Pecuária

É hora de multiplicar o rebanho!

Raças em expansão como a Blonde D´Aquitaine tem na transferência de embriões um dos melhores caminhos para a multiplicação da qualidade. A popularização da técnica vem permitindo um uso bem mais intenso e eficaz dos animais realmente melhoradores, fazendo com que os produtos de exceção estejam facilmente nas mãos dos criadores, dos tradicionais aos iniciantes. “A T.E. não é mais o bicho – papão de alguns anos atrás. A evolução é clara. As modernas técnicas de reprodução animal utilizadas no mundo todo também estão aqui no Brasil e a oferta de centrais e de profissionais que fazem este tipo de serviço é grande crescente”, alega o criador Horácio Nascimento, titular da Fazenda São Bento, em Barretos, SP. Para ele, não há risco de proliferação desmedida de material genético de animais que não justificariam o emprego da técnica por não serem comprovadamente melhoradores, já que o próprio mercado fará a seleção dos mais competentes: ” Os aspectos seriedade é determinante ao sucesso das empresas e dos profissionais dessa atividade”, complementa. Atenta a isso, a Associação Brasileira tem orientado sempre seus criadores associados para que a T.E. não se torne atividade multiplicadora de rebanhos indiscriminadamente, mas apenas explorar fêmeas que desmamem animais pesados, fêmeas premiadas e de fenotipo e genotipo esperados na produção de animais precoces, produtores de carne diferenciada pela maciez, sabor, baixo colesterol, coloração e sobretudo pelo valor comercial. ” Tudo isso,para que a T.E. possa ser uma ferramenta a mais na seleção de animais pro qualidade”. O grande gargalo vem sendo a escolha de vacas receptoras. Nesse aspecto, os índices encontrados ( transferência x prenhez positiva) vem apontando para a fêmea F – 1 da cruza Simental com vaca Nelore. A Sembra vem desenvolvendo uma tecnologia que visa obter de qualquer vaca sadia uma receptora em potencial. ” Acreditamos que isso será o `ovo de colombo´ da atividade”. Mesmo com a temporada de importação fechada pro algum tempo, as doses de sêmen em estoque no Brasil permitiram aumento significativo de novos criadores e do próprio rebanho de puros. O custo dessa atividade também diminuiu bastante, ajudando na sua popularização.

T.E. é boa parceira

Proprietário da Estância Bandeirantes, no município de Mariápolis, SP, região de Presidente Prudente, Wiulson Dosso ingressou na raça em 94 e logo buscou apoio na importação de sêmen e de embriões para acelerar a multiplicação do rebanho. Inicialmente, Wilson importou da França sete novilhas da raça, que se somaram pouco tempo depois a um novo grupo de novilhas importadas da França e dos Estados Unidos, além de algumas vacas e novilhas compradas de criadores brasileiros. A etapa posterior foi aperfeiçoar o plantel de doadoras de embriões, o que exigiu um acompanhamento bastante meticuloso. ” Desde o início da criação achamos que a transferência de embriões é a única maneira de conseguir um plantel de excelência rapidamente”. Atualmente o plantel é composto por 70 animais puros, números que seria maior não fosse a comercialização da primeira geração de animais de raça, ocorrida em 1997. Comercializados com a qualidade do trabalho realizado com a T. E. e é a consequência direta de um investimento bem estudo”, avalia. Neste ano já foram vendidos alguns indivíduos da segunda geração e a média dos preços obtidos se manteve estável.

Rapidez garantida

Se a qualidade é obtida com rigor na seleção e muita seriedade, a aceleração do processo de desenvolvimento genético de um rebanho só é possível através da T.E. Quem comprova isso é o criador Luiz Carlos Henke Carrano, proprietário da Fazenda Centennial, em Amparo, SP. Seu trabalho com o Blonde começou em 96, quando estava procurando uma raça para fazer o tricross com meio sangue Simental. Carrano conta que não tinha a intenção de criar raça pura, mas, surpreendido pela qualidade dos animais adquiridos, acabou mudando de idéia antes mesmo de iniciar o cruzamento industrial. Com isso, o titular da Centennial pretende chegar no ano 2000, a uma produção de 400 animais nascidos/ano em sua fazenda, sendo 95% por transferência de embriões. ” Fiz essa opção, porque a raça é nova, oferece rentabilidade e deve conduzir o trabalho da fazenda daqui para frente.”

Este mês, começam a nascer os primeiros bezerros da Centennial fruto de transferência de embriões. Para o trabalho na fazenda, o criador utiliza 52 matrizes doadoras e cerca de 400 receptoras. Para tanto, criou uma central de transferência de embriões, que, além do serviço na propriedade, oferece o trabalho a terceiros. São feitas cerca de 20 a 25 coletas/mês, numa média de 7,5 embriões/animal. De acordo com Carrano, o Brasil apresenta deficiência muito grande na oferta de touros. E é aí que a Centennial vai atuar, num trabalho de suprir parte dessa carência e proporcionar o melhoramento genético. Segundo ele, hoje em dia, é fundamental a boa conversão alimentar. ” O Blonde produz muito mais do que come. O único problema é que não tem quantidade suficiente de animais à venda. Há um tremendo espaço a ser explorado.”

Trabalho é vitrine

A estratégia de marketing da Centennial é bastante clara: mostrar na prática o resultado de um bom trabalho de cruzamento utilizando animais da raça Blonde. No cruzamento Blonde x Nelore, Carrano vem conseguindo rendimento de carcaça de 57%, de acordo com controle que ele faz em açougue próprio, localizado em Amparo, onde, numa experiência, após a desossa, o cruzamento com Blonde apresentou rendimento de 7% a mais que o Nelore de mesmo peso inicial. O responsável por esse desempenho, segundo ele, é a ossatura fina e a quase ausência de sebo no Blonde. ” Além disso, qualquer parte do Blonde tem a maciez de um filé mignon”, garante, ressaltando que, enquanto um lagarto em cruzamento industrial pesa quase 3Kg, o do Blonde chega a até 4Kg. “As peças são maiores.”

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