Pecuária

O desafio de combater o “peito amadeirado” em frangos de corte

A avicultura de corte é uma das atividades de maior crescimento no mundo. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a produção global de carne de frango deve girar em torno de 92 milhões/t, em 2019. No Brasil, a produção aproxima-se de 14 milhões/t/ano, com consumo per capita próximo de 45 kg/hab/ano. “O aumento da oferta é impulsionado pela alta demanda dos consumidores por produtos de qualidade e preços acessíveis”, explica Paulo Portilho, CEO da Auster Nutrição Animal. “E isso só é possível devido à evolução dos processos de melhoramento genético, nutrição, sanidade e manejo, tornando a atividade eficiente e competitiva em relação a outras proteínas de origem animal”, complementa o dirigente.

Rodrigo Braghim Slembarski, gerente de Mercado Aves de Corte da Auster destaca que “os frangos de corte produzem carne com maior eficiência e em menor tempo. “Um outro ponto importante a destacar é que as aves passaram por intenso processo de melhoramento genético, que permitiu a seleção com maior deposição de músculo no peito”, explica Slembarski.

Um desafio que ganha importância e está relacionado ao aumento da taxa de crescimento das aves é o aumento da incidência de miopatias no peito, como o peito amadeirado (woody breast), principalmente no músculo peitoral maior. Filés com a condição de peito amadeirado mostram evidências de aumento de massa muscular, degeneração das fibras, necrose, variabilidade do tamanho das fibras, infiltração lipídica, aumento da fibrose e células inflamatórias, ocasionando dureza e rigidez anormais à palpação no filé e aspecto geral negativo na qualidade da carne.

Rodrigo Slembarski destaca que a lesão do peito amadeirado pode ser observada facilmente e é classificada como normal, moderada e severa. “É considerado peito normal aquele que tem boa aparência com coloração e textura característica, não causando restrição em termos de aquisição do produto pelos consumidores”, diz.

Já na lesão moderada, “observa-se coloração mais pálida e aumento moderado da rigidez das fibras musculares, devido à deposição de tecido conjuntivo fibroso, podendo ter partes do músculo peitoral superior bem mais rígidas, ocasionando a condenação parcial do peito. E, na lesão severa, o peito apresenta coloração esbranquiçada, rigidez devido à alta deposição de colágeno”.

Considerando as condenações na linha de abate, o tema tem sido desafiador para as indústrias produtoras de frangos pesados, tendo em vista o descarte parcial e até total das carcaças. “Por conta do grande impacto no setor produtivo, o tema vem sendo tratado com atenção por pesquisadores, indústrias e produtores na tentativa de minimizar os efeitos decorrentes dessa lesão. Os geneticistas têm trabalhado na seleção genética para desenvolver animais com menor propensão à miopatia, porém este é um processo lento e complexo. Paralelamente, a nutrição trabalha com o intuito de minimizar a incidência do peito amadeirado, realizando pesquisas com diferentes níveis nutricionais de aminoácidos, vitaminas, minerais e aditivos, como por exemplo o uso de altas doses de fitase. Ou seja, a estratégia é utilizar ferramentas que nos auxiliam a reduzir a incidência e minimizar as perdas econômicas”, explica o gerente de Mercado Aves de Corte da Auster Nutrição Animal.

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