Negócios

Piscicultura ganha força no Sudoeste mineiro com frigorífico de peixe

Agora na Semana Santa, quando o consumo de peixes aumenta, em função de uma tradição Católica, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) destaca a instalação de um frigorífico de peixes, no município de Cássia, no Sudoeste mineiro. Batizado de Unidade de Beneficiamento de Peixes Fresco (UBP), o empreendimento é resultado de uma parceria entre a empresa, a prefeitura do município e Cooperativa dos Pescadores e Aquicultores do Médio Rio Grande (Coopamorg). A planta frigorífica tem capacidade de abate de 4.500 quilos de tilápia por dia. O projeto começou a ser idealizado há 15 anos e recebeu diversos recursos, entre eles, verbas estaduais e também de emendas parlamentares.

 

Ainda em fase experimental, a unidade reúne 35 piscicultores associados das cidades de Cássia, Passos, Ibiraci, Claraval e Delfinópolis e é o único frigorífico regional a ter o Certificado do Serviço de Inspeção Federal, o SIF. O selo permite a comercialização em outros estados e a exportação para outros países. “É importante que pescadores e piscicultores saibam que embora a unidade esteja localizada em Cássia, ela é regional. Isso significa que qualquer produtor, mesmo não sendo associado à cooperativa, pode ter o seu produto processado”, esclarece a extensionista da Emater-MG de Cássia, a engenheira agrônoma Franciele de Carvalho Andrade.

 

O gerente regional da Emater-MG de Passos e especialista em peixe, Frederico Ozanam, chama a atenção para o potencial de geração de renda e trabalho na região, onde predomina o cultivo de tilápia. “Existem em torno de 125 piscicultores nos 23 municípios da região de Passos. A região é beneficiada com grande volume de água doce, sendo Furnas 1.240 Km² e Peixoto 250 Km². São represas importantes para serem trabalhadas como fontes alternativas de renda e emprego e é isso que acontece. Estamos fomentando a diversificação de atividades, além da fruticultura”, afirmou.

Merenda escolar

 

De acordo com o especialista, embora a unidade não tenha alcançado o processamento diário ideal de tilápia, a expectativa é favorável. “Ainda não está sendo processado 500 quilos diários, devido ao fato da UBP ser recente e ainda faltar maior participação dos produtores. Acredito que logo vamos conseguir processar muito mais peixes, até pelo fato de a Vigilância Sanitária exigir inspeção dos produtos de piscicultores e pescadores”, disse.

 

Segundo Ozanam, a tilápia produzida pela UBP já faz parte do cardápio da merenda escolar de Cássia, mas para que outras prefeituras adotem também o pescado, será “necessário mostrar aos gestores públicos, os benefícios econômicos, nutricionais e sociais que este programa poderá trazer para todos”, enfatizou.

 

Para a Semana Santa, os produtores de Cássia trabalham com a expectativa de aumento de 20% no consumo de tilápia. O filé do peixe que, normalmente, sai em torno de R$ 22 o quilo em outros períodos do ano, durante a Páscoa, chega a ser comercializado por até R$ 32 o quilo. Mas, segundo o gerente Frederico Ozanam o mercado precisa ser visto no longo prazo e alerta: “A tilápia é um dos pescados mais baratos, mas tem bom retorno econômico. É um peixe resistente; adapta bem ao nosso manejo. Não à toa é um dos peixes mais cultivados não só no Brasil, mas no mundo. Por isso, orientamos os produtores a não pensar somente neste período. Temos de ter o mercado organizado durante todo o ano. Lógico que agora a demanda aumenta”, afirma.

 

Crescimento

 

O Brasil produziu 722.560 toneladas de peixes de cultivo em 2018, com crescimento de 4,5% sobre as 691.700 toneladas do ano anterior. Os dados são do levantamento nacional da Associação Brasileira da Piscicultura (PEIXE BR), entidade de âmbito nacional que reúne empresas de todos os segmentos da cadeia produtiva, além de entidades de classe regionais.

 

O estudo apontou que o País produziu 400.280 toneladas de tilápia em 2018, com crescimento de 11,9% em relação ao ano anterior (357.639 t). Com esse desempenho, a espécie representa 55,4% da produção total de peixes de cultivo (era de 51,7% em 2017). O Brasil mantém a 4ª posição mundial de Tilápia, atrás China, Indonésia e Egito, à frente de Filipinas e Tailândia, que também têm expressiva participação no cenário global. A produção no país cresceu bem acima da oferta de peixes de cultivo como um todo, confirmando que a espécie se adapta perfeitamente bem a todos os estados.

 

Já Minas Gerais produziu 33.150 toneladas de peixes de cultivo em 2018, sendo que 90% desse total são de tilápia. Muitas delas criadas em tanques-rede. Segundo o Anuário Peixe BR-2019, esse resultado mineiro é 14,3% superior ao volume do ano anterior, o que confirma a pujança da piscicultura no Estado e a maior participação na produção da região do Triângulo Mineiro, que também tem várias formações de lagos de hidrelétricas a exemplo do Sudoeste de Minas. Esse crescimento levou à maior oferta do peixe no segundo semestre de 2018, com queda nos preços para o consumidor final.

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