. O grupo “alimentação e bebidas”, após uma redução de 0,56% em maio, tem agora uma nova queda de 0,25%, impactando a inflação do mês em -0,06 pontos percentuais. Já o grupo “transportes”, após uma pequena alta de 0,07% em maio, em junho já caiu 0,31%, também impactando o IPCA, em -0,06 pontos percentuais.

Quanto ao grupo “alimentação e bebidas”, de interesse mais próximo às atividades da Conab, os destaques ressaltados pelo IBGE foram, pelo lado dos itens que favoreceram a pressão inflacionária, o tomate, que havia caído 15,08% em maio e agora subiu 5,25%, e, principalmente, o item carnes, que em maio já tinha subido 0,25% e agora mais 0,47%. O preço do item carnes pode subir ainda mais, segundo análises da Conab, em virtude de manutenção da pressão compradora da China, que sofre com a disseminação da febre suína africana em seu rebanho.

Pelo lado dos fatores baixistas, o feijão-carioca que já vinha registrando redução em seus preços nos últimos dois meses, após alta significativa no início do ano, em junho voltou a cair 14,80%. Após o crescimento significativo da produção do feijão de cores, estimado em 43,1% na 2a safra e 17,4% na 3a safra, conforme divulgado no 10o Levantamento de Safra da Conab, os preços do produto podem contribuir ainda mais para futuras reduções do índice de preços do grupo. Também o item frutas reduziu os preços em 6,14%, acentuando as quedas que vinham sendo observadas nos dois últimos meses.

De uma forma ampla, o grupo “alimentação e bebidas” ainda cresce 2,89% no ano, contra 2,23% do IPCA, indicando que a inflação do grupo até aqui tem crescido mais que a observada no índice geral. Espera-se, assim, novos efeitos baixistas deste grupo, que inclui os produtos agrícolas, favorecendo o controle da inflação futura. A divulgação pela Conab de safra record, de 240,6 milhões de toneladas, a manter-se as condições presentes na safra de inverno, garantirá contribuições adicionais da agricultura tanto para o controle da inflação como para o nível da atividade econômica.

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