Pecuária

Brahman – uma opção de peso

Esse é o potencial que o Brahman está somando ao rebanho de corte nacional. Depois da liberação das importações da raça, em 1994, o País vive o boom da raça, garantindo, em termos percentuais, a liderança em crescimento. Trazido pelas mãos de pecuaristas evoluídos em melhoramento genético, o gado passa por uma fase de expansão, com significativas conquistas na bovinocultura brasileira – o esforço para a autorização das importações teve como pivôs os criadores Rubico Carvalho e Manuel Garcia Cid, em conjunto com a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu e a ABBA norte-americana. Com 32 criadores e um plantel de 1.500 cabeças – no final de 1999, serão algo em torno de 3.000 animais registrados -, 80% do rebanho de Brahman concentra-se em Minas Gerais, apenas em função das primeiras fazendas importadoras estarem situadas nesse Estado.

O grande impulso para a expansão do gado está diretamente associado á inseminação artificial e transferência de embriões. Desde que entrou no País, as centrais de sêmen exercem uma significativa atuação para a multiplicação da raça. De 1994 a 1997, a venda de material genético do Brahman saltou de 9.400 doses para 46.186, segundo dados oficiais da ASBIA. Apesar de ser recente no Brasil, os indicadores apontam para um futuro otimista. A raça tem sido pouco promovida na mídia e, mesmo assim, tem alcançado uma aceitação invejável, diz o presidente da Associação Brasileira dos criadores de Brahman (ABCB), Antônio José Prata Carvalho.

Desde o ano passado, a entidade, por meio da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), instituiu os registros em Livro Aberto (LA). A somatória constou de 380 animais, que, em 1999, devem totalizar mais de 1.000 fêmeas. Na opinião de Antonio José, daqui para frente, a tendência é aumentar as importações de sêmen e eventualmente de embriões. Já contamos com um excelente material genético e temos de cruzar com os melhores reprodutores do planeta, ressalta, lembrando que, em cinco anos, o Brasil comprou lá fora aproximadamente 500 animais.

O caráter universal do Brahman representa um dos aspectos mais favoráveis á sua utilização nos cruzamentos industriais. Segundo o presidente da entidade, trata-se de uma característica que permite a troca mútua de genética com todas as demais raças. Ou seja, além de ser um excelente doador de suas qualidades o gado também possui aptidão de receber o melhor do que há em outros animais. Não é á toa que um grande número de gado de corte tem no Brahman a base de sua formação. Caso do Santa Gertrudis, com trabalho sobre o Shorthorn; do Beefmaster, sobre o Hereford, com o Hereford; do Charbray, sobre o Charolez; e do Simbrah, com o Simental. Assim, 1/3 das cabeças de abate nos Estados Unidos, maior mercado internacional de carne, constitui-se com sangue Brahman, o que mostra a influência da raça no abastecimento da chamada proteína vermelha. Essa é o papel do Brahman. Ser melhorador nos cruzamentos que participa, ressalta Antonio José.

A vez do Brasil

Para isso, a raça apresenta eficiência em reprodução. Enquanto o macho oferece alta performance na cobertura a pasto, a fêmea tem facilidade para emprenhar, pari em locais frios, temperados, quentes e desérticos, sem contar de sua aptidão leiteira. Para se ter uma idéia, do momento que começa a preparar o desmame, a vaca inicia sua fase para emprenhar, garantido uma diferença entre partos extremamente curta. O motivo de tal desempenho encontra-se na formação do gado. O Brahman é fruto da combinação de quatro raças indianas, aprimorado nas planícies costeiras dos EUA, mais especificamente entre os rios Mississipi e Grande. Uma composição que partiu do trabalho entre Guzerá, Gir e Nelore, chegando ao Krishna Valley, desenvolvimento no final do século passado. No produto desse cruzamento, colocou-se o Indubrasil, que proporcionou o acabamento da raça, atingindo o que se tem, hoje, como o Brahman. De acordo com o diretor Executivo da ABCB, Luiz Márcio Ferreira de Carvalho, trata-se do zebu mais zebu do mundo. Assim, temos animais de pasto, não de pista. E quem julga a eficiência do Brahman é o criador, que consegue maior produção de carne no rebanho, e o consumidor, que degusta uma carne mais saborosa.

Mesmo com o atraso do Brasil em adotar o Brahman em seus campos, Luiz Márcio acredita que ainda há tempo para o País correr atrás de uma conversão alimentar a pasto. Segundo ele, em 50 anos, a população mundial passará dos atuais seis bilhões de pessoas para algo em torno de 11 bilhões, o que exigirá maior produção de carne via capim. O grão, hoje consumido pelos animais, deverá ter uma participação mais ativa na dieta dos seres humanos. Esse será o lugar do Brasil, que, em função das extensões territoriais, será um dos principais fornecedores dessa carne.

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